O CONTEÚDO DESTE BLOG É ESPELHADO DO BLOG BARATA CICHETTO. O CONTEÚDO FOI RESTAURADO EM 01/09/2019, SENDO PERDIDAS TODAS AS VISUALIZAÇÕES DESDE 2011.
Plágio é Crime: Todos os Textos Publicados, Exceto Quando Indicados, São de Autoria de Luiz Carlos Cichetto, e Têm Direitos Autorais Registrados no E.D.A. (Escritório de Direitos Autorais) - Reprodução Proibida!


31/10/2018

Revelações Segundo Barata, Capítulo 1, Versículo 2

Revelações Segundo Barata, Capítulo 1, Versículo 2
Barata Cichetto


Um dia eu também fui um crente. Acreditei em todos os tipos de deuses; dos de barro aos de louça, dos de madeira aos de plástico; dos feitos de cristal aos de metal; afinal, eu era um crente total. Um dia acreditei em todos os tipos de deusas; das de carne às de papel, das de pano às de plástico; das de celuloide às de fantasia; e até mesmo nas que tinham forma virtual ou intelectual.; afinal era um amante imortal Acreditei em deuses e deusas de todos os nomes, de todas cores, de todos os tipos; de todas raças, de todas as culturas, e de todas estaturas. E tinha crença na noite e no dia, no pão e no circo, e em amores e eternidade também; e muito além, no a quem e no amém, afinal eu era um crente, e crentes apenas acreditam no que não têm. Um dia eu fui de todos, a todos e por todos esses deuses e deusas; e fui a tanta igreja, a tanto puteiro, tanto cinema e a tanto bar, que já nem sabia mais onde eu tinha que estar. E de católico a cafetão, de protestante a ladrão, de apostólico a patrão, e de caótico a traficante, fui tanta coisa, que nem sabia mais quem eu tinha que ser. E foram tantas crenças, tanta certeza, tanta esperteza, tantas palavras, e tantas juras, que nenhuma fé eu poderia deixar de ter, e nenhuma verdade poderia desconhecer. De poeta dos deuses a profeta das deusas, fui apenas um pateta, ateu, que prometeu o fogo, e no jogo se fodeu. E fui acreditando em deusas e deuses de tantas religiões, legiões, cores e úteros, que a única forma desses deuses e deusas continuarem a existir era eu deixar de acreditar em suas existências. Ou eles continuavam a existir ou eu. E talvez  hoje esses deuses e deusas sejam crentes em mim, e talvez ainda continuem a existir dentro da crença de alguém.

25/10/2018

28/10/2018

Barata Avatar

Barata Avatar
Barata Cichetto

Corram para as colinas, apertem os cintos, fujam enquanto podem, que Barata está vivo, e está na cidade. E Barata é uma péssima companhia, é bom que todos saibam de antemão. Uma má companhia a idiotas, agiotas; falsos profetas e poetas de letra bonita. Uma má influência às senhoras mal comidas, às mendigas mal dormidas, e às megeras pervertidas. Tranquem em casa suas famílias, prendam suas filhas, Barata está na cidade! Cerquem suas ilhas, soltem os cachorros e guardem as galinhas dentro do armário: Barata está cidade! Cuidado, é perigoso esse homem; ele e sua mania de fazer poesia como quem te mostra um espelho, ele e sua mania de falar o que pensa, sobre o vermelho, sobre o verde, e pessoas incolores, suas dores e seus sabores. Chamem o pelotão, enforquem-no em praça pública, para que sirva de exemplo à aldeia. Fujam, que Barata não é flor que se cheire, não gosta de tomar banho, peida fedido e fala palavrão; sujeito subversivo, que insiste em estar vivo. Corram, que Barata é um perigo. Joguem-no na linha do trem, moam seus ossos, quebrem suas pernas, para que não possa andar, e seus dedos para que não possa escrever. Arranquem sua língua, para que não possa falar. Espalhem cartazes de procurado vivo ou morto pelos muros, pelas pontes e pelos postes. Ofereçam recompensa, ao que pensa que pode matar. Chamem o prefeito, algo tem que ser feito, e de algum jeito, para deter esse sujeito, o tal de Barata, imperfeito; poeta perigoso, idoso, inescrupuloso, odioso. E ele está na cidade! Barata é bicho escroto, feito praga de gafanhoto, escriba canhoto; fujam dele, como fogem do Capiroto. Fechem os puteiros, acertem os ponteiros, chamem os porteiros; fechem as portas, escondam as mortas, acertem as tortas, que Barata está na cidade! Desliguem a eletricidade, escondam a felicidade, e abram nova vala no cemitério, que Barata é um caso sério; e ele está entrando na cidade, sem cavalo, nem esporas, sem estrela no peito, sem chicote nem foice, mas armado até os dentes que ainda lhe restam. Ele usa dentadura, abre fechadura e sorri mostrando a ferradura. Suspendam o churrasco, chamem o carrasco e tragam a corda. Pendurem-no na árvore mais alta, que ele não faz falta. Barata não é gente, pensa diferente, é descrente, indecente; um doente; de tanto pensar. Coloquem-no na jaula, suspendam as aulas, Barata chegou! E diz que veio para ficar. Chamem a polícia, acionem a milícia, Barata não pode passar! Mas cuidado, que ele anda amado e é perigoso; e escreve tanto, que até pensa que é escritor, mas é apenas avatar, difícil de matar. Não ouçam o que ele fala, não leiam o que ele escreve, que, aliás, de nada serve.

01/10/2018

26/10/2018

Não Tenham Piedade de Mim!


Não Tenham Piedade de Mim!
Barata Cichetto

"Senhor, tende piedade de mim!", pedem as senhoras católicas de joelhos calejados e mãos postas; tende piedade de mim, grita a perversa enquanto lhe atravesso o útero; tende piedade de mim, implora o mendigo quando quer do cigarro que acabei de comprar; tende piedade de mim, grita o comunista; tende piedade de mim, berra o fascista; tende piedade de mim, chora o artista; tende piedade de mim, implora o masoquista; tende piedade de mim, rogam minha mãe, meu pai e meus filhos; tende piedade de mim, oram o padre, a freira, o satanista e até a puta da esquina; tende piedade de mim, pede o poeta com seus versos ridículos sobre amores e flores; tende piedade de mim, pede o doceiro, o açougueiro e o cozinheiro com facas na mão; tende piedade de mim, pede o batedor de punheta e até o cachorro da sarjeta; tende piedade de mim, implora minha mulher, minha amante e as três concubinas de cada uma delas; tende piedade de mim, pede o locutor da rádio, o pastor da igreja pentecostal e até o ator de fundo de quintal; tende piedade de mim, pede o sujeito que rouba minha carteira; tende piedade de mim, implora a aborteira; tende piedade de mim, implora o banqueiro, o traficante e o senador; tende piedade de mim, implora o coveiro, e até o defunto; tende piedade, tende piedade de nós. Todos pedem por piedade. E até o carrasco de machado na mão, e o ditador democraticamente eleito, querem a piedade daqueles que sacrificam. Não tenham piedade de mim!

23/10/2018

23/10/2018

A Poesia Está Fedendo!

A Poesia Está Fedendo!
(Ao amigo Joka Faria)
Pintura: Barata Cichetto, "085 - A Leitora ", 2017 - Tinta látex sobre papel Paraná

Ora, pois, que sejamos sinceros: a poesia morreu. Inanição. Há muito deixaram de alimentá-la. À parte alguns poucos que bradam, que pedem para que não a deixemos morrer, ela é apenas uma carcaça moribunda, fedendo e estorvando na calçada. Sim, sejamos sinceros. Pense bem consigo: quando leu, ou melhor quando abordou pela ultima vez a poesia. Abordou, sim, ou seja, chegou perto, tocou, sentiu, perguntou do que se tratava, aonde ia, coisas assim.  Quando foi que comprou, e leu, um livro de poesia? Seja sincero. Não com a sinceridade da poesia, mas com a sinceridade da medicina. Ler poesia em Facebook é o mesmo que falar sobre as vantagens da virgindade num puteiro, sobre as virtudes da honestidade no congresso. Falam sobre livros de poesia, poetas boquirrotos brandindo seus últimos lançamentos por editoras que lhe arrancam o os olhos da cara e as pregas do rabo para terem o prazer vaidoso de ter seu nome numa capa colorida. Gatos mijam sobre livros de poesia, pombos cagam. Não há mais poetas, apenas escrivinhadores de palavrinhas bonitinhas para impressionar a garota que o sujeito ou a sujeita quer comer na balada, com a cara cheia de energético e uísque falsificado. Esqueçam a poesia. Se querem escrever alguma coisa, arrumem emprego num escritório de contabilidade, façam um livro de receitas veganas ou sobre como encontraram uma monja despida aos pés do monte karnal. O século vinte e um, que deu razão a Piva, um dos últimos poetas verdadeiros, matou a poesia. Poesia não rima com tecnologia, tela de computador com fundo azul, feito esta onde escrevo essa verborrágica vomitória sobre a morte da poesia. Ora pois, sejamos sinceros, deixemos que a poesia descanse em paz, já que neste mundo não há lugar onde ela possa respirar. Desliguem os aparelhos, pisem na mangueira. A poesia está morta. Viva a Poesia! Calem-se!

23/10/2018

Tempos do Caralho

Tempos do Caralho
Barata Cichetto
Pintura: Barata Cichetto: "032 - Selfie Sem Vergonha", látex sobre papel Paraná

Tempos bicudos, tempos rotundos, tempos grossos, rabos abanando cachorros, pássaros sem cor, mudos e vagabundos; a política, não a poesia, disse o charlatão; a poesia moribunda inunda de sangue o mar; sangra, se afoga, revoga a lei, do Universo; meu verso, meu inverso: acionem o reverso; liguem os motores de proa, minha prosa, mote e glosa; o barco bêbado, encharcado de rum; tempestade a estibordo, grita o marinheiro, o comandante grita: todos a bordo, ratos correm pelo convés e um pirata com a faca entredentes tem sangue nos olhos; tábuas rangem estridentes, bandeiras rasgadas, usadas como papel higiênico, epidêmico, endêmico, sistêmico; viés satânico no horizonte; abandonem o navio, grita o marinheiro no alto do caralho do navio; lua de sangue, mar de lama, mulheres e crianças aos botes, comunistas ao mar, políticos aos tubarões, barões empalados, portos distantes, furacão a bombordo, todos a bordo; chamem Rimbaud, o capitão, o barco bêbado atravessa a tormenta, chamem Messalina para a diversão; o balanço aumenta meu enjoo, alimenta meu nojo, marinheiros tomam rum e quebram as garrafas no tombadilho, e o estribilho é uma letra de funk: estão todos mortos, são apenas esqueletos que dançam, como num velho desenho animado; a água inunda os camarotes; ricos e ratos e gatos, salve-se quem puder; a orquestra toca a canção de despedida, o barco afunda, água salgada à altura da bunda. Iceberg, Zuckerberg e outros bergs gritam que não são culpados: gente demais na embarcação; e ainda há um poeta, com um canivete na mão, entalhando na madeira podre do barco suas ultimas palavras, um verso torto, que irá boiar, como o ultimo pedaço podre de poesia, até que a água salgada desfaça o verso e a madeira: não há mais poesia possível num mundo que se afoga no seu próprio vômito.

23/10/2018

22/10/2018

Eu Vovô

Eu Vovô
Barata Cichetto
Pintura: Barata Cichetto, "Oral" 2016 - Látex Sobre Papel Paraná

Vovô viu a uva. Eu vi a vulva. Eu vovô viu a vulva. E chamou de uva. E chupou. E eu vovô viu vovó. E nela uma uva. E a chupou até o caroço. Da uva. Da vovó. E a vulva da vovó é uma uva. Que eu vovô quer chupar. Eu vovô viu a uva. E vovó vulva quer fumar. Vovô uva, Eu, quer vulva. Vovó vulva quer fumar. Vovô viu algum cigarro? Pra vovó chupar? Vovô saiu na chuva. Pra vovó vulva fumar. Vovó ficou viúva. E agora parou de fumar. 

20/10/2018

Ciao, Bella!

Ciao, Bella!
Barata Cichetto
Pintura: "Virgin Bell", Barata Cichetto, 2017, Tinta Látex Sobre Papelão

Eu fui poeta. E fui por ter sido, e fui por ido. E eu fui, sem ir a lugar nenhum, em nenhum compêndio, nenhum prêmio, nenhum concurso, nenhuma editora. E fui poeta, fui por sido, fui por ter ido, aonde ninguém quis chegar. Quem sabe Piva chegou. E chegou longe. Mas em sua época ir longe era ir até o Teatro Municipal, ou à Biblioteca Mário de Andrade, e ter livros editados por editores undergrounds. Aos sessenta Piva já tinha chegado, aonde eu nunca cheguei, nem chegarei. Eu nem sei por que. Qual foi meu erro? Qual meu acerto. Olho com tristeza publicações e vejo nomes de conhecidos, pessoas que chegaram, ao menos em algum lugar. Eu sai do meu. Acho que não quero mesmo chegar. Fui escorraçado por família, amigos e parentes. Sobraram meia dúzia, se muito, a ainda bater nas minhas costas, e dois ou três comprar meus livros que eu mesmo faço, já que nenhuma editora quer publicar. Estou conformado de ter sido sem nunca ir, de ir sem nunca ter sido. São Paulo não quis minha poesia, Araraquara não quer minha poesia, o Inferno não quer minha poesia, nenhum deus ou deusa quis minha poesia.  O que fazer com as pilhas de papel, com as centenas de arquivos de computador? Quem sabe sentar numa praça e ler aos pombos, que decerto me cagariam na cabeça.

22/10/2018

20/10/2018

Ode à Mão Direita

Ode à Mão Direita
Barata Cichetto

A minha mão direita é que me importa. Sou totalmente destro. Não que me orgulhe, queria ser ambidestro. Não sou sinistro, como se dizia antigamente. Minha mão direita fica à minha direita, a esquerda de quem me olha de frente, e à direita de quem me olha pelas costas. Minha mão direita não é estreita, não usa luva; e segura uma uva e uma vulva, me protege da chuva. Minha mão direita é minha eira, e minha beira. Tem cinco dedos, unhas curtas que não roo. Minha mão direita enfrenta tapas de mão esquerda. E socos de mão direita. Minha mão direita é feita para bater, para alisar, para fazer gozar. Serve para estapear e, principalmente para escrever, já que o faço a caneta, com a mão direita, e não em ambidestros teclados de computador. Ah, minha mão direita, que aceita o que pode, e bate em quem não pode. Minha mão direita é direita, nunca foi desonesta, nunca pegou nada de ninguém. Minha mão direita é minha liberdade. Minha mão direita se apoia sobre meu coração à beira de um enfarto. Minha mão direita segura meu caralho, e as cartas do baralho. Minha mão direita, que coça minhas próprias bolas do saco, segura seu casaco e penteia macaco. Com minha mão direita bato punheta, seguro caneta e afago buceta; abro e dou tapa, fecho e dou murro; seguro o cigarro e amparo o escarro. Minha mão direita é aceita, perfeita para o adeus, para o aceno e para o aperto de mão. Minha mão direita é minha mão do não. E minha mão do sim. Minha mão direita é minha mão, e dela não abro mão. E se sua mão esquerda é sua certeza, não critique minha destreza. A sua mão esquerda é a minha mão direita. O importante é a mão não a luva. O importante é a mão, não o que ela segura.

20/10/2018

19/10/2018

Roberto Piva: O Século XXI Lhe Deu Razão

Roberto Piva: O Século XXI Lhe Deu Razão
Barata Cichetto

O século XXI lhe deu razão; com seus coletivos egoístas, e seus egoístas coletivos; seus seletivos anarquistas, e seus anarquistas seletivos; seus computadores baratos, e seus celulares caros; seus ditadores de esmola, e seus educadores sem escola; seu analfabetismo político, e seus políticos analfabetos; suas mulheres plastificadas, e seus machos simplificados; suas crianças fascistas, e seus bebês tecnológicos; sua fome gourmetizada, e sua violência glamourizada. 
O século XXI lhe deu razão, com seu excesso de tesão, e sua falta de desejo; seus pode-tudo, e seus nada-pode; sua moral ressentida, e sua imoralidade consentida; seu fanatismo ideológico, e seu onanismo lógico; seus ódios escarrados, e seus ócios cuspidos; seus cupidos tecnológicos, seus bêbados ideológicos; seus zoológicos humanos, e seus humanos lógicos; seus cérebros de silício, e suas alças de silicone; seus drones, e suas câmeras de seguranças. 
O século XXI lhe deu toda a razão, com seus idiotas poéticos, e seus poetas agiotas; suas águas coloridas, e seus filmes sem enredos; seus medos de tudo, e seus segredos de nada; seus escritores de Twitter, seus pensadores de Whatsapp; seus filósofos de Instagram, e seus Youtubers; suas hashtags, e seus emoticons; seus notebooks, seus facebooks, e seus smartphones.
O século XXI lhe deu razão, com sua morbidez feérica, e sua rapidez cadavérica; seus quinze minutos de fama, e seus dois minutos de cama; suas cobras de isopor, e seus lagartos de papel; sua falta de poesia, e sua afasia; seu progresso sem ordem, e sua desordem ordenada; sua devassidão clériga, e sua imensidão estreita; seus rocks sem roll; seu futebol sem gol, e seus blues sem cor.
O século XXI que lhe deu razão, com suas palavras ressignificadas, suas mulheres empoderadas, e suas tolices toleradas; suas intolerâncias generalizadas, e suas prepotências potencializadas; suas cotas de felicidade, suas botas de faculdade, e suas roupas de facilidade; sua pornografia sem tesão, e sua pornográfica razão; seu politicamente correto, e sua política incorreta; seu pensamento engessado, e sua burrice premiada. 
E o século XXII também lhe dará razão, Roberto Piva.

Barata Cichetto, do século passado, no século presente; e sem futuro.

17/10/2018

Somos Todos Pessoas

Somos Todos Pessoas
(Editorial Para Uma Revista Abortada)
Museu Ferroviário de Araraquara, Foto: Barata Cichetto

Somos todos pessoas. Pessoas de bem, pessoas de mal, de açúcar, e de sal. Somos todos pessoas, fernandos ou orlandos, cidadãos comuns ou sem uns. Pessoas sem pessoas, pessoas de muitas pessoas, pessoas de ninguém, pessoas de alguém. Somos todos pessoas, poetas, profetas, paulos e saulos; marcos e pedros; jucas e lucas. Somos pessoas sem eira, pessoas sem beira. Somos todos pessoas, e pessoas são fatos. Pessoas são natas, daqui ou dali; pessoas de Araraquara, de São Carlos, de São Paulo. Somos pessoas, escritoras, cantoras; encantadoras e desencantadas. Somos pessoas feito Pessoa, que não querem nada, e pessoas que querem tudo. Pessoas que correm, que morrem, pessoas que socorrem; pessoas culpadas, pessoas inocentes. pessoas decentes, pessoas carentes; pessoas anãs, pessoas sãs, pessoas pagãs, pessoas crentes, pessoas doentes. Somos ciros, epitácios, estácios e inácios. Somos josés, saramagos, magos e bruxos; luizes e Camões; gagos, juízes e anões; antônios e joões. Somos todos pessoas. Augustos e Anjos, demônios e arcanjos. Somos pessoas com medos, com segredos; pessoas que acordam cedo, pessoas que não dormem, pessoas que não comem; pessoas com nomes, sem sobrenomes. Somos todos pessoas, simples ou complexas, côncavas ou convexas. Somos pessoas a toas, pessoas boas; pessoas más; mas somos pessoas, e pessoas são pessoas, apenas pessoas, e nada mais; pessoas normais, anormais; ademais, pessoas, outras jamais. Somos todos pessoas, doces e brutas, santas e putas; pessoas engraçadas, e desgraçadas; somos pessoas do sim, e pessoas do não. Somos todos pessoas, pessoas que são filhas, pessoas que são pais; pessoas que são filhos, pessoas que são mães. Somos joanas e anas, mários e marias, fernandas e amandas. Somos pessoas, que caminham e que param, que andam e mandam; pessoas que comandam. Somos franciscos e chicos, ricos e fredericos. Pessoas sem dinheiro, pessoas que devem, pessoas que recebem; pessoas que pagam, pessoas que pegam, que enxergam, que cegam; que negam, e que renegam. Somos todos pessoas, e pessoas são o inferno de outras pessoas. Somos todos pessoas más, mas algumas pessoas são mais más que outras pessoas más. Somos pessoas pessoais, sociais, antissociais. Somos todos pessoas, de peles escuras, e de peles claras; pessoas coloridas, pessoas doloridas, de qualquer cor; de fraldas ou de andador. Somos todos pessoas, que fazem poemas, que trazem problemas, que criam sistemas. Pessoas como quaisquer pessoas, que se prezam, que rezam, que se enfezam; pessoas que se atrasam, que chegam antes da hora. Somos todos pessoas; cristinas, marisas, marinas; faladoras e fingidoras; albertos e caeiros, covardes e guerreiros. Somos todos pessoas; pessoas das cidades e dos campos, álvaros, augustos e cids, humbertos e eduardos. Somos todos pessoas, somos quaisquer pessoas; de Portugal, do Brasil, de Moçambique; quaisquer pessoas, que falem português, que cantem em inglês, ou que façam poesia em chinês. Somos pessoas, que fazem versos, que criam universos, que fazem inversos, e causem inversões. Somos pessoas, diferentes versões, subversões. Somos pessoas; subversivas, vivas. E apenas quando somos pessoas mortas, deixamos de ser pessoas.
Barata Cichetto, Araraquara, 26/09/2018
Publicado Originalmente em 27/09/2018, em: http://www.abarata.com.br/revistapessoasararaquara/

Aforismo

Aforismo:
A pornografia é, de todas, a mais honesta forma de amor, por ser desejo e carne; sem a mentira do romantismo poético, e a pieguice hipócrita da religião judaico-cristã. (Barata Cichetto)

Quase Demônio

Quase Demônio
Barata Cichetto

Eu não durmo de pijama, durmo pelado, e acordo melado. Sou quase um santo, exceto por um detalhe: não uso manto e ando pelas ruas sem andor nem andador.
Eu não durmo, nem de pijama e mijo na cama, durmo pelado e acordo gelado. Sou idoso, ruidoso, teimoso, tinhoso, quase um demônio, exceto por um detalhe: estou morto.

Beijem o altar, e esqueçam do santo,
Aqueçam a sombra, dispam o manto.
Se somos mortos, todos deuses com próstatas,
Cromossomos tortos, tolos, as vezes apóstatas.

16/10/2018

13/10/2018

O Analfabeto (Que Se Acha) Político

O Analfabeto (Que Se Acha) Político

O pior analfabeto é o analfabeto que se acha político. Ele ouve, mas apenas o que quer, e fala apenas o que querem. Ele participa dos acontecimentos apenas com o intuito de aparecer;  ele não sabe o custo de coisa alguma, menos ainda de alimentação, e acha que tudo é culpa do patrão. O analfabeto que se acha político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que ama a política. Não sabe o imbecil que da sua arrogância - e não da ignorância do outro - é que nasce a intolerância, e o pior dos bandidos, que é o político corrupto e lacaio de interesses próprios, que usa o analfabeto que se acha político como comida para sua fome de poder.

Uma resposta ao texto de autoria não confirmada. Texto atribuído a Bertolt Brecht:
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.
10/10/2018

10/10/2018

A Fábrica de Moedores de Carnes Com Logotipo da Estrela Vermelha

A Fábrica de Moedores de Carnes Com Logotipo da Estrela Vermelha
Barata Cichetto

Há quem diga que as "esquerdas" em nada contribuem com a indústria, mas é preciso ser justo e dar-lhes crédito, não por uma invenção no conceito exato da palavra, mas no aperfeiçoamento de um artefato: o Moedor de Carne.

Particularmente no Brasil, mas de resto no mundo inteiro, desde os anos 1950, mas mais utilizado a partir de meados dos 80, o Moedor de Carne, produzido por uma empresa extremamente lucrativa, cujo logotipo comercial é uma estrela, tem se tornado item obrigatório na entrada de empresas jornalísticas, e especialmente nas portarias de escolas, particularmente nas faculdades, na área de humanas.

Como qualquer empresa que precisa expandir seu mercado, a fabricante dos moedores de carne as colocam gratuitamente nesses lugares, sabendo que no final das contas lucrará, senão com a venda da máquina, com o produto dela. Aliás, é esse lucro pelo qual a empresa realmente se interessa.

O funcionamento, entretanto, é um tanto diferente: o moedor de carne da empresa da estrela vermelha não aceita qualquer carne, apenas cérebro virgem, que depois de moído é entregue à sede da empresa,  que por sua vez, em função de contratos milionários com empresas do exterior, transforma cérebro virgem moído na mais pura e tenra mortadela.

Esse produto, que por suas características populares, é distribuído gratuitamente a outros portadores de cérebros virgens, que após a ingestão passam a ter alucinações e, logo depois procuram por algum lugar onde haja um desses moedores, que estão atualmente distribuídos em todas as praças e ruas do país, e entregam seus cérebros para serem moídos alegremente.

Há duas versões desses moedores de cérebro virgem: elétrica, movido pela geradores instalados disfarçadamente em favelas, e outra manual, movida por um exército de jornalistas, professores e até pequenos empresários, que nisso veem oportunidade de alavancar seus negócios.

Tempos atrás, algumas pessoas tentaram destruir a fábrica da empresa que tem como logotipo comercial a estrela vermelha, prendendo um dos gerentes. Acontece que a distribuição gratuita dos moedores em pontos estratégicos, como gabinetes de alto escalão, salas de juristas e de tribunais, era tão estrategicamente calculada, sendo que foi negociada e então trocada a prisão desse gerente pela libertação do grande SEO da empresa. 

Além do mais, contando com seus dois principais exércitos, o dos que doaram alegremente seus cérebros para serem moídos, e o dos que se alimentam da mortadela deles produzidos, e com as máquinas trabalhando a todo vapor por obra dos manipuladores da manivela, auxiliados pelo departamento de marketing, muito eficaz, da empresa, a fábrica de moedores de carne, que pelas leis deveria ter tido sua falência decretada, continuou a produzir mais e mais.

Entretanto, há noticias de pessoas que tentam, até com risco de morte, parar essa indústria e devolver os cérebros à seus legítimos donos. E esses são chamados de fascistas.

Outras ainda tentam mostrar que ter o cérebro moído não é bom, que cérebros frescos e funcionando dentro da cabeça é o correto. E esses são também chamados de fascistas.

E de armas em punho, foices, martelos e facas, os exércitos caminham pelas ruas, feito zumbis do apocalipse, pedindo liberdade ao gerente da fábrica, e acreditando que, assim, estarão falando em nome da liberdade e da igualdade.

Realmente, numa industria de cérebros moídos tudo se parece igual, mas mesmo ali ainda existem diferenças, pois quem aperta o botão da máquina, quem gira a manivela, nunca será igual. Afinal, todas as mortadelas são iguais, mas algumas são mais iguais que as outras.

09/10/2018

Publicado também no Facebook: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2626867687330185&set=a.193341887349456&type=3&theater

06/10/2018

O Socialismo de Resultados do Senhor Zuckerberg

O Socialismo de Resultados do Senhor Zuckerberg
Barata Cichetto


Endereço da imagem: https://thenewmodernman.files.wordpress.com/2016/05/zuckerface-book.jpg



O que é obsceno, senhor Zuckerberg? O que é ofensivo?  O que o seu software, ou seja lá o que for que o senhor utilize para censurar uma coisa e deixar outra, foi programado para decidir? Quem decide o que é ofensivo, senhor Zuckerberg? Seus robôs criados em universidades por professores falsos socialistas como o senhor? Claro que não é o senhor, um moleque mimado que construiu fortuna passando por cima de todas as regras morais, sociais, e se aproveitando muitas vezes do trabalho alheio. Claro que não, o senhor não cria as regras, apenas se aproveita, e muito bem, delas. As regras desse gramscismo nojento a abjeto que mina como cupim no tronco de uma árvore, o sistema político e social mundial, a começar pela democracia, que juram tanto defender, mas apenas como discurso, já que a prática é sempre outra.

O que é ofensivo, senhor Zuckerberg? O que eu considero ofensivo é a sua cara de pau, de se fingir de bom moço, doando a maior parte de sua herança, se fazendo passar por humanista socialista. Socialista, senhor Zucker? Boa piada, que só acha engraçado quem o senhor faz acreditar que está fazendo uma revolução, nivelando ao mais rasteiro o pensamento humano, e sua decorrente capacidade de pensar e reagir, desacreditando aqueles que têm o que realmente contribuir, com a desculpa de que todos tem algo a falar, e deve ser ouvido. Não, senhor Mark, nem todos, e a maioria não tem o que falar, não tem informação nem cultura, não tem base para discutir senão a cor do burro quando foge, mas a sua forma de ganhar ficar milionário usando ideias socialistas, fazendo com que idiotas acreditem que podem ser ouvidos deu muito certo. Seus robôs e zumbis fazem o serviço sujo, essa é sua "Regra da Comunidade".

O controle de mídia é um dos objetivos da esquerda torpe, cujo braço adornado que o senhor representa, o politicamente correto, age de forma a transformar em ofensa e crime tudo aquilo que não lhes interessa. Nada dos brutamontes em porões esfumaçados, nada de ferros em brasa, suas armas são seus zumbis, são suas "Regras da Comunidade". Para pessoas como o senhor não existe democracia, não existe liberdade e não existe pensamento livre, já que as únicas formas de pensamento e ação que lhes interessa e é autorizada, é pensar de acordo com o que os senhores e seus zumbis vermelhos pensam. A minha imagem e meu poema eróticos de fato não correspondem às suas "Regras de Comunidade", afinal. Pensamento livre não combina com cartilhas falso-socialistas.

Sabe o que é ofensivo para mim, Senhor Zuckerberg? Pessoas cagando e mijando nas ruas com a desculpa de protesto político, coisa que seus robôs e zumbis deixam passar, não uma imagem de "A Origem do Mundo". Sabe o que é ofensivo para mim, senhor Zucker?  Genocidas como Stalin, Pol Pot, Che Guevara e Fidel Castro sendo tratados com reverência, enquanto uma capa de um disco de Rock de 40 anos atrás é censurada e seu postador bloqueado. Sabe o que é ofensivo para mim, Senhor Zuck? Perceber o ódio que sua rede proporcionou e dela se alimenta, não a foto de uma bunda ou de um par de peitos. Sabe o que é ofensivo, senhor? É o senhor criar a ilusão de igualdade e liberdade de expressão, mas apenas às que servem a seus propósitos. Tal e qual, sem um milímetro de diferença, dos pastores cristãos e dos ditadores de esquerda, que fazem dela o motor para suas conquistas. Isso é ofensivo. E garanto que não apenas a mim.

Tenho 60 e uso Internet há mais de 20. Não nasci nem fui criado dentro dela. Ademais vi surgirem intocáveis monstros como Napster, aliás, seu ex-sócio, MSN, ICQ e Orkut. Todos se julgavam eternos e seus donos deuses do mundo. Mas todos eles tiveram fim, depois de enganar, como o senhor engana, bilhões de pessoas mundo afora, com propostas socialistas falsas. E espero sinceramente, e pelo bem da saúde mental da sociedade mundial, e da sobrevivência da espécie humana, que o senhor e esse seu produto, ao qual me sinto quase que obrigado a participar, afundem rapidamente. O senhor, senhor Zuckerberg, criou uma droga, da qual todos necessitam, e a ideia de que é a única coisa no mundo a salvá-lo. E quando a droga começa a não mais fazer efeito, aumenta-se o potencial. Seu produto acabou com a independência de outros veículos, destruiu jornais e blogs, e até mesmo outras formas de comunicação. E se quisermos nos comunicar nesse mundo, temos que ser cordeiros em suas mãos, vivendo de acordo com suas regras. Esse é o seu socialismo, senhor Zuckerberg?

Todo o conceito que existia com a criação da Internet foi jogado por terra, tudo pelo qual se trabalhou durante anos, e tudo que foi criado por mentes individuais para resultados coletivos, o senhor e seus asseclas jogaram no lixo, implantando uma ideia mentirosa sobre igualdade, coletivismo e outras pragas. Uma mentira, uma hipocrisia, alimentada por ideias socialistas, mas obtendo um resultado capitalista. Bem a cara desse comunismo podre, que só engana a zumbis que programam seus robôs totalitários.

Fui bloqueado em sua rede por publicar uma imagem que, sim, tem caráter erótico, e a desculpa é que são as "Regras da Comunidade". E muitos dirão que há regras a serem seguidas, regras que são feitas pelo dono do espaço, no caso o senhor. Mas também sei, que somos nós, bilhões de usuários que realmente somos os responsáveis por sua fortuna, alimentando gratuitamente com conteúdo o seu site e até em alguns casos, pagando para isso. Somos nós, que ao fornecermos dados que são usados, comercializados pelo senhor, aumentamos ainda mais sua fortuna. Onde está seu socialismo, senhor Berg? Onde está seu humanitarismo? Onde está? Não seja obsceno, Mark. Não seja ofensivo, Zucker querido!

Nota: não sou ingênuo para pensar que meu querido Mark lerá isso. Talvez alguns de seus robôs zumbis vermelhos leiam, e daí me denunciem por algum motivo, me bloqueiem e me excluam dessa rede. Talvez nada disso aconteça, e apenas cerca de quatro ou cinco pessoas no máximo leiam, comentem, e tudo continua como está. Minha intenção, já que este texto está sendo publicado em outros locais na Internet, é apenas deixar clara a verdadeira cara desse livro, que tem capa, mas não tem conteúdo, e custa muito mais caro que a maioria das pessoas pensa.

Luiz Carlos Giraçol Cichetto, Aka Barata, 06/10/2018

O conteúdo que foi postado na minha fanpage "Barata Cichetto Escritor", razão do bloqueio no Facebook: