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30/03/2013

Notas de Rodapé (De Um Livro Sem Final Feliz)


Notas de Rodapé
(De Um Livro Sem Final Feliz)
Barata Cichetto

Dedico meu poema com muito açúcar e afeto
Ao querido leitor, que de resto muito esperto
Não gosta de poesia, nem de poeta por perto.

E ao leitor que apressado e um tanto afoito
Lê poesia apenas um pouco antes do coito
E a devora sem gosto tal pacote de biscoito.

Dedico o meu trabalho ao querido leitor passivo
Que acredita ser o meu poema nojento e lascivo
E que crê por intuição que ser poeta é ser nocivo.

E dedico ao leitor que de uma forma vagabunda
Conhece apenas aquilo que lhe morde a bunda
E acha que a poesia é a merda que não afunda.

Dedico ainda esta poesia ao leitor deseducado
E analfabeto funcional, sem leitura e malcriado
Que acredita que a poesia é coisa de efeminado.

E por fim dedico todos os poemas por hora cometidos
Aos leitores cujos desejos torpes foram neles invertidos
E limpem a bunda com eles todos aqueles pervertidos.


27/03/2013

Prefácio a Um Romance Que Nunca Foi Escrito


Prefácio a Um Romance Que Nunca Foi Escrito
Luiz Carlos Barata Cichetto

Enfim, um romance, a grande obra para qual ha tempos eu buscava motivação. E agora a tinha, a motivação estava ali, pronta, esperando por meus dedos apertarem as teclas enquanto a cabeça fazia o trabalho de alinhar as frases, criar os personagens, dar-lhes forma e existência real. Mas, de fato eu não sabia como, nem por onde começar. Pensei em fazê-lo pelo seu começo, com o nascimento da personagem, as dificuldades da sua geração e os problemas inerentes ao parto, coisas assim. Óbvio demais. Depois, ocorreu-me outra idéia, que era a de começar pelo fim, pela morte, o sepultamento... E mais uma vez, apaguei todo o texto, por não o achar bom o suficiente para despertar a atenção do leitor. Difícil fazer um romance. Complicado, pois, ao contrário da crônica ou da poesia, onde a realidade e o sentimento são as matérias primas. Decorrência natural de um processo, como defecar depois de se alimentar. Necessidade fisiológica, quase, o ato de escrever poesia.

Mas um romance, ah, isso é bem diferente. Lidamos ali com a ficção, com elementos que nem sempre são pessoais, principalmente numa história tão cheia de elementos estranhos, como é esta que me propus a escrever. Existem inúmeros elementos factuais a serem considerados, pesquisas, histórias a ser levadas a cabo e, principalmente, a capacidade de prender a atenção do leitor não por uma, mas por centenas de páginas.

Sempre invejei os escritores de romances e suas capacidades em criar histórias longas, enquanto eu me atinha a fragmentos de sentimentos, pedaços de existência e sonho. Poemas são pedaços, retalhos de uma colcha de sentimentos, enquanto o romance não. O romance é complexo, grande, poderoso, capaz de despertar a imaginação do leitor, levá-lo a uma jornada por lugares e vivências que ele nunca possa ter imaginado. Romances são mundos inteiros, coletivos, enquanto a poesia vidas em pedaços.

E assim que me propus a escrever essa história, a vida romanceada de uma personagem que tem me assombrado nos últimos tempos, pensei que a mera capacidade de enfileirar palavras, criar frases de efeito, como estava acostumado a fazer ao escrever poesia, bastariam. Mas estava enganado, pois a poesia é viés torto, licenciado e pequeno. E me senti pequeno perante a obra que tinha por criar. Os personagens não chegavam, os diálogos não engatavam, as cenas não tinham cenário e o romance foi sendo, assim, desromanceado.

Eu nem sabia como começar, e agora nem sei como terminar. Mas é preciso...

Poeminha Sem-Vergonha


Poeminha Sem-Vergonha
Barata Cichetto

E uma mão segura o meu pinto, 
A outra mão segura uma caneta.

Com uma mão escrevo uma poesia 
E com a outra eu bato uma punheta.

Noite Infernal


Noite Infernal
Barata Cichetto

Noite infernal! Mas o que Inferno tem a ver com dormir mal
Acaso nos infernos, com mil demônios, dormir não é normal?
Ficam ali um milhão de diabos a cutucar sua bunda
Enquanto lhe espeta o rabo um demônio corcunda?

Mas é certo que foi uma noite cruel, outra noite tensa
Quão certo que poesia qualquer crueldade compensa
E quando não durmo é a poesia e não demônios do Inferno
Que causam aflição em minha mente e o sofrimento eterno.

Desabafo

Desabafo

Quarenta anos ao menos é o tempo que separa o agora, quando acredito que a poesia está morta, do momento em que sorridente mostrei a uma amada platônica meu primeiro poema. De lá para cá, foram milhares, boa parte jogada no lixo de papel ou na lixeira do computador. Não nasci poeta na Internet. Ela, a Internet e todas essas merdas de redes sociais são uma mentira, uma fraude. Queria mesmo é que, como num filme de ficção cientifica, todas as redes de computadores explodissem e desaparecessem para sempre. Ah, é legal para encontrar amigos que não vemos que não encontramos há trinta anos? Se tivemos um amigo que já não vemos há tanto tempo é porque não éramos tão amigos e, portanto ele deve ficar lá, esquecido. Garanto que me acostumaria com a inexistência da Internet em menos de uma semana. Quem sabe, então, as pessoas possam se dedicar mais às conversas, à leitura... Quem sabe as pessoas possam viver mais e melhor, sem serem atropeladas pelo tempo que acham que passou rápido demais, mas que foi desperdiçando na frente de um computador, à volta de bobagens que não tem a menor importância. Há quarenta anos, quase, publiquei meu primeiro poema num "jornalzinho" mimeografado, depois outro e outro... Até um livro inteiro assim. De mão em mão, de boca em boca, era assim que existia a poesia. E agora? O que temos? Avatares, perfis, mensagens... Tudo parecendo mensagens numa garrafa que nunca serão encontradas num mar revolto que quer aparentar serenidade... Ah, estou cansado!



26/03/2013

Herói?


Herói?
Barata Cichetto

Ah, eu tenho tão poucos arquiinimigos
Que nem sei se sou o bandido ou herói
Mas aonde andam meus tantos amigos
Quando a solidão minha mente destrói?

21/03/2013

Rádio Barata Livre - Programa 07


Rádio Barata Livre
Sexo, Poesia & Rock'n'Roll
Porque idéias são à prova de balas... E a luz é apenas um buraco na escuridão.
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
Segundas, das 21 as 23 horas pela Stay Rock Brasil
Reapresentação, terças, das 16 as 18.
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Programa Nº. 7 -  25/03/2013
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Abertura:
Rock da Mortalha - Salve-se Quem Puder
(http://baratacichetto.blogspot.com.br/2012/11/rock-da-mortalha.html)
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Bloco 1 - Portal Stay Rock
(http://www.facebook.com/pages/banda-cruzadas/132827150154459?sk=info)
- Cruzadas - Terra dos Faraós
- Cruzadas - Cemitério dos Ossos
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Bloco 2 - Poesia: "Introdutório Sobre a Mentira, a Traição e o Roubo"
(http://baratacichetto.blogspot.com.br/2013/03/introdutorio-sobre-mentira-traicao-e-o.html)
- Yekun - Psi Etica (Immoleted)
- Unmasked Brains - Lost Control
- Invoker - The Satanist
- Fúria Louca - Back To The Outer Space
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Bloco 3 -  Pi2 - Edição 3
(http://revistapi2.blogspot.com.br/)
- Anjo Gabriel -  O Poder do Passaro Flamejante
- Sarah Ellen - Bloody Mary
- Blake Rimbaud - Kaos Beat
- Extravaganza - História de Quem Perdeu a História
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Bloco 4 - Poesia: "Diário de Um Espelho"
(http://baratacichetto.blogspot.com.br/2013/03/diario-de-um-espelho.html)
- Dawn - Tie a Yellow Ribbon Round The Old Oak Tree
- The Surfaris - Wipe Out
- Seals And Croft - Summer Breeze
- The Turtles - Happy Together
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Bloco 5 -  Livro "Cohena Vive!"
(http://abarata.com.br/livros.asp?genero=poesia&registro=3)
- Iron Maiden - Revelations
- AC-DC - Let There Be Rock
- Stars - He Lied About Death
- Black Widow - Tears And Wine (1970)
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Bloco 6 - Poesia: "Brinquedo Sectário"
(http://baratacichetto.blogspot.com.br/2013/03/brinquedo-sectario.html)
Alice Cooper - Abril - 1974 -  Brazil
Bitter Creek - Plastic Thunder  (The First Heavy Metal Song Ever Made , 1967)
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Encerramento:Projeto Sangue de Barata -  "Barata"
Trilha Sonora: Cesar Achon

25/03/2013

Poesia Coprofagia


Poesia Coprofagia
Barata Cichetto

A poesia é a arte dos perfeitos idiotas
Aqueles que pedem feitos aos agiotas
Que querem transar com putas de graça
E dos que riem da sua própria desgraça.

E nem é arte a poesia e poeta não é artista
Pois se fosse estaria ele em capa de revista
E todo poeta é no fim um filho de uma puta
Que acha que poesia é a arma da sua luta.

O poeta é pois sim o urubu comendo carniça
Carnes podres de amores mortos de preguiça
E esse maldito ser ainda pensa que sofrimento
É um prato de comida abarrotado de alimento.

E termino falando que poesia é uma bosta
E que apenas o que poeta de comer gosta
Pois se é a merda que caga o mundo agora
É a merda que o poeta maravilhado devora.

24/03/2013

Arquíloco, o Livro - 1981


Arquíloco, o Livro - 1981

Página 19, Poema Escrito em 1978

Em Janeiro de 1981, com o mimeógrafo emprestado e os braços de um casal de amigos, editei um livro de poesia que tinha o nome de Arquíloco. O nome, em homenagem ao poeta-soldado grego, tinha cinquenta poemas escritos entre 1977 e 1980, sendo que o ultimo deles, feito no dia seguinte ao assassinato de John Lennon, em Dezembro de 1980. O nome do autor que eu escolhera usar na época era “Carlos Cichetto”, abolindo o Luiz... Muito antes da metamorfose que me transformaria em “Barata”.

O mimeógrafo a álcool era a única forma que tínhamos de difundir nossos trabalhos naquela época, num processo cansativo de datilografar o stencil, sem errar, colocar cada original no aparelho e girar a manivela "imprimindo" individualmente cada folha, de um lado; depois colocar tudo de volta cuidadosamente e repetir o processo para imprimir o verso.. Uma noite inteira para montar um livro e uns dois dias de dores nos braços pelo esforço.

Meu livrinho teve a "estrondosa" tiragem de 50 exemplares que foi toda gratuitamente distribuída por Correio e na porta de teatros e ruas. Eram 50 poemas, que chegou a chamar a atenção de um critico literário do extinto jornal paulistano Diário Popular. Entretanto, as necessidades e pressões fizeram com que o que restou disso, incluindo os originais, fossem jogados no lixo.

Mas, durante os últimos mais de 30 anos, minha mãe guardou zelosamente o exemplar que dei na época a ela. E agora o estou reconstituindo, com muita dificuldade, pois, apesar do zelo materno, a impressão quase que desapareceu por completo. São poemas de uma época marcante, mas que talvez só tenham valor histórico, pois muitos não possuem qualquer qualidade literária, escritos na ânsia dos meus vinte e poucos anos. 

O propósito, ao resgatar esse trabalho é o registro de minha história como poeta, iniciada no inicio daquela década, marcada por uma forte repressão política, falta de dinheiro e de recursos para se mostrar qualquer trabalho artístico. Arte era quase sempre atrelada à subversão e punida com tortura e morte. Liberdade era coisa proibida, mesmo que só como palavra. Éramos completamente órfãos de conceitos estéticos, abandonados num mar de incertezas e dúvidas. Mas tínhamos ideais artísticos, tínhamos sonhos políticos. Acreditávamos e lutávamos pelo que acreditávamos. 

Mas hoje, ao olhar de lado e perceber as possibilidades que a tecnologia nos proporcionou, mas que feito um monstro engoliu uma salada de ideologia, sonhos e pensamentos individuais, transformando a maior parte da humanidade numa massa estéril. Tínhamos apenas mimeógrafos e máquinas de escrever, mas decerto éramos mais humanos.

E é em homenagem à humanidade que um dia tivemos o resgate desse pequeno e inútil livro. E de fato, trocaria toda a tecnologia hora existente por um pouco mais da humanidade que tínhamos em 1981.

Luiz Carlos Cichetto, AKA Carlos Cichetto, AKA Barata Cichetto
24/03/2013

Página do Jornal Diário Popular da época encontrado recentemente (http://baratacichetto.blogspot.com.br/2012/08/um-trofeu-guardado-no-arquivo.html)


O Tempo, o Vento e o Céu


O Tempo, o Vento e o Céu
Barata Cichetto

Existiu um tempo em que o Tempo tinha cu
E o rabo do Vento era quente feito o angu.

Houve um Tempo em que o Vento andava nu
E em sua nudez ele não ligava para o seu cu.

E entre cu do Tempo e o rabo do Vento o Céu
Que mostrava a buceta levantando seu véu.

Fodiam o Vento e o Tempo e não havia réu
E todos fodiam e gozavam na boca do Céu.

23/03/2013

Vômito de Metáforas


Vômito de Metáforas
A Raul Seixas
(Inspirado no título do livro de Isaac Soares de Souza)
Barata Cichetto

À Noite
Quando quase todos os gatos são pardos
E quase todas as putas esposas de bardos
Chuto latas e pedras, bêbado feito coelho
E tropeço no meu vômito e mijo vermelho.

Pela Manhã
Quando quase todas as gatas são putas
E quase todas as esposas travam lutas
Chuto pregos e egos, sóbrio feito um cão
E vomito poesia com um pedaço de pão.

À Tarde
Quando são machos quase todos os gatos
E quase todos lavam roupas e seus pratos
Chuto gatos, cachorros e pedaços de mim
E vomito metáforas antes de chegar ao fim.

22/03/2013

Shi


Shi
Barata Cichetto

Poesia é apenas uma prostituta nojenta
Por isso a pontapés eu a atiro na sarjeta.
Malvada, é ela a culpada da minha desgraça
Megera, por causa dela não tenho uma calça.
Não tenho por ela nenhuma espécie de respeito
E a culpo por tudo aquilo que não tenho feito.

Outro poema? Penso agora antes de continuar
Desgraças e maledicências, coisas de lupanar.
Mas antes que alguma decência me impeça
Encaixo no quebra-cabeças uma ultima peça
Procurando ter ao fim ter um quadro sórdido
Pois é ela do pintor apenas o quadro sórdido.

Há tempos a tenho ofendido demais, puta fedorenta
Mas que a tamanha desgraça pouca gente aguenta
E eu a suporto a tempos maiores que um matrimônio
E ainda fico calado quando me chamas por demônio
Ah, maldita a sugar minha carne e franzir minha testa
Por que não me deixas morrer, apenas o que me resta?

Não, eu não quero foder contigo, piranha desalmada
Deixe que fique somente com o ardor da musa amada
Pois agora envelhecida e quase morta imploras por mim
E diz que jamais descansará enquanto não vires meu fim
Mas antes eu chutarei sua boca para que te cales, vadia
Pois matar-te é um ato de sobrevivência não de covardia.

20/03/2013

O Poeta e o Cão


O Poeta e o Cão
Barata Cichetto
"Claro que sei o que são verbos, mas os substantivos são mais importantes." – Mija Yang em “Shi”, 2010
Perro Rascándose - Matias Grunewald, 1480

1 -
Agora eu era poeta e tinha um cachorro que sabia francês
Ele latia em línguas estranhas e conhecia diversos clichês.
O cão sabia rimar e contar sílabas tônicas dos meus versos.
E então éramos felizes, eu e o cachorro em nossos universos.

2 -
Mas era um cão danado aquele e bebia todo o meu bourbon
E comia toda minha comida e uma caixa inteira de bombom.
Um desgraçado aquele cachorro, cheio de sarnas a se coçar
Atirei na sua testa, e ele morreu sem nenhum gesto esboçar.

3 -
E agora eu era poeta e não tinha mais um cachorro por perto
Comia e bebia toda comida e uísque sem nenhum cão esperto.
Mas agora eu era um poeta sem poesia, um homem sem cão
E atirei na própria testa por não suportar a tamanha solidão.

19/03/2013

Até a Morte


Até a Morte
Barata Cichetto

Duas da manhã, chega ao meio a madrugada tensa
Em minha mente, outra poesia se forma, intensa
A minha frente uma imagem explode de tão imensa
E feito creme de leite escorre pelos dedos, densa.

Rubores noturnos, meus olhos presos quase cegos
Ardem como perfurados por um milhão de pregos
A imagem não desaparece, pavor diante de mim
E vejo uma aparição da morte mostrando meu fim.

De susto salto da cadeira e feito um morcego a expulso
Pois ainda não chegou a hora, não tomaram meu pulso
Então deixe que eu amanheça, mesmo que seja à tarde
E ainda que doa meu peito, a existência ainda me arde.

Mas ela como que gargalha zombando de meu pedido
Arrota, pede desculpas e depois solta um peido fedido
Dizendo não ser ela quem me assombra agora a noite
E que sou eu a me torturar usando meu próprio açoite.

Rádio Barata Livre - Programa 06

Rádio Barata Livre
Sexo, Poesia & Rock'n'Roll
Porque idéias são à prova de balas... E a luz é apenas um buraco na escuridão.
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
Segundas, das 21 as 23 horas pela Stay Rock Brasil
Reapresentação, terças, das 16 as 18.

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Programa Nº. 6 -  18/03/2013
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Abertura:
- Roberto Carlos - É Proibido Fumar
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Bloco 1 - Poesia - "Guernica" ("Cohena Vive!") Lançamento "Cohena Vive!"
- Sparks - Dick Around
- Frank Zappa & The Mothers - Dinah-Moe Humm
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Bloco 2 - Portal Stay Rock / Eliton Tomasi, Som do Darma
- Kappa Crucis - Back to the Water
- Hellish War - Metal Forever
- Ajna (Tibet) - Suicide Day
- Ravenland - Nevermore
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Bloco 3 -  Poesia - "Dia da Poesia "

- Scott McKenzie - San Francisco
- Shocking Blue - Venus
- Yellowstone and Voice - Philosopher
- Tommy Roe - Dizzy
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Bloco 4 - Pi2 - Edição 3
- Steely Dan - Do It Again
- Middle Of The Road - Soley Soley
- Mungo Jerry - Lady Rose
- The Archies - Sugar Sugar
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Bloco 5 -  Livro Isaac Soares de Souza: "Vômito de Metáforas"
- Roque Malasartes - A Memória das Naus
- Klatu - Não Cante Essa Música
- Walter Novales (Drenna) - Gelo Coração
- Cascadura - Colombo
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Bloco 6 - Programas Stay Rock
- Cannibal Corpse - A Skull Full Of Maggots (Live)
- Cradle Of Filth - Mater Lacrimarum
- Immortal Choir - Beyond The Mist
- Jag Panzer - In a Gadda Da Vida
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Encerramento: Poesia: "Entre o Vão e a Plataforma" - Trilha Sonora: Titãs: "Dissertação Do Papa Sobre O Crime Seguido De Orgia")
Trilha Sonora: Led Zeppelin -  "Dazed And Confused"
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17/03/2013

Em Memória de Mim

Em Memória de Mim
Barata Cichetto

Deixem-me acabar de contar a história comprida de alguém
Sobre o poeta e sobre o homem, sobre mim e sobre ninguém
E sabem que aquele que conta um conto sempre aumenta
Um ponto em um conto, mentira é o que ninguém aguenta.

E entre medos e receios, conto a minha porque a conheço
Jamais a de outros, pois a maioria delas sequer reconheço
E conto antes que da memória a apaguem feito ao cigarro
E a minha história me pertence feito o esperma e o escarro.

E por conhecer a memória de uma terra aculturada e cega
Deixo escrito o meu registro pois a mim minha terra renega
E se daqui a dois séculos a glória chegar sobre o meu nome
Saibam que apesar das lides, por pouco não morro de fome.

E das putas das ruas do centro, às das periferias da cidade
A todas tratei com desejo, todas fodi com enorme felicidade
Pois então que conheçam a minha poesia e minha memória
E se não for por bem ou por mal, por ela estarei na história.

Casamento


Casamento
Barata Cichetto

Não suporte por mim seus próprios defeitos
Nem supere por mim seus próprios desfeitos.

Não espere de mim que faça atos perfeitos
Faça por si e não faça comigo tratos refeitos.

Aliás não suporte, não supere nem faça feitos
E nem espere que lhe faça bolos ou confeitos.

É que tenho muito a fazer pelos meus defeitos
E não sei refazer contratos que foram desfeitos.

15/03/2013

O Livro das Revelações

O Livro das Revelações
Barata Cichetto
"Bind us all together, / Ablaze with Hope and Free. / No storm or heavy weather, / Will rock the boat you'll see. / The time has come to close your eyes, / And still the wind and rain. / For the one who will be King, / Is the watcher in the Ring. / It is You"  - Iron Maiden - "Revelations"
Jules Joseph Lefebvre - Mary Magdalene In The Cave -  1876

Pelas igrejas procurei ansioso pelos deuses
Uma procura longa de centenas de meses.
E conheci coisas que nem diabos acreditam
Debaixo das saias das monjas que meditam.
Sobre púlpitos de cristal, bundas de crentes
E nas sacristias comendo rabos de carentes.

Penitências, trabalhos em esquinas e sacrifícios
Dedicados a estatuas do tamanho dos edifícios.
A pomba e o macumbeiro com sapos na cintura
Um par de facas na mão e o cabelo com tintura.
As ameaças de morte e a redenção pelas águas
E eu, que tinha apenas dúvidas, risos e mágoas.

E deuses nada, porra, e sou eu que não minto
Apenas o padre que queria chupar meu pinto.
Nenhuma sensação eu tinha da gloria eterna
E nenhum tesão sentia pela história fraterna.
Apenas medos do inferno, do céu e da morte
Esperando dos deuses mudarem minha sorte.

O pastor cheirando a urina, o padre a naftalina
E eu sempre achando uma merda festa natalina.
A crente dando a buceta no parque e eu fudido
E os deuses nunca impediram de eu ser o traído.
E outra a congregar machos e fêmeas na cama
Enquanto o demônio não fode, mas leva a fama.

Então ela leu minha sorte em cartas de baralho
E eu sabia que aquela me daria mais trabalho.
O turbante da cigana, o preto, a pomba pelada
E na hora de foder era apenas uma puta gelada.
Réstias de alho, despacho na esquina e eu morto
Sem saber mais o que era reto e o que era torto.

Eu bem que quis acreditar e bem eu quis sentir
Mas a mim mesmo não sabia o que era mentir.
Agora não tinha crença, nem esperança e medo
E deuses não tinham nem eram nenhum segredo.
Pois o que não existe não tem como se esconder
E não há o que perguntar ou a quem responder.


Arquíloco


Arquíloco
Barata Cichetto
"Não há pessoas privilegiadas / Em um campo de batalha." - Arquíloco de Paros, Seculo VII A/C.

Um dia pelos idos dos setenta, quando poesia ainda era arma
Nas estantes de uma biblioteca, ainda acreditando em carma
Quando procurava pela obra de Maugham, o Fio da Navalha
Conheci a história de um guerreiro pobre e morto em batalha
Arquiloco, primeiro a colocar em primeira pessoa poesia lírica
Foi chamado de mercenário e de precursor da poesia satírica.

De Paros, conheci a história do suicídio do sogro inconformado
E o poder da poesia ferina e pena afiada desse heróico soldado
Filho ilegítimo de uma escrava em Tasos, o general das raposas
De escudo contra o aço das espadas e seu fascínio pelas esposas
E com o versado aprendi a comer e beber com a lança em riste
Mas apoiado na lança não era soldado, mas o poeta que resiste.

Mas de todos o maior segredo é que mortos não tem glória
Que lhes sobram apenas desgraças e um lugar na história
E a nobre arte de ferir duramente aqueles que ferem a mim
Pois aos mortos e feridos apenas o que sobra é o que é ruim
E por termo e por dedicação ao nobre guerreiro, o meu escudo
Coloco seu nome numa obra, fruto do meu senso e meu estudo.


(Nota: em 1981, lancei um livro mimeografado de poesia com o nome "Arquíloco", edição que foi perdida, mas recuperada recentemente.)

14/03/2013

Punheta


Punheta
Barata Cichetto
Punheta em Desenho de Carlos Zéfiro

Uma fotografia, um pensamento, um filme de ação
Existem muitas que instigam a minha masturbação
A mente solta em puteiros, castelos, ônibus lotados
E a cabeça sonha, sou um daqueles bem dotados
Fodendo em gozos gigantes em rostos sorridentes
A esporrar em todos os rostos e lábios estridentes.

O que é a punheta? Penso ainda antes de tudo
A punheta é a trepada dos solitários, sobretudo
Mas muito acima dos gozos solidários sem beijo
A punheta é um orgasmo sem qualquer desejo
É ejaculação, feito ato físico sem de fato ser sexo
Gozo egoísta sem tesão, sem paixão e sem nexo.

12/03/2013

Introdutório Sobre a Mentira, a Traição e o Roubo


Introdutório Sobre a Mentira, a Traição e o Roubo
ßä®ä†ä Cichetto

Há tempos quero falar sobre a dolorosa traição
Mas seria um poema tolo, cheio de contradição
E então decidi falar sobre a mentira, irmã gêmea
Embora mentira, verbo irregular, não seja fêmea
E da forma que "verbo" no masculino não é macho
Mas na flexão de gênero ambos mentem, eu acho.

Há quem estranhe afirmar que são elas idênticas
Ao que afirmo simplesmente que são epidêmicas
Tanto uma quanto outra de roubar são sinônimos
Pois o mentiroso trai, o traidor mente e antônimos
E ambos roubam a confiança dos olhos do furtado
Sendo, portanto umas e outras, obras de apartado.

O traidor e o mentiroso tem todos a mesma forma
Retirando do outro o que lhe foi dado por norma
Confiança roubada, esperança usurpada é roubo
Tratado pelo criminoso com galanteria e arroubo
E tratam de tal crime de acordo com a genética
Achando que tudo é questão de gosto e estética.

E quero terminar com a mesma dor do introdutório
Sabendo que cometi um poema tolo e contraditório
Mas tolice é pensar que trair não é o roubar e mentir
Pois apenas o roubado tem pedaços faltando a sentir
E engana-se ao pensar que sou o mentiroso fingidor
Pois conheço a mentira e ela quem causa minha dor.


11/03/2013

Brinquedo Sectário


Brinquedo Sectário
Barata Cichetto

E agora, prestes a completar meus cinquenta e cinco
Ainda gosto dos brinquedos e com eles ainda brinco.

E como disse o Polaco, "poesia é um fenômeno etário"
Então eu brinco de poesia, o meu brinquedo sectário.

10/03/2013

"O Caminho da Dor é o Amigo"

"O Caminho da Dor é o Amigo"
Barata Cichetto
''O caminho do risco é o sucesso / Do acaso é a sorte / O da dor é o amigo / O caminho da vida é a morte!" - Raul Seixas - "Caminhos"
1 - Meu Amigo Isaac
"Muitas vezes, (...), você fala / Sempre a se queixar da solidão /  Quem te fez com ferro, fez com fogo, (...) / É pena que você não sabe não.." - Raul Seixas - Meu Amigo Pedro
Caríssimo amigo que em metáforas transborda seus regurgitos
Que chama a mim de poeta da alma maldita, poeta dos aflitos
Saiba que recorro à poesia, a alma e a maldição que presumo
Sob a antiga simbiose dos tolos a quem a mim mesmo resumo
E num arremedo de poesia imponente, a saga perversa da dor
Abraço-lhe feito irmão e não feito poeta, nem perfeito fingidor.

2 - Joanna Sem Fronteiras
"Todos os caminhos são iguais / O que leva à glória ou à perdição/  Há tantos caminhos tantas portas / Mas somente um tem coração..." - Raul Seixas - Meu Amigo Pedro
Caríssima amiga de quem desconheço a imagem do rosto
E de quem desconheço idade, cheiro ou até mesmo o gosto
Mas que tanto reconhece a mim, feito gente e aos pedaços
E a quem minha poesia feita de bocas sujas e pés descalços
Encanta a ponto de eu, apenas poeta analfabeto e doente
Ter orgulho de, acima de ser homem, ser poeta e ser gente.

3 - Meus Caros Amigos
"E eu não tenho nada a te dizer / Mas não me critique como eu sou / Cada um de nós é um universo, (...) /  Onde você vai eu também vou." - Raul Seixas - Meu Amigo Pedro
Amigos precisam ser guardados na mente e jamais no peito
Pois existe ali apenas um músculo frouxo, fraco e imperfeito
E então guardo dentro de uma cabeça dolorida e dolorosa
Amigos que transformam minha existência triste e pesarosa
Em uma imensa aventura de prazer com a surpresa no final
Pois amigos é que podem nos trazer o sentido da vida afinal.

O Segredo da Estrela


O Segredo da Estrela
Barata Cichetto

Em busca de uma estrela acabei na São João
Ela tirou sua roupa e eu tremia feito um rojão
Perfume barato, buceta pelada, eu com medo
Eu nada sabia, buceta para mim era segredo.

Ela riu do meu jeito e meu pau não crescia
E quanto mais ela ria, mais o infeliz descia
Mas Dalva era seu nome e Dalva era puta
E parou de rir e chupou meu pinto, astuta.

Eu tinha dezesseis e não sabia ainda foder
Dalva vinte e seis e conhecia o seu poder
E entre fodas e poderes, fodemos três vezes
Depois trepamos pelos próximos dois meses.

E agora ao lembrar daquela estrela pelada
Que deve ter morrido bêbada ou atropelada
Ainda penso que prazer foi o maior segredo
Que uma estrela pôde me contar sem medo.

08/03/2013

Diário de Um Espelho


Diário de Um Espelho
Barata Cichetto
Todas as manhãs olho meu rosto no espelho embaçado
- Olha para o outro lado, estúpido vidro amaldiçoado!
Outro fio branco em minha barba, - caralho, que bosta!
Pois nos meus cabelos brancos o tempo fez sua aposta.

Outras rugas, o amarelado intenso e a pele inchada
"Cale-se, espelho nojento ou lhe parto com a enxada
E ao olhar ao meu rosto, não acho nada engraçado
Pois não vejo graça das misérias de um desgraçado.

E não tenho sanha de maldito ou alma de artista
Não sou o sonho, mas o pesadelo de um monista
Nem augusto nem dos anjos, porco poeta sebento
Pois das chagas sou o pus e das mágoas lazarento.

Nunca fui bom nunca santo, nem do pau nem do oco
Pois qualquer desgraça a mim é sempre muito pouco
Um dia ainda quebro o espelho sem nenhuma piedade
E continuo a olhar meu rosto sem qualquer felicidade.

07/03/2013

O Trem Bêbado


O Trem Bêbado
Barata Cichetto

Sobre pontes bêbadas que balançam sob meus trilhos
Trafego altivo, meu ferro e aço carregando seus filhos
Que abrem o meu ventre ao aportar na estação imunda
E eu os esmago entre as paredes feito carne de segunda.

Engulo a seco carregando no bojo pobres pensamentos
E solto nas curvas um apito que encobre seus tormentos
Mas o silêncio das carnes que carrego esconde a morte
Dos que moem suas carcaças em busca de melhor sorte.

Lembrem dos tempos românticos, dos tijolos da estação
Das locomotivas soltando fumaça, caminho a prestação
E aguardem ao sinal sonoro de proibido pensar a bordo
Porque antes de cairem no vão da plataforma os acordo.

Bêbado com nojo de alguém vomito na próxima parada
Trilhos tortos e aço fundido causam vertigem descarada
Então apanhem agora os restos moídos de seus belos filhos
Porque bêbado e alegre sigo brilhando sobre meus trilhos.

06/03/2013

A Ponte Bêbada


A Ponte Bêbada
Barata Cichetto

E eu, bêbada ponte, uno uma a outra e a outra a uma
Margem do rio, córrego de esgoto coberto de espuma
Restos de comida podre, pedaços de sofás, bichos mortos
Trepadas da noite, porra e pedaços de corpos de abortos.

Ponte bêbada sobre o rio que barco agora não carrega
Nem bêbado nem nada, rio que da morte se encarrega
Concreto armado, vergalhões retorcidos ao vento imoral
Minhas costas doem e ranjo de dor ao sabor do temporal.

Sobre mim carros egoístas, ônibus lotados de esperanças
E taxis que carregam a dor dentro de corpos de crianças
E eu apenas uma ponte bêbada, sábia, arrogante e triste
Rígida feito o falo de ditador que ao tempo ainda resiste.

Lembrai-vos sim das flores, da montanha, do sol e do monte
Mas lembrai-vos também de mim, bêbada e dolorida ponte
Que esticada entre dois pontos é o consolo dos desesperados
E o desespero dos bêbados, poetas e dos amantes esperados.

05/03/2013

Falo

Falo
(Prefácio ao Livro Homônimo)
Barata Cichetto
Desenho de Carlos Zéfiro


Falam que sou porco, bêbado, tarado
E justo eu, que de beber tinha parado
Falo muito, falto alto, o que penso falo
E por que penso, falo por que não calo.

Falo muito, falo forte e falo rígido
Tagarela, cuspidor, nunca frígido
E a fala é que não cala, sou tesão
Tarado e bêbado, porco e artesão.

Pois não cuspas em meu rosto
Que lhe causo o farto desgosto
E se sentes pavor da minha fala
É que seu medo é o que lhe cala.

Falo o que quero e o que desejo
Pois a minha fala é o meu beijo
E se eu não mato, morro ou falo
Não morro, mato e não me calo!

E quando falo, falo pinto, porra e caralho
Falo é minha profissão e poesia o trabalho
O pinto um instrumento quase litúrgico
Com que abro carnes em ato cirúrgico.

E enquanto falo ouço gritos altos de dor
Alto lá, queridas, eu não sou estuprador
Apenas falo e falar pode acordar o mundo
Embora creia que falo coisa de vagabundo.

Sei do que falo, não falo só por falar
Não sei quando calo e não sei calar
E meu falo quando falo cresce duro
Falo com o falo e a língua, asseguro.

Minha língua é meu falo, minha cara
Cara amiga, que a mim se escancara
E sem falácia, sem drama e sem medo
Guardo em minha língua seu segredo.

04/03/2013

Rádio Barata Livre - Programa 05

Rádio Barata Livre
Sexo, Poesia & Rock'n'Roll
Porque idéias são à prova de balas... E a luz é apenas um buraco na escuridão.
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
Segundas, das 21 as 23 horas pela Stay Rock Brasil
Reapresentação, terças, das 16 as 18.
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Programa Nº. 5 -  04/03/2013
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Abertura:  Star Trek/Belchior - A Palo Seco/Todo Sujo de Batom
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Bloco 1
(Nova Abertura do Programa: Ricardo Alpendre / Poema: "Brutalidade (Ou Alice Cooper Não Mora Mais Aqui no País das Maravilhas)" (Trecho)
http://baratacichetto.blogspot.com.br/2013/02/brutalidade-ou-alice-cooper-nao-mora.html

- Bob Dylan & The Band - Before The Flood - Ballad Of A Thin Man
- Led Zeppelin - Dazed And Confused
- Pink Floyd - Have a Cigar
- Black Sabbath - Hole in the Sky
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Bloco 2
(Lançamento "Cohena Vive!" - 11/03/2013)
- The Ladybirds - Yes I Know (1967)
- The Atomic Bitchwax - Kiss the Sun
- Pleasure Seekers - What a Way To Die
- Suzy Quatro - I Wanna Be Your Man
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Bloco 3
(Portal Stay Rock Brazil / Programas / (Poema Concurso Sombrias Escrituras
http://www.sombriasescrituras.net/concurso/ >>> Serena - Por Barata Cichetto
http://www.sombriasescrituras.net/products/serena/ )
- The Runaways (Lou Reed) - Rock'n'Roll
- Holy Moses and Doro - Too Drunk To Fuck (Wacken 2003)
- Betty Blowtorch - I Wanna Be Your Sucker
- Betty Davis - Steppin In Her I Miller Shoes
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Bloco 4
(Revista PI2)
- Cowboy Junkies - Sweet Jane (Live)
- Curved Air (Live) - Propositions
- Esperanto - Eleanor Rigby
- Patti Smith - Ask The Angels
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Bloco 5 (Glitter/Glam Rock)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Glam_rock
- T. Rex - Get It On
- David Bowie - Suffragette City
- Gary Glitter - Do You Wanna Touch Me
- Sweet - The Action
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Encerramento: Elton John - Goodbye Yellow Brick Road / Katarze (Tom Araya/Tom Waits/Cassia Eller)
Aberturas: Perdidos no Espaço/ Terra de Gigantes/Star Trek/Thunderbirds/Etc.
Trilhas Sonoras das Interlocuções:  Cynthia Witthoft - The Power of Women
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Lançamento "Cohena Vive!" - 11/03/2013



Depois de 12 livros lançados em sistema artesanal, o poeta, escritor, webdesigner e apresentador da Stay Rock Brazil, Barata Cichetto, lança pela Editora Multifoco, seu livro de poesia "Cohena Vive! ou Antes do Começo e Depois do Fim". A vernissage contará com a presença de vários amigos, musicos das bandas de Rock e poetas, além de alguns dos produtores da Stay Rock Brazil, que apoia este e outros eventos ligados ao mundo da Cultura Rock. A escolha da Segunda-feira, é em função de que muitas pessoas reclamam a falta de opções nesse dia da semana, em São Paulo. E não esqueçam que minha arte não é para decorar estantes, mas antes disso um instrumento de guerra.

SERVIÇO:
11/03/2013
BARATA CICHETTO
LANÇAMENTO DE "COHENA VIVE!"
SEGUNDA-FEIRA
PAPO, PINGA E PETISCO
Praça Franklin Roosevelt, 118
Centro - São Paulo
Tel.: (11) 3257-4106
A Partir das 18:30

02/03/2013

Cem Folhas

Cem Folhas
Barata Cichetto

(Eu trago comigo um par de cadernos
E cada um deles tem certas cem folhas.
Nelas eu anoto todos meus sonhos eternos
Marcando em cada uma minhas escolhas.)

"Na outra linha, parágrafo, dois dedos da margem!" Ordenou a mestra de pernas cruzadas sobre a mesa. E eram belas as pernas debaixo daquela mini-saia. E eu a comia com a mão todos os dias depois da escola.

Eu tinha comigo um par de cadernos com capas de papel amarelo. Em cada um deles, matérias de escola. Mas em ambos, rabiscados na margem, no espaço dos dois dedos, nomes de meninas de mini-saias, uniformes de colegial, que depois das aulas, eu lembrava trancado no banheiro.

Os cadernos tinham cem folhas, mas depois de algum tempo, algumas eram arrancadas e usadas para limpar meu esperma ainda incolor. E os nomes das meninas e da mestra iam parar no cesto de lixo, junto com o esperma, meus sonhos e minhas escolhas...

À margem das folhas, onde eu anotava com letra miúda as minhas escolhas. Eu agora sabia escrever, e jamais as mestras e as colegas de escola e suas mini-saias estariam imunes à minha caneta... E a minha punheta.

(Tenho poemas escritos sob todas as formas.
Em letra de forma, escritos fora das normas.)

Depois de mais de quarenta anos, as quatro da manhã eu perco o sono. Onde andam minhas folhas, por onde andam minhas filhas? Não tenho folhas, nem filhas e agora? Onde andam a mestra e as alunas? Ainda usam suas mini-saias? Resta o computador, monstro negro, inerte e silencioso! Sem punhetas, sem professoras  e sem alunas de mini-saias. Apenas o computador. E poemas sem forma nem formato. Digitados em um teclado cujas teclas estão apagadas de tanto usar.

Pobre computador!

Penso na morte e sobre o quanto eu a conheço! "Prazer em conhecê-lo!", disse ela quando apagou a luz e tirou a roupa. Seus lábios estavam pintados e lambuzados de esperma. Não tinha uma foice nas costas, mas marcas de dentadas e unhas. E eu disse: boa noite, Morte! Até amanhã! Durma com os anjos!

Pobre Morte!

Deixei uma nota de cinquenta em cima da mesa de cabeceira e sai, fechando o cinto e me perdendo pelas esquinas da noite. Até amanhã!

Pobre eu!

Elegia Ao Vivo


Elegia Ao Vivo
Barata Cichetto

Quando aconteceu a minha primeira morte
Tinha flores roxas e lágrimas sobre o caixão.
Mas da segunda foi bem pior a minha sorte
Pois não tinha dores nem suspiros de paixão.

Morri tanto que da morte nem mais recordo
Pois que morro diariamente quando acordo
Tantas mortes eu morri durante a existência
Que de mim mesmo não sinto mais ausência.


01/03/2013

Cem Anos de... "Sexo, Poesia & Rock'n'Roll" - Volume 7


Cem Anos de... "Sexo, Poesia & Rock'n'Roll" - Volume 7
(Inspirado por uma declaração do amigo Genecy Souza)

Quero morrer apenas com cem anos de idade
Tenho, pois muito a foder antes da eternidade.
Quinze belas putas desejando ao meu caralho
E doze lésbicas chupando sem muito trabalho.

Tenho que esperar por uma morte com garra
Morrer fodendo, gozando e poetando na farra.
Então fodamos agora e para sempre e amém
Pois fodas não existem depois no tal do além.

E fodamos, misturando dobras do lençol a nossas rugas
Escrevo poesia na pele enquanto coças minhas pulgas.
E sua coleira será a guia e a vulva o caminho do prazer
Pois sabes que puta ou vadia será seu todo meu prazer.

Fodamos, portanto, esquecendo porque ontem choramos
Façamos, pois da putaria nossa religião e por ela oramos.
Leio o sétimo capitulo de minhas memórias, sétimo filho
Do sétimo rebento de uma dinastia sem qualquer brilho.

Morrer aos cem, morrer sem, morrer fodendo com a morte
Mas foder por foder, prefiro estar fodendo com a sua sorte.
Morrer pelado, com as cuecas meladas presas nos joelhos
Fodendo feito aos cachorros, os rinocerontes e os coelhos.

E quanto ao Rock, Slade e um pouco de psicodelia antiga
Podem ser a trilha sonora junto com a voz da velha amiga.
Mas morrer ao cem ou até amanhã pouco a mim importa
Pois nasci para a foda, a poesia e arrebentar a toda porta.

A Idéia e a Sombra


A Idéia e a Sombra
(A uma amiga de nome Joanna)
Barata Cichetto

Eu que passo madrugadas inteiras de insônia perversa
A travar monólogos com sombras e diálogos com idéias
Acabo confuso sobre o que uma fala e a outra versa
E misturo musas com Medusas, deusas com Medeias.

Afobado, ainda pergunto da origem daquelas substâncias
E longe de equilibrar, a simbiose das coisas causam medos
Então busco, desde outras eras, em recônditas reentrâncias
A origem das idéias, das sombras e seus cósmicos segredos.

Há tempos deixo de buscar no alheio inspiração a meu verso
Preferindo nas sombras e nas idéias encontrar meu Universo
E ainda que na noite, martírio de doutas e insanas criaturas
Encontro a prostituídos e monótonas corujas em ruas escuras.

Agora por fim pergunto, em um turbilhão de vocábulos acres
De onde vem a sombra, a idéia e os venábulos dos massacres
E tenho apenas o silêncio ígneo a queimar a carne exausta
E a certeza de que a idéia é apenas pobre sombra infausta.


O Cachorro, a Caixa de Sapatos e o Destino


O Cachorro, a Caixa de Sapatos e o Destino
Barata Cichetto
Perro Rascándose - Matias Grunewald, 1480

Antes era recolher meus animalescos instintos
Junto de impuros desejos e poemas indistintos
Dentro de antigas e rasgadas caixas de sapatos
Guardada por um cão sujo lotado de carrapatos.

Cometia poemas enormes, igual crimes perfeitos
Segredos guardados, instintos e desejos desfeitos
E naquelas caixas sujas, sem tampa e sem fundo
Eram guardados todos os desejos do meu mundo.

Mas apodrecida a caixa e morto o animal
Percebi que nada mais havia de anormal
E deixei de precisar da caixa e do cachorro
Pois não havia mais a quem pedir socorro.

Agora olho embaixo da cama, nada mais resta
Em cima, apenas de mim aquilo que não presta
E quem dera sobrassem meus instintos de menino
E não apenas coisas que não creio, como destino.