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30/04/2012

Thick as a Brick 2 – Gerald Bostock Ficou Velho Demais Para o Rock And Roll

Ian Anderson - Thick As A Brick 2 – What Happened To Gerald Bostock? (2012)
Luiz Carlos Barata Cichetto


Há quarenta anos, um dos maiores discos da história do Rock era lançado. Nessa época, Ian Anderson tinha vinte e poucos anos e um alter-ego de oito considerado um prodígio. O Rock era prodigio também, em 1972, um adolescente de menos de vinte anos. Agora tanto o Rock quanto Ian estão um tanto mais maduros, passaram dos cinquenta um, e sessenta o outro.  Há quarenta anos, Little Milton, ou Gerald Bostock ou Ian Anderson ou o Jethro, falavam sobre a odisséia do ser humano, crescendo, envelhecendo, sobre o que seria a visão de uma criança sobre a velhice, a maturidade e a sabedoria.... Bla, bla,bla... Ah, então...

Antes de começar a escutar Thick as a Brick 2 sabia que não ia gostar... Ortodoxo? Possivelmente! Achando que era um golpe de Marketing? Provavelmente! Quando li a listagem das musicas, 17 em lugar de apenas um dividida em duas partes, a desconfiança aumentou. E, não, não era um disco do Jethro Tull. Era um disco de Ian Anderson... Mas, os discos do JT sempre foram de fato discos de Ian, dirão alguns... Sim, é fato, até certo ponto, sim. Mas o que estaria tramando o gnomo agnóstico escocês??? Na época da primeira encarnação de Little Milton, Ian ainda tinha longos cabelos, pouco dinheiro e uma usina criativa dentro da cabeça... Agora, os cabelos sumiram e sua conta bancária aumentou muito, tanto pelos milhões de discos vendidos, quanto como o maior produtor de salmão da Escócia... 

Mas, e como andaria a usina criativa??? Bostock não é mais um garoto, tem quase cinqüenta anos... Mas seria ainda um prodígio? Como estaria encarando ficar "velho demais para o Rock'n'Roll e jovem demais para morrer"? Seria isso, velho demais para ser prodígio? Jovem demais para ser sábio? Hein??? Os sábios ainda, depois de tanto tempo ainda não saberiam o que é ser "burro feito uma porta"? E os poetas, tão desacreditados e debilitados nos dias que correm, ainda ergueriam suas canetas feito espadas?

Em 1972, a odisséia de Bostock era noticia de jornal, e agora, quando o papel deu lugar aos bytes, o St.Cleve Chronicle virou o St. Cleve.com.. E a manchete é a pergunta que muitos de nós, que acompanhamos o crescimento, que vimos Little Milton se transformar em adulto, tínhamos em mente: "O que aconteceu com Gerald Bostock?" Estaria ele, feito aquele que o criou, milionário? Seria ainda um gênio? Poderia ainda criar outro épico perfeito?

E enquanto apertava o "play" dando inicio a primeira audição de "Thick As a Brick 2" comecei a escrever. Não numa Olivetti Valentine como fizera com a letra da primeira encarnação, mas no computador. Estamos todos modernos, Gerald! Queria que as impressões e as emoções do disco penetrassem em mim conjuntamente, que fosse a primeira audição aquela que ensejasse meu texto. E a abertura era a uma repetição dos acordes finais do primeiro. Hummm, sei... Nada mal... Ah, mas é uma continuação... “Ah, deixa de ser ortodoxo... Chato, seu ranzinza”. Os tempos mudaram. A flauta está li, em muitas das faixas, sim... A marca de Ian. O menestrel ainda está na galeria, sim. Ah, sim, “Mas não tem aquela coisa paranóica, vibrante, tensa...?” Não, não tem!  “O que temos então?”

O que temos é um disco nostálgico, cheios de referências à música dos anos 70, com todos os elementos conhecidos e esperados: arranjos acústicos, baladas, rock básico, folk, a flauta mágica de Ian Anderson... Todos os elementos que fizeram a sopa deliciosa do progressivo, o caldo maravilhoso que nos nutriu a alma... Mas falta algo... Onde está o sal? Onde está a pimenta? Onde está o ácido??? Ácido na sopa??  Hein?

“Ah, deixe de levar as coisas tão á sério, estamos em 2012 e não em 1972”, sei que dirão alguns. “Você é quem está velho... Para o Rock'n'Roll. Vai jogar dominó”, dirão outros. Eu estou velho demais para morrer e jovem demais para o Rock'n'Roll... Sim, não que eu diga que Ian Anderson deveria ir pescar salmões, coisa que ele faz bem, mas Thick as A Brick 2 é, em minha opinião, a de quem sempre considerou Ian Anderson um dos maiores e mais criativos músicos da história do Rock, uma espécie de colcha de retalhos de tudo que o Tull fez, hora soando como "A", hora como "Stormwatch", outras como "Songs From The Wood" ou "Heavy Horses". E em alguns momentos até mesmo como o genial "Thick as a Brick"... Soa apenas como velhas canções do Jethro Tull recicladas. Mas, não, não tem a força, o carisma, e principalmente a criatividade do original. Um bom disco, apenas. E os sábios ainda continuam não sabendo o que é ser burro feito uma porta...

E sendo bem cruel com Ian Anderson, mas verdadeiro comigo e fiel ao espírito santo do Rock: ainda bem que ele não lançou esse disco como sendo de Jethro Tull, mas como disco solo. Assim mantemos imaculada a imagem de uma das mais espetaculares e criativas bandas da história do Rock. Os tempos mudaram e parece que a coragem de criar coisas novas também. E comercialmente é muito mais palatável criar um disco divididinho em várias canções curtas e blá-bla-blá....Nada de correr riscos... "Seu pão e água esfriando, seu cabelo é curto e impecável”. Little Milton deixou uma armadilha embutida dentro de sua primeira obra, que o próprio Ian não percebeu: “Eu os julgarei a todos e terei certeza de que ninguém me julgará / Você torce seus dedões dos pés de brincadeira enquanto sorri a todos / Você conhece os olhares fixos, não imagina que suas tarefas ainda não acabaram"

Agora, eu pergunto: Quem irá “cantar sobre os perdedores/ Que vivem na rua enquanto o último ônibus passa”??? Estamos em um mundo onde “As calçadas estão vazias, nas sarjetas escorre o vermelho / Enquanto os tolos brindam seu deus no céu?”.. 

E antes que aqueles de sempre falem, adianto: não, não é “pecado” ter dinheiro, não é errado enriquecer fazendo musica ou criando salmões. O erro e o pecado não estão no dinheiro. Pecado é o comodismo e a falta de coragem, no fundo a mesma coisa, que o dinheiro trás. 

01. From A Pebble Thrown
02. Pebbles (Instrumental)
03. Might-have-beens
04. Upper Sixth Loan Shark
05. Banker Bets, Banker Wins
06. Swing It Far
07. Adrift And Dumfounded
08. Old School Song
09. Wootton Basset Town
10. Power And Spirit
11. Give Till It Hurts
12. Cosy Corner
13. Shunt And Shuffle
14. A Change Of Horses
15. Confessional
16. Kismet In Suburbia
17. What-ifs, Maybes And Might-have-beens

Lineup:

Ian Anderson – Vocal / Flauta / Violão
John O’Hara – Hammond / Piano / Teclado
David Goodier – Baixo
Florian Opahle – Guitarra
Scott Hammond – Bateria

29/04/2012

27/04/2012

Christa Päffgen ou Um Vulcão Chamado Nico

Christa Päffgen ou Um Vulcão Chamado Nico
Luiz Carlos Barata Cichetto

Começo essa história pelo fim. Em 11 de Abril de 1986, em Tokyo, Japão, com a melhor interpretação já feita da música "The End" do The Doors, por uma alemã chamada Christa Päffgen. Ou simplesmente Nico. E continuo com o fim, em Ibiza dois anos depois, em 18 de Julho de 1988, por falta de atendimento médico adequado, de hemorragia cerebral.

Nico era um ícone (“icon”, em inglês), num anagrama sacado por Andy Warhol. Feminina, linda e dona de uma voz grave que penetra fundo, perturba, cutuca e fere. Mas Warhol errou, Nico não era um ícone, era um uma fonte, um vulcão, uma fonte de lavas que escorriam pelas calçadas e até os bueiros mais escuros de Nova York, Londres, Paris; um vulcão gerador do caos, um vulcão cujas lavas solidificadas geram montanhas, colinas...

Christa Päffgen nasceu a 16 de outubro de 1938, em Köln, na Alemanha. Mas Nico não nasceu, jorrou das entranhas da Terra feito a lava de um vulcão, que brota e se esparrama queimando o que encontra em seu caminho. E queimou a muitos: Andy Warhol, Alain Delon, Lou Reed, John Cale, Bob Dylan, Brian Jones, Paul Morrissey, Jim Morrison, Jackson Browne, Tim Buckley, Iggy Pop… Nico queimou a todos e todos queimaram por ela.

Aos 13 anos Nico abandonou a escola e começou a esparramar suas lavas fumegantes, primeiramente trabalhando como modelo, para revistas de moda como a Vogue. Depois como atriz aparecendo em pequenas participações em filmes de diretores como Alberto Lattuada, Rudolph Maté e Fellini, decerto encantados com aquele Vulcão de beleza e sensualidade. Em 1962 Alain Delon também queimou nas lavas fumegantes de Nico e tiveram uma criança de nome Ari. Em 1963 o Vulcão Nico reina, ao ganhar o papel principal e gravar a musica tema do filme "Strip-Tease", do diretor Jacques Poitrenaud, produzido por Serge Gainsbourg.

Em Londres de 1965 foi a vez do guitarrista do Rolling Stones Brian Jones conhecer o Vulcão e gravar com ela "I'm Not Sayin'". Logo em seguida Paris a apresentaria a Bob Dylan que mais tarde escreveria a música "I'll Keep It With Mine" para ela.

E Andy Warhol e Paul Morrissey conheceram o Vulcão Nico e a colocaram a jorrar suas lavas de sensualidade e talento em seus filmes experimentais, "Chelsea Girls", "The Closet", "Sunset" e "Imitation of Christ".  Warhol deu ao Vulcão o nome de Nico e a colocou no centro do underground nova-iorquino com seu projeto "Exploding Plastic Inevitable", um show experimental e alternativo que misturava música, filme, dança e pop art. O Velvet Underground que passaria a ser: "& Nico" e ela fez o vocal principal em três músicas ("Femme Fatale", "All Tomorrow's Parties" e "I'll Be Your Mirror") e  o backing vocal em "Sunday Morning" no álbum de estréia da banda, lançado no ano de 1967, fundamental para a história do Rock.

O Vulcão a cada ímpeto jorrava a lava fervente de suas entranhas e é claro que isso incomodava àqueles em suas encostas. E Nico foi brilhar sozinha, lançando a partir daí e pelos próximos 20 anos, discos com a qualidade gerada por sua energia vital. Afinal, Nico era o Vulcão. O gênio John Cale esteve particularmente envolvido nas músicas de Nico, produzindo, fazendo arranjos e tocando nas gravações em vários de seus discos.

E durante muitos anos o Vulcão jorrou intensamente sua lava e ela participou de inúmeros filmes e gravou muitos discos. Sempre a presença do cigarro, as mãos trêmulas, e os olhos sempre a procura de algo. Olhos depois escondidos por óculos escuros... O jorro ainda era intenso, mas a força e a intensidade daquele vulcão estava debilitada pela heroína e por suas experiências traumáticas de guerra durante a infância... E principalmente por ter gerado tanto calor e tanta luz, que fizeram com que ela se esgotasse completamente em Ibiza em 1988.

Nico teve um ataque cardíaco enquanto andava de bicicleta e, na queda, bateu a cabeça. Nenhum hospital quis atender uma mulher que usava aquelas detestáveis roupas hippies de lã para disfarçar uma aparência deteriorada...

E o Vulcão silenciou, esvaiu, extinguiu ou adormeceu?... Mas ainda podemos, das profundezas da Terra escutar suas canções, naquela voz grave... E o Vulcão Nico ainda jorra, ainda queima, ainda arde, ainda é bela, ainda... É um Vulcão!


27/04/2012

26/04/2012

John é Um Gênio


John é Um Gênio
Luiz Carlos Barata Cichetto




Existem centenas e centenas de postulantes a gênio, mas poucos, muito poucos podem realmente ter assegurado tal titulo. Entre eles, decerto encontra-se um galês de nome John Davies Cale, (Garnant, 9 de março de 1942). E antes que pedras comecem de rolar em minha direção, é mister que eu defina o termo: gênio é uma pessoa com uma capacidade de criação acima do comum, alguém que com seu trabalho ou idéias mudou ou fez a história, ou teria mudado e feito acaso fatores independentes de sua genialidade não o impedissem. E é nesses quesitos que enquadro John Cale dentro da mesma categoria de gênio em que coloco Frank Zappa, Nicola Testa, Syd Barrett, Leonardo Da Vinci, Jimi Hendrix e mais uns dois ou três. Muitos dos gênios não são ou não ficam conhecidos por sua genialidade porque estavam de alguma forma exercendo sua genialidade em hora errada, no lugar errado, ou pior ainda, junto à pessoas erradas. Caso específico de Syd Barrett e John Cale. Syd foi chutado do Pink Floyd não por causa de sua loucura, pois afinal ali, ninguém absolutamente poderia ser considerado normal, e ninguém se importava se ele passava bolachas por baixo da porta da namorada ou tocava uma nota só. O que importava é que sua genialidade incomodava os planos pretensiosos e egocêntricos de Roger Waters.

E quase o mesmo aconteceu com John Cale, que até conhecer a turma do Vervet Underground tinha estudado composição moderna no Conservatório Eastman integrado o grupo de música de vanguarda Dream Syndicate e participado de um recital de piano que durou 18 horas, juntamente com o músico John Cage. Em 1964 conheceu Lou Reed e juntamente com o guitarrista Sterling Morrison fundaram no mesmo ano o Velvet Underground. Cale era o responsável pelo tipo de som produzido pelo grupo, introduzindo elementos experimentais e tocando baixo, viola e teclados, além de compor algumas das canções, como Heroin, Venus In Furs, White Light / White Heat, Femme Fatale e I’m Waiting for The Man. Nico era a gostosa que cantava e Lou Reed tinha pretensões a líder e começou a criar dificuldades com Cale, até que em 1968, ele decide deixar o conjunto. O Velvet Undeground continuou até 1973, mas sem a sem o lado experimental que a genialidade que Cale proporcionava, passou a ser apenas mais um grupo de Rock igual a qualquer outro. Basta que escutem e prestem atenção aos discos da banda: The Velvet Underground and Nico (1967) e White Light/White Heat (1968) tem a participação de Cale, os demais não, sendo que Reed assume todas as composições e a liderança da banda. Nico participara apenas no primeiro disco.

Cale então passou a dedicar-se à produção de discos, tendo trabalhado com Nico, ex-vocalista dos The Velvet Underground, e em dois álbuns com os Stooges de Iggy Pop. Em 1970, iniciou carreira a solo com o álbum Vintage Violence, um trabalho pouco experimental que incluía canções de estilo tradicional. Seu disco seguinte, Church of Anthrax, quase todo instrumental, entretanto mostrou-se mais radical, resultado da colaboração com o compositor minimalista Terry Riley. Até o final da década de 70, o som de Cale aproximou-se cada vez mais do Rock básico e paralelamente continuava a produzir trabalhos de outros artistas, como Nico, Patti Smith e os Squeeze.

Em 1974 lança o que seria a grande obra-prima de sua carreira solo: Fear. Neste disco, mantendo a originalidade do som do Velvet Undeground., John Cale prova que foi ele o responsável pela criação de um dos grupos mais influentes da música contemporânea e faz de "Fear" é um dos discos mais impressionantes da história do Rock em todos os tempos.

A partir de meados da década de 80 a produção de Cale diminuiu bastante com ele se dedicando mais a colaborações com outros músicos, sendo uma das mais significativas a parceria com Brian Eno, que resultou no álbum Wrong Way Up, de 1990. Nesse mesmo ano, Cale voltou a trabalhar com Lou Reed e gravaram Songs for Drella, um álbum de homenagem póstuma a Andy Warhol, um dos mentores dos The Velvet Underground. O trabalho foi bem aceito pela crítica e pelo público e levou a uma volta do Velvet Underground, em 1993, que gerou uma turnê pela Europa e um disco ao vivo. Mas, mais uma vez, a rivalidade entre Cale e Reed veio á tona e voltaram a separar-se.

Cale voltou a trabalhar em sua carreira solo e na criação de trilhas sonoras de filmes, como por exemplo,  "I Shot Andy Warhol", de 1995, e "Basquiat", de 1996. Já em 1998, lançou o CD Nico, um álbum de homenagem à recém falecida antiga vocalista do Velvet Underground. Posteriormente compôs outra trilha sonora para o cinema, Le Vent De La Nuit. O regresso aos trabalhos originais de estúdio, aconteceria apenas em 2003, com o disco "HoboSapiens", revelando o seu melhor estilo iconoclasta, energético e inovador, utilizando-se de diversos samples, uma marca na nova etapa no som do genial John Cale.

O presente texto sobre John Cale foi criado por uma trilha sonora quase paranóica, com a repetição continua de uma única musica, "Venus In Furs", em suas inúmeras encarnações. Aliás, foi essa música, uma das mais belas, fortes e instigantes musicas da história do Rock, que deflagrou a necessidade de falar sobre John Cale.

(Venus In Furs)
John Cale

Vênus em Peles

Brilhantes, brilhantes, brilhantes botas de couro
Garotinha açoitada no escuro
Vem ao sinal do sino, seu servo, não o abondone
Golpeie, querida senhora, e cure o coração dele
Pecados aveludados das fantasias da rua
Caçe as roupas que ela deverá vestir
Peles de arminho adorna a soberba
Severin, Severin o aguarda lá
Eu estou cansado, eu estou exausto
Eu poderia dormir por mil anos
Mil sonhos que iriam me acordar
Cores diferentes feitas de lágrimas
Beije a bota de brilhante, brilhante couro
Brilhante couro no escuro
A língua da correia, o cinto que o aguarda
Golpeie, querida senhora, e curo o coração dele
Severin, Severin, fala tão superficialmente
Severin, fique de joelhos
Sinta o chicote, em amor não dado levemente
Sinta o chicote, agora implore por mim
Eu estou cansado, eu estou exausto
Eu poderia dormir por mil anos
Mil sonhos que iriam me acordar
Cores diferentes feitas de lágrimas
Brilhantes, brilhantes, brilhantes botas de couro
Garotinha açoitado no escuro
Severin, seu servo, por favor não o abandone
Golpeie, querida senhora, e cure o coração dele.


26/04/2012

25/04/2012

Loyce o Os Gnomos - Lisérgico, Hard, Distorcido


Loyce o Os Gnomos
O Despertar dos Mágicos - Compacto Duplo - 1969
Luiz Carlos "Barata" Cichetto

Uma das coisas mais barulhentas, sujas, cruas e psicodélicas dos primórdios da história do Rock Brasil, com certeza tem um nome: “Loyce o Os Gnomos”. Pouquíssimas informações são encontradas sobre o conjunto, mesmo assim desencontradas. Mas, peneirando o material encontrado ali e acolá, na Internet, chegamos ao seguinte: os nomes dos integrantes eram: Loyce, Massaro, Fael (Raphael, o guitarrista), Nilo e Padulla. Algumas fontes falam que eram da cidade de Ribeirão Preto, mas o mais certo é que seriam de Limeira, também no interior de São Paulo. Nada além disso. Alguns comentários em um vídeo postado no You Tube dão uma pista de que hoje os músicos estejam afastados totalmente do ambiente musical.

Em 1969 lançaram um único registro, um compacto duplo, que tinha o titulo de "O Despertar dos Mágicos", por uma gravadora chamada Do-Re-Mi. A sonoridade que encontramos nas músicas é um raivoso Garage Rock, com muita distorção, microfonia, e uma faixa de puro Heavy: "Que é Isso". Certamente são uma das cosias mais raras e criativas do Rock Brasileiro. O nome do disco claramente inspirado no livro homônimo da dupla Louis Pauwels e Jacques Bergier, que na época era leitura obrigatória a Hippies e Freaks e é considerada uma das maiores obras do Realismo Fantástico. Na contracapa do compacto, além de informações técnicas um texto de agradecimento que inclui Tom Zé.

O compacto foi relançado pela Valeverde Records, em edição limitada e numerada de 500 cópias, vendidas a 12 dólares e algumas das musicas constam da coletânea "Brazilian Guitar Fuzz Bananas: Tropicalista Psychedelic Masterpieces 1967-1976", organizada por Joel Stones, brasileiro dono de uma loja em Nova York, especializada em raridades da nossa era lisérgica.

Músicas do Compacto Duplo:
1.1 - Era Uma Nota de 50 Cruzeiros
1.2 - José João ou João José
2.1 - Que é Isso?
2.2 - A Jardelina Querida ou Coletivo



24/04/2012

Rockbitch: Sexo e Rock Debaixo da Saia da Rainha


Rockbitch: Sexo e Rock Debaixo da Saia da Rainha
Luiz Carlos "Barata Cichetto


A Rockbitch foi decerto uma das bandas mais chocantes e escandalosas da história do Rock. Tão chocante e escandalosa que terminou por pressão da própria Interpol Inglesa que não via com bons olhos, nem ouvia com bons ouvidos literalmente, as estripulias eróticas das inglesas no palco ou fora dele, bem debaixo da saia da Rainha. 

Formada por um grupo de músicos do sexo feminino a partir de uma comunidade de sexo composta de muitas pessoas além dos integrantes da banda. Nessa comunidade, que tinha apenas três membros do sexo masculino, todas as mulheres eram lésbicas ou bissexuais e não havia casais monogâmicos exclusivos. Baseada na França desde 1998 a comunidade era o sonho de Amanda de criar uma comuna feminista baseada no sistema matriarcal-tribal onde as mulheres podiam explorar a sua sexualidade e psique. A maior parte delas, incluindo a líder Amanda, era de expatriadas inglesas.

“Inicialmente a banda foi usada como órgão de recrutamento para essa comunidade, até que um número expressivo foi alcançado. Em seguida, começou verdadeiramente o processo interno, particular da descoberta, crescimento e inspiração que levam à expressão pública externa que viria a se tornar a face esotérica desse estilo de vida", afirma Amanda. Segundo perspectiva própria, a Rockbitch expressava um estilo de vida pagão, pró-sexo, utópico-feminista, um míssil retórico que usa da musica como interface de um ritual de sexo. "Besteira pretensiosa, plano de marketing, ou a verdade?", Pergunta a fundadora e lider da banda, a baixista Amanda, autodenominada "The Bitch", ou seja "A Cadela".

A Rockbitch foi formada em 1992 com o nome de Red Abyss pela baixista Amanda. Ainda em 1992 lançaram um disco "Luci's Love Child". Mudaram o nome para Rockbitch quando o único integrante homem da banda foi substituído por Jo. Musicalmente, a banda sofre influencias diversas como o Jazz, o Funk e o Rock. A cantora Julie, por exemplo, afirmava ser fortemente influenciada por Janis Joplin. Em 2000, a guitarrista original, Tony, conhecida por "The Beast" sai e em seu lugar entra Alexandra ("The Babe").


Os espetáculos da Rockbitch eram marcadas por performances eróticas explicitas, com as integrantes nuas ou seminuas fazendo sexo oral, urinando umas nas outras, enquanto a banda tocava um Rock frenético que misturava gêneros que iam do Rock mais fundamental ao Metal, passando pelo Punk. 

Além das encenações durante os shows, elas criaram o "The Golden Condom" uma espécie de "Oscar do Sexo", onde, em determinado ponto do show, convidavam alguns espectadores, homens ou mulheres, a subir no palco e praticar sexo com algumas das integrantes. Claro que com esse tipo de performance elas encontraram muitos problemas com as autoridades de inúmeros países, particularmente em sua terra natal, a Inglaterra, bem como na Alemanha, Noruega e outros países. Mas particularmente na Holanda, país com uma mentalidade extremamente avançada, o publico lhe era extremamente simpático e as autoridades não lhes causavam problemas.


Ativistas, os membros da banda emprestaram suas vozes para as questões feministas e sexuais e foram as vencedoras do prêmio anual no Sex Maniacs Ball fundada por Tuppy Owens, sendo que ícones como Annie Sprinkle e Betty Dodson expressaram abertamente sua admiração por sua política sexual, da sexualidade feminina aberta como uma parte saudável da natureza humana. 

Apenas em 1999 foi gravado o primeiro e único disco de estúdio da Rockbitch: "Motor Driven Bimbo" pelo selo independente alemão Steamhammer. As gravações anteriores eram gravações caseiras ou feitas por pessoas das platéias onde se apresentavam. O disco saiu, mas elas também deixaram a gravadora, mesmo com o sucesso em vários países, como o Japão. Um segundo disco chamado "Psychic Attack" que destacaria a canção "I Wish I Were" escrita pela poeta americana Erzsebet Beck nunca foi lançado.

Após pressão contínua da Interpol Inglesa por seus temas e performances sexualmente fortes, a Rockbitch termina em 2002, sendo objeto do documentário "Anna in Wonderland" de 30 minutos da BBC no mesmo ano. Um outro, de uma hora, "The F-Word – This is Rockbitch", foi transmitido no Canal 5 no Reino Unido em 2003.

Em 2005, todo o line-up do Rockbitch ressurge sob o nome de "MT-TV". Mas era apenas um projeto musical, sem nenhum traço das performances sexuais do antigo Rockbitch, embora conservasse as teatralizações de palco. Depois de uma turnê pelo Reino Unido naquele ano, excursionaram aos EUA. Em 2006, Amanda e Jo formaram a banda Syren com a cantora e escritora Erin Bennett in 2006. Em Janeiro de 2012, a baterista Jo morre, vitima de câncer de mama. Extremamente abalada pela perda da amiga de longa data, Amanda decide encerrar sua contribuição a musica e passa a se concentrar em sua vida pessoal.

Em Abril de 2012, Erin lança um disco solo intitulado "Never Give Up The Fight" . A faixa é colocada em "download" e toda a renda auferida é destinada ao "Breast Cancer Care".  Erin continua com a Syren reformulando a banda com novos músicos chamando a ex-Rockbitch Sex Magick Priestess, Suna Dasi para fazer os coros.

Formações:
Julie Worland: Vocal
Luci: Guitarra
Amanda Smith-Skinner: ("The Bitch"): Baixo
Nikki: Piano, Flauta
Joanne Heeley: Bateria
'Babe' (Alexandra): Guitarrra, Côros
'Beast' (Tony): Guitarra em "Motor Driven Bimbo"
Chloe: Sex Magick Priestess
Kali: Sex Magick Priestess
Suna Dasi: Sex Magick Priestess

Discografia/Filmografia:
Luci's Love Child (como Red Abyss) (1992) (Eurock)
Rockbitch Live In Amsterdam (1997) (Crystal Rock Syndicate)
Bitchcraft (Concerto e Documentário - Vídeo - 1997) (Proibido no Japão e EUA)
The Bitch O'Clock News (Reportagens e Video Clips, 1998) Feito por Fãs nos EUA e Japão
Motor Driven Bimbo (1999) (Steamhammer)
Psychic Attack (2002) (Não Lançado)
Sex, Death and Magick (Concerto e Documentário - Vídeo, 2002)

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Site Oficial: http://www.rockbitch.com

The Ladybirds: A Primeira Banda Feminina de Topless do Mundo


The Ladybirds: A Primeira Banda Feminina de Topless do Mundo
Luiz Carlos "Barata" Cichetto


Muito antes das cenas explicitas de sexo invadirem os palco com o pessoal do Fuck For Forest, muito antes de a baixista inglesa Amanda mostrar seu Rockbitch que incorpora cenas de atos sexuais e rituais pagãos e bem antes de Cynthia Witthoft ser presa por coprofagia e destilar sacanagem em discos de Metal, existiu uma banda feminina, ainda nos cândidos anos de 1967 chamada The Ladybirds. "As Joaninhas", em bom português, tinham características muito diferentes das outras bandas da época, pois suas integrantes tocavam de "topless", isso é sem a parte de cima das roupas, exibindo e balançando fartos e volumosos seios.


As informações sobre essa precursora  genuína do Rock em termos de "meter os peitos" literalmente, são muito vagas e desencontradas. Algumas informações dão conta de que são de Nova Jersey, outras que se trata de uma banda inglesa. Segundo Martin Hoyem no livro "American Ethnography", a banda foi formada em São Francisco por Davey Rosenberg, que mais tarde lançaria ainda outra banda, The Hummingbirds. Um dos poucos registros de uma apresentação das Joaninhas de Topless são no "The Granary", em Bristol, Reino Unido, em Março de 1973, e embora algumas referencias digam que essa banda seria sueca, é bem provável que se trate mesmo das nossas “amigas do peito”, as Joaninhas americanas, em turnê européia. Um cartaz do "Chez Paree", anuncia a apresentação das nossas “mulheres de peito” em 12 de Outubro de 1968, como "A Primeira Orquestra Feminina Topless do Mundo". 



Sobre essa apresentação das Ladybirds no The “The Granary”, um dos fatos com maiores detalhes da história das nossas heroínas. Em Março de 1973 The Ladybirds tinham fechado para tocar uma semana no Country Club Webbington, próximo a Bristol. Contataram o The Granary e perguntaram se poderiam fazer um show. E como eles queriam realizar uma seleção do material de um gênero mais Rock aceitaram. E assim as The Ladybirds entram no palco com suas roupas de costume, ou seja, apenas com a parte de baixo dos biquínis.  "Achamos que valeria a pena tentar (apenas para fins artísticos). Elas não eram musicalmente muito boas, mas ninguém parecia se importar com isso. As meninas foram muito bem recebidas. Um dos espectadores da primeira fila, que se contorcia o tempo todo, fugiu com o biquíni de uma das integrantes como troféu. Ela ficou chateada porque era parte da roupa que precisava para seu show no dia seguinte no Webbington. O jeito foi recorrer a jaqueta de couro branco e improvisar a parte faltante."


Aumentando mais ainda a confusão sobre "The Ladybirds", um grupo totalmente vestido com o mesmo nome abriu para os Rolling Stones em 1968.  Existem ainda referencias à elas, ou outra banda com mesmo nome, abrindo a apresentação para os Yardbirds (8 de Setembro de 1968 - Fjordvilla Clube Paramount, Roskilde, Dinamarca). Naquele mesmo ano, foi lançado o filme "The World, Wild Wild de Jayne Mansfield" que incluía um clipe da banda tocando no Clube Blue Bunny em Hollywood. O fato é que a banda se apresentou muito e fez grande sucesso nos cassinos de Lãs Vegas. 


Um nome tão pouco original sempre irá suscitar confusão e, existiu também outro grupo feminino britânico, estas totalmente vestidas, que apareceu em 60 episódios de "The Benny Hill Show", entre 1968 e 1991, formada por Maggie Stredder, Marian Davies e outras. Em 2007, em Indiana surgiu um outro grupo, também com as tetas cobertas, mas com o mesmo nome, formado por Jaxon Swain e Sarah Teeple, com uma proposta de "based retro garage band". O grupo gravou dois discos: Whiskey and Wine, 2007 e Shimmy Shimmy Dang, 2011.



Mas as nossas pioneiras dos peitos a mostra, ao que consta, gravaram apenas um único compacto, em 1967 com a musica "Yes I Know". Se é que o aúdio postado no You Tube, sobre uma foto delas é correto. Quando aos nomes das integrantes, nenhuma informação. As fotos e cartazes da época mostram dez peitos, ou seja, cinco integrantes (duas guitarristas, baixista, baterista e tecladista), embora algumas fotos mostrem apenas quatro pares de peitos. Claro que ao final, permanece uma questão: quem eram aquelas Joaninhas de peitos à mostra, que atualmente devem ter estar aí com cerca de 60 anos de idade ou mais? Seriam hoje doces vovós que escondem dos netinhos um passado em que foram "A Primeira Banda Feminina de Topless do Mundo"?



Principais Referências Bibliográficas
- http://www.thegranaryclub.co.uk/2009/07/06/851/
- http://transversealchemy-raw.blogspot.com.br/2011/10/introducing-ladybirds.html?zx=15e9b767bbf34873
- http://www.burlesquebabesshop.com/2009/06/ladybirds-band-worlds-1st-topless-all.html


20/04/2012

Não Haverá Outro Amanhã - Jack Santiago & Project Dragons

Jack Santiago foi cantor do Harppia e da banda Thelema. Apaixonado por quadrinhos e por Rock'n'Roll. Segundo conta Gabriel Fox, mentor e guitarrista do Project Dragons, Jack tinha essa musica guardada  há muito tempo e ninguém interessando em trabalhá-la. Notem a letra abaixo, um libelo pela humanidade, um grito contra a desesperança, contra o caos de escurece as mentes e os corações dos seres humanos, perdidos dentro deles próprios.

Não Haverá Outro Amanhã
(Jack Santiago)
Project Dragons

Vejo o caos por todo o país e em volta do mundo
Não há paz em nenhum lugar pois só reina o absurdo
Onde iremos então parar no meio do caos?
Não podemos deixar reinar em meio ao caos

Não haverá outro amanhã pra buscarmos uma saída
Conveniente para a paz
Só com o sol de uma manhã expurgando a ferida
Deste caos em prol da paz

Falta amor e compaixão pra mudar este mundo
Não, não há como saber se conter ante tudo
O dinheiro a escorrer pelas mãos desses muitos
E os poucos a governarem em meio ao caos

Não haverá outro amanhã pra buscarmos uma saída
Conveniente para a paz
Só com o sol de uma manhã expurgando a ferida
Deste caos em prol da paz

Nós vamos resistir, pode algum nos irá coibir
Vamos saber sentir, nada irá nos fazer desistir

Precisamos realizar uma obra perfeita
Não importa o quanto tenhamos que ainda lutar
Muita garra e muita luz pra mudar este caos
Haverá um novo mundo pra se amar

Não haverá outro amanhã pra buscarmos uma saída
Conveniente para a paz
Só com o sol de uma manhã expurgando a ferida
Deste caos em prol da paz

Manual de Consulta Sobre Mim Mesmo


Manual de Consulta Sobre Mim Mesmo
(Texto de Introdução a "Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll - Uma Autobiografia Não Autorizada")
Luiz Carlos "Barata" Cichetto

Queria tanto falar sobre os livros que li, durante a maior parte do tempo, em um tempo que passou por cima de minhas costas feito um elefante de ferro. Foram milhares, estou certo. Mas deles pouco recordo, apenas títulos e autores. E não deveria ser assim, dos livros deveríamos lembrar tudo e esquecer os autores. É a prova de que estão errados aqueles que pregam que o que importa é a obra e não o autor. A vaidade humana é maior que tudo e nos restam apenas os nomes, sejam eles sob a forma de títulos ou autores de livros, discos, casamentos, transas... Ficam nomes, somem histórias e idéias. As pessoas morrem, as idéias não? Ficam frases soltas, foguetes lançados ao espaço, nomes de filmes... Nomes, nomes, nomes... Nomes são títulos e títulos são chagas.

Enfileirados nas estantes, os livros mostram apenas os títulos e os nomes, mas sua alma permanece escondida. As estantes mostram nomes, apenas e nos contentamos em olhar os títulos dos livros que lemos um dia... Ou que nunca leremos. Livros perfilados numa estante, pessoas perfiladas nas ruas. Os livros na estante exibem nomes nas lombadas, mas as pessoas não exibem seus nomes nos rostos. São anônimos, sem nomes nem títulos. Dentro delas, escondidas, guardas, fechadas como em um livro guardado na estante, as histórias e as idéias. 
Porra, não somos nomes nem títulos, somos histórias e idéias, somos livros, somos discos. Mas, espremidos feito livros em uma velha estante de madeira, com a lombada rota onde não se podem ler nem nomes nem títulos, ficamos parados, inertes e sem utilidade. 

Acaso, como nos personagens do livro Farenheit 451 de Ray Bradbury, somos todos Homens-Livro, cada um lembrando um pedaço de um livro? Sim, guardamos dentro de nossas páginas histórias alheias, e por horas, do mesmo jeito que um livro tem gravado em si histórias dos outros e não conhece sua própria história, nos esquecemos de nós, de nossas histórias e contamos aquelas que nos contaram, que escreveram em nossas páginas. Somos sim, Homens-Livro, guardando pedaços de histórias alheias. E portanto urge, que cada ser humano escreva seu próprio livro, contando sua história e suas idéias, para que ela não conste apenas nos outros livros de histórias alheias. Escritas da forma que quiserem. 

E é esta a razão principal de eu ter escrito minhas memórias, que eu chamei de "Autobiografia Não Autorizada".  Porque minha própria história e minhas idéias, dentro da minha mente que envelhece, cansada, começa a ser apagada, como um velho livro em que as letras começam a sumir. E não admito que outros contem minha história em suas páginas, porque a cada ser humano é sua própria história e suas próprias idéias. Nem bem, nem mal, apenas... Histórias e Idéias.

E quem sabe, num futuro próximo, quando eu não lembrar mais de mim, de minhas histórias e de minhas idéias, possa a esse livro recorrer, como um manual de consulta sobre mim mesmo.

20/04/2012

19/04/2012

Resenha de CD Slippery - First Blow 2012

Resenha de CD
Slippery - First Blow
2012

Que ninguém espere algo diferente, inusitado e com a pretensão de recriar o Rock no primeiro CD da banda de Campinas Slipppery. Assumidamente, a proposta a banda é de apenas divertir-se e fazer o ouvinte se divertir com melodias simples que recriam a sonoridade clássica que marcou os anos 80, o Hard/Heavy Rock, com aqueles coros melosos, riffs simples e uma bateria marcando sem grandes pretensões acrobáticas.

Em meu modo de enxergar, o que melhor retrata essa sonoridade oitentista, tida por muitos como a "Era do Ouro" no Rock e por outros como o principio do fim, é justamente a produção esmerada às quais as bandas passaram a ter. E embora cheire um tanto pasteurizadas, invariavelmente as produções do período tem caprichadas produções. Acredito que isso seja fruto de uma maturidade tanto de músicos quanto de técnicos e produtores, que depois de ralar com a falta de aparato técnico, passaram a ter acesso a uma tecnologia que lhes proporcionou um grau de profissionalismo muito maior que as produções "toscas" das décadas anteriores. Era a á decada da acomodação e o Rock chegou a um ponto de fusão... Não tinha o que ser criado, pois todas as misturas e até mesmo as purezas já tinham sido tentadas e o caminho então foi o de retraçar as linhas que tinham sido traçadas anteriormente, polindo-as quando necessário.

E é dentro desse espírito e cumprindo o que promete, que a Slippery desfila canções simples, com sonoridade simples. Mas simples nunca foi sinônimo de ruim, e o trabalho está longe de ser ruim. É simples porque é bom e é bom porque é simples... E a  simplicidade é um caminho que muitos artistas procuram, e é um caminho tão importante quanto qualquer outro. Aliás, ouso falar que, em uma sociedade tão complicada, tão cheia de tecnologia gelada e pessoas idem, a simplicidade chega a ser revolucionária. E seria assim que eu definiria "First Blow": simplicidade revolucionária. O maior exemplo disso é a faixa "Out Of The Light", que a mim lembrou muito Rainbow em sua fase final, e que reúne todos os elementos para criar uma musica de extremo bom gosto, sem ser chata ou cansativa. Para mim, essa musica é o destaque do CD.

Explicitamente e assumidamente calcado em bandas que fizeram escola, como Def Leppard, Mötley Crüe, Bon Jovi e outras, a Slippery desfila em 10 faixas de extrema competência técnica, com músicos tocando um Rock básico dotado de solos curtos e tecnicamente ótimos, enfilerando todos os clichês do gênero, sem no entanto parecer uma cópía de alguma das bandas citadas. Em termos de letras, segundo a própria banda, eles fogem dos temas mais batidos do Rock como noitadas, mulheres, bebedeiras e encrencas com a polícia, procurando colocar "mensagens positivas, histórias de amor e algumas que retratam o próprio universo da banda."

Follow Your Dreams, Slippery, Two Young Hearts, No Time To Sorrow, Another Chance, Run For Reaction, The First Blow, Sons Of Freedom (Wild At Heart), Out Of The Light, What I Need, são as faixas desse trabalho de estréia da banda campineira, sendo que algumas delas já estavam presentes no EP Follow Your Dreams lançado em 2007, e reunia cinco faixas, tendo sido elogiado pela imprensa especializada, tanto do Brasil como na Europa e Japão. Aliás, essa é uma marca forte das bandas brasileiras que tocam Metal ou Hard Rock em inglês: são sempre muito recebidas na Europa e Japão.

Enfim, First Blow da banda Slippery é um CD que merece ser colocado na estante e tocado sempre que se procurar por algo moderno mas com sonoridade oitentista. Muito bem cuidado e pensado nos menores detalhes para soar como uma banda dessa época, como arte da capa mostrando a bunda de uma metaleira com apetrechos típicos e segurando uma dinamite, imagem típica de lançamento de bandas como Scorpions e as citadas. Pode ser simples e sem pretensão, mas é um trabalho de grande apuro técnico, feito por músicos de grande profissionalismo e técnicos idem.

O destaque final para além dos músicos que compõem o "line up" original,é a participação dos tecladistas Leandro Cipola e do grande musico e poeta Marcelo Diniz.  A produção competentíssima de Atila Ardanuy, conhecido pelos seus trabalhos com o Dr. Sin e Anjos da Noite, que segundo a própria banda foi um responsável por criar o clima necessário à sonoridade buscada por eles. A faixa bonus de First Blow, é um cover para "Night Of The Demon", homenagem a uma das maiores representantes do Metal oitentista, a banda britânica Demon.

E finalmente, concordo plenamente com o texto do release da Slippery que afirma que "Muitas bandas contemporâneas tem pecado pela falta de espontaneidade ou pelo pragmatismo das regras que foram criadas para um estilo musical cujo único objetivo sempre foi o de não seguir regras." Exato e preciso, pois o Rock'n'Roll na sua origem tinha por regra não seguir regras. E mesmo que sigamos um caminho que já foi trilhado, podemos fazê-lo de forma diferente daqueles que antes o percorreram. E é esse a meu ver a maior qualidade de "First Blow".

Faixas:
1-Follow Your Dreams
2- Slippery
3- Two Young Hearts
4- No Time To Sorrow
5- Another Chance
6- Run For Reaction
7- The First Blow
8- Sons Of Freedom (Wild At Heart)
9- Out Of The Light
10- What I Need
11- Night Of The Demon (Bonus Track)

Músicos:
Fabiano Drudi (Vocal)
Dragão (Guitarra)
Kiko Shred (Guitarra)
Érico Moraes (Baixo)
Rod Rodriguez (Bateria)

Discografia:
Follow Your Dreams EP (2007)
First Blow (2012)

Internet:
www.slippery.com.br
Contato:
eliton@somdodarma.com.br

10/04/2012

Novo Site da Patrulha do Espaço, Por Barata

"O conjunto foi criado em 1977 por Arnaldo Baptista (ex-Mutantes), juntamente com o baterista Rolando Castello Júnior (que já havia tocado com o Made in Brazil e com o Aeroblus, da Argentina), o baixista Oswaldo "Kokinho" Gennari e o guitarrista irlandês John Flavin (ex-Secos & Molhados). Patrulha do Espaço, (...) estreou no 1° Concerto Latino Americano de Rock, no Ginásio Ibirapuera em São Paulo, em setembro de 1977, tornando-se uma das principais expressões do Rock paulistano e brasileiro das últimas décadas."


O texto acima é a parte inicial do verbete da Wikipédia sobre a Patrulha do Espaço, banda que há trinta e cinco anos entre decolagens, pousos forçados e aterrissagens em terrenos inóspitos, sempre primou pela qualidade de suas músicas e sempre fez questão de ser fiel ao "Sonho eterno de Rock'nRoll", conforme uma de suas próprias músicas. E essa fidelidade ao Rock, ao menos numa terra sem uma base cultural-musical de qualidade, custa caro. Resultado: o Rock no Brasil perdeu essência, qualidade e principalmente o rumo. Poucos exemplos de bandas que realmente tocam Rock. Alguns retornos de "velhos estandartes" e alguns poucos que insistem, persistem e resistem. E entre esses que são "a resistencia do movimento, matando dez leões a cada dia", está a banda comandada Rolando Castello Júnior.


E desde o tal Concerto Latino Americano de Rock que acompanho o trabalho da banda, tendo presenciado apresentações inesquecíveis, como no Ginásio do Palmeiras, ainda com Arnaldo, a inesquecivel apresentação no SESC Vila Nova, com a participação do lendário Manito numa canja ensandecida que culminou com o guitarrista Dudu Chermont espatifando à la Pete Towshend, uma SG azul no palco. Depois disso, a apresentação na Equipe Tarkus, sobre o qual já comentei à exaustão. Fora esses, a abertura para o Van Halen e uma infinidade de outros shows aos quais compareci, sempre procurando acompanhar de perto a carreira dessa banda, que a mim sempre soou autêntica e forte e que, mesmo com suas osclilações de altitude, de volume e frequência, sempre foi fiel aos mais profundos principios essenciais do Rock'n'Roll.


Num determinado momento de 2001, se a memória não falha, passei a ter contato com o Capitão-Maestro da Patrulha do Espaço, à guiza de construir um website para a banda. Naquele momento o site não saiu, mas veio um convite para acompanhá-los em turnês. Foi uma época magnífica, de muito aprendizado sobre o mundo do "show business" e, principalmente sobre as dificuldades de se tocar Rock no Brasil. Uma época de muita adrenalina, muitas discussões ao calor dos espetáculos, mas de profundo enriquecimento humano e cultural. Essa fase durou cerca de três anos, mas mesmo depois continuei a ter contato com Rolando, embora nós dois, portadores de fortes personalidades, estejamos sempre nos estranhando... Mas o mais importante é que, desses "estranhamentos", típicos de pessoas que pensam e reagem, sobrou uma amizade difícil de encontrar no tão falso mundo da música e, principalmente, mundo do Rock.

No final de 2011, Rolando comentou sobre o novo disco, sobre a necessidade de ter um bom site. Aceitei de pronto o convite (pois amigos não pedem, convidam) e comecei a trabalhar no site. Muito trabalho, mas um desejo de colocar ali, além do básico que qualquer profissional da área colocaria, a emoção de estar, de alguma forma não apenas contribuindo para um trabalho no qual eu acredito sinceramente, mas de fazer uma homenagem a todos aqueles que acreditaram e ainda acreditam no "Sonho Eterno de Rock'n'Roll"... Mesmo que "Dormindo Em Cama de Pregos"... Ladies and Gentlemen: www.patrulhadoespaco.com.br .


09/04/2012

Patrulha do Espaço Dormindo em Cama de Pregos



A palavra "faquir", de origem árabe que significa "pobreza" e designava uma pessoa dedicada á exercícios que exigiam alto poder de controle sobre sua própria mente a fim de executar feitos como engolir fogo ou dormir sobre camas de pregos. Os faquires viviam da esmola ou de pagamentos feitos em troca da recitação de escrituras, versos ou nomes santos. Na Índia, os faquires eram confundidos com mendigos.

Agora, o que tem isso a ver com Patrulha do Espaço? "Dormindo em Cama de Pregos", mais recente CD, em realidade um EP que contem quatro faixas inéditas e duas "bônus", é o 20º disco da banda capitaneada pelo baterista Rolando Castello Junior, que desde 2004 não lançava material inédito. Depois de "Missão na Área 13", último de estúdio e penúltimo com a formação anterior que incluía Marcelo Schevano, Luiz Domingues e Rodrigo Hid, a Patrulha lançou apenas um disco ao vivo, "Capturados ao Vivo", gravado no Centro Cultural São Paulo. A atual tripulação que conta com Rolando Castello Jr. (bateria), Marta Benevolo (vocais), Paulo Carvalho (baixo) e Danilo Zenite (guitarra e voz) nunca tinha lançado um disco, mas agora nos brinda com "Dormindo..." que apesar das poucas faixas é uma coleção de musicas absolutamente essenciais. 

"Rolando Rock", é uma espécie de autobiografia de Rolando Castello Junior e "Riff Matador" soa como uma declaração de propósitos da banda. "Maquina do Tempo" e "Estrelas Dirão", uma balada e um Rock básico são as outras faixas inéditas do disco. Quanto às bônus: "Quatro Cordas e Um Vocal", gravada com Schevano na guitarra e vocal e o baixista René Seabra, é uma belíssima e emocionante homenagem ao baixista Oswaldo Gennari, o Kokinho, e Débora Carvalho, vocalista da banda Made In Brazil, que faleceram em 2008/2009. "Rock Com Roll" é uma faixa ao vivo ainda da formação antiga.

Mas a grande sacada de “Dormindo...” é que ele é um CD-Ingresso, ou seja, a compra do CD dá direito ao ingresso em qualquer show da turnê 2012 da banda. Uma idéia que poderia muito bem ser copiada por outras bandas e artistas que reclamam da falta de venda de CDs e da falta de público em shows, pois uma coisa alimentaria a outra. 

"Dormindo Em Cama de Pregos" tem apenas cerca 30 minutos, mas carrega a história de 35 anos desta que é uma das mais importantes bandas de Rock do Brasil, surgida no fim dos anos 1970, uma das épocas mais explosivas e criativas da música mundial, na esteira de festivais históricos, piração e sonho coletivo. A Patrulha do Espaço abrigou músicos do calibre de Percy Weiss, Sérgio Santana, Dudu Chermont, o argentino Pappo, além do citado Kokinho. Todos esses, com exceção de Percy, já falecidos. São 20 discos lançados desde 1979, dezenas de músicos e nenhuma musica nas "paradas de sucesso", nenhuma grande exposição na media, nenhuma venda estrondosa de nenhum de seus discos. Muita batalha, pouco dinheiro; muito talento e um reconhecimento limitado aos fãs mais rigorosos e conhecedores mais profundos. A abertura do show do Van Halen no Brasil em 1983 a convite de Eddie Van Halen e mais nada... Muito, muito pouco! 

Seriam então estes os fatos que nortearam a criação do nome do disco atual? Provavelmente sim, pois as pessoas que, a exemplo de Rolando, que acreditam e trabalham em nome do santo espírito do Rock no Brasil são mesmo autênticos faquires, necessitando de um enorme controle mental a fim de poder sobreviver executando seus exercícios de engolir sapos e dormir sobre camas de pregos. Vivendo praticamente das sobras da mídia e sobrevivendo da "recitação" de suas musicas em lugares cada vez menores. E que no Brasil são confundidos com bandidos... 

Portanto, o nome do disco da Patrulha do Espaço é muito mais que o nome de um CD de uma banda de Rock "feita no Brasil só pra tocar Rock'n'Roll", é um manifesto silencioso, lúdico e penetrante. Entenda quem quiser. E acorde quem não dorme o sono eterno da ingenuidade. 

Nota adicional: tive a honra de, bem antes do lançamento desse disco, escutar as musicas e apreciar o belíssimo trabalho de capa do argentino Adrián Arellano. Uma honraria concedida pelo comandante da Patrulha do Espaço baseado em uma longa história que começou na primeira apresentação da banda em 1977, um show em 79 em que eu quebrei a clavícula, uma vivência como manager de 4 anos á bordo do ônibus Mercedes Benz 1976, o  “Azulão” , onde também escrevia o Diário de Bordo daquelas viagens alucinantes, e que acabou gerando uma amizade pessoal com Rolando e uma participação ativa no lançamento do “.ComPactO”. Recentemente declarado como “Patrulheiro Emérito” e “semi-brother”, nas palavras desse autêntico Herói do Brasil. 

Patrulha do Espaço
Dormindo Em Cama de Pregos
2012 – Independente
Produzido por Rolando Castello Junior
1 – Rolando Rock
2 – Riff Matador
3 – Máquina do Tempo
4 – Estrelas Dirão
Bônus:
1 - Quatro Cordas e Um Vocal
2 - Rock Com Roll

Line Up:
Rolando Castello Jr. (Bateria e Voz), Marta Benevolo (Voz), Paulo Carvalho (Baixo) e Danilo Zanite Guitarra e Voz)





E a partir de 10/04/2012, novo site Oficial da Patrulha do Espaço: www.patrulhadoespaco.com.br 

06/04/2012

Revista-Zine Versus Nº. 2




Acaba de sair da oficina de corte e costura, a segunda edição da Revista-Zine Versus. Lawrence Ferlinghetti, Fabio Sliachticas, Hollywood, Torquato Neto, Patrulha do Espaço, Led Zeppelin, Amyr Cantusio Jr; Universo Expandido, Ultraje à Rigor, Vitória, Barata, Uganga, Viegas Fernandes da Costa, Jane Birkin e.. Puta... Muita puta. Aviso: Esta edição está cheia de Puta!
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Para pedir: (12,00 - Correio Incluso) http://www.abarata.com.br/revistas.asp?secao=R&registro=1


03/04/2012

Dormindo em Cama de Pregos e Dando Murro em Pontas de Facas??? Os Dois??


Carta-Desabafo de Rolando Castello Jr.


-------Mensagem original-------

De: Patrulha do Espaço
Data: 3/4/2012 01:44:16
Para: Luiz Carlos Cichetto
Assunto: Depois das 11.

Bro, aqui estou eu, escrevendo sem vontade de escrever. 
O saco tá cheio demais, parafraseando a letra de Riff Matador
"Matando dez leões a cada dia, sou o otário do movimento"
Está difícil ser otimista, está tudo muito chato, esse país definitivamente e o país caranguejo, anda de lado ou pra trás.
Como dizia o Jânio.."as forças ocultas" será que aquele bêbado filha da puta já sabia de algo, De Gaulle realmente sabia e sociólogos á parte o francês mandou bem, sacou direitinho a idiossincracia do nosso povo com a famosa frase "este não é um país sério" e falou na cara dos homens, mas também o franchula era general, presidente, herói de guerra, que é que ia peitar.
E nós?
Não somos generais, nem presidentes, somos apenas heróis de guerra, de uma guerra mais suja. que aquelas que se travaram por aqui nos anos 60, ao menos aqueles abnegados sabiam quem era o inimigo.
Nós não, os inimigos estão sempre disfarçados de amigos ou travestidos de rockeiros, enquanto isso os gringos velhos vem todos tocar por aqui, enquanto nós continuamos sonhando, agora o sonho é em ser um gringo velho.
O problema não é suportar a ineficiência e incompetência do brasileiro, aí incluo povo e estado, esses habitantes da sexta economia do mundo conseguiram acabar com qualquer resquício de bom gosto cultural, então o que dizer do demais.
Nada funciona.
Enfim deixemos as reclamações de lado, afinal deve haver algo de muito errado conosco, afinal o Rogers Waters, Paul McCartney, Creedence, Focus e Michel Teló, não devem estar errados quando dizem, this is a beatiful country and you all are wonderful and tanx for your dollars.
Amanhã (hoje) é outro dia e tenho que lançar (?) um disco e terminar um sitio (cansei da palavra site) espero acordar com toda a raiva renovada, só assim pata ter forças e seguir adiante, um Dramin também ajudará para não ficar enjoando com tanta esculhambação.
Abraço.

Rolando Castello Junior
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De: luiz.cichetto@gmail.com
Data: 3/4/2012 03:06:32
Para: Patrulha do Espaço Patrulha do Espaço
Assunto: Res: Depois das 11.

É, meu amigo, simplesmente certo, infelizmente certo. Seus sentimentos são justos, claros e verdadeiros. Muito do que falas eu também tenho esperneado, nas minhas poesias, programas de radio etc. Mas quem nos escuta? Falamos literalmente com paredes. Corremos na madrugada e batemos em teclas repetidas, mas sem eco e sem retorno. Saco cheio, sim... Nós nos sentimos assim: "otários do movimento". Mas, bro, entende uma coisa dolorosa: não existe mais movimento. As pessoas foram todas pra casa e apenas "curtem" (na nossa época esse verbo tinha outra conotação) no Facebook. Ninguém quer saber o que pensamos e o que sentimos. Não espere um consolo ou algo piegas e barato do tipo, "não, não é nada disso!". É isso sim, o Rock acabou e tudo aquilo que ele pregou, tentou, buscou. Somos dois velhos ranzinzas acreditando em sonhos que infelizmente cada vez menos sonham junto. A Marta está certa: não existe a Maldição da Patrulha... Existe a maldição do Rock... Uma mandinga feita com extrato de ignorância, dois dedos de hipocrisia e um copo cheio de vaidade... Os verdadeiros artistas do Rock no Brasil estão mortos ou apodrecendo vivos, sem feder... à mingua, enquanto gringos e telós e belos fazem a festa do latino... No apê ou na puta que o pariu. O brasileiro é um chupador de bolas, de todos os tamanhos e calibres... Estou farto também, bro! Muito mesmo. Nós lutamos, nos fodemos.. E daí? alguém quer saber disso? 
Feito um idiota escrevo minhas poesias, banco meu sitio (também prefiro essa grafia) E ninguém, absolutamente ninguém dá a menor bola... Será que precisamos morrer para sermos considerados heróis???  Esses desabafos são legitimos, decentes e corretos. E acaso queiras um parceiro, ou seja alguém que comunga dos teus mesmos sentimentos, leia/veja/escute os poemas e textos que coloquei recentemente... Os videos porno-poéticos.. É isso ai... Tudo lá...
E bem depois da 11, e sempre depois, pode esperar, estou sempre... Amigo!
E uma coisa ainda podes contar: estamos nessa juntos, sou um bosta sem dinheiro, uma merda de um poeta cheio de rugas que anda com o saco cheio da merda do mundo.. Mas sempre vou estar, antes e depois das 11, de braços dados com os verdadeiros companheiros, amigos de fato e de direito. E pra terminar: eu ainda acredito no seu sonho, ainda acredito, sim! E foi por isso que me propus a ser a midia, de fazer acontecer o sitio... Sim, estamos todos dormindo em camas de pregos... 
PS... Seguinte: quero lhe pedir - e não aceito não por resposta - para publicar esses desabafos no meu blog, afim de que algum incauto, ou algum sonhador imbecil feito nós, saiba... Para que conste na "capsula do tempo" esses gritos.. Para que alguém no futuro, que pode ser daqui a 5 minutos, ao abrir tome um susto com os gritos...

Abraço
Luiz Carlos "Barata" Cichetto