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09/06/2014

A Culpa é do Meu Pai (?)

A Culpa é do Meu Pai (?)
Luiz Carlos Barata Cichetto

A culpa é do meu pai... Porra, eu queria ser pedreiro e ele não quis me ensinar. Queria que eu trabalhasse num banco, num escritório, de paletó e gravata. Queria que eu estudasse, fosse engenheiro, daqueles que o humilhavam. A culpa foi dele, mesmo. Se eu tivesse sido pedreiro, talvez tivesse construído muito mais do que sendo bancário, engenheiro ou qualquer merda dessas. Mas o pior, quando ele dizia que ser escritor era coisa de perdedor, de vagabundo, de marginal. Porra, como eu queria ser pedreiro! Igual ele, né? Mas ele não queria que eu fosse igual ele, não. Os pais nunca querem... Ele não quis e eu fui ser pedreiro de letras.. Tomei no cu! E hoje, quando olho de lado e nem força física para ser pedreiro eu tenho, vejo as tais letras, colocadas umas sobre as outras, desmoronarem, mais uma vez. Virarem pó. Não, a culpa não é do meu pai. Pais nunca são culpados. Ele queria que eu fosse melhor que ele, como qualquer pai deseja ao filho. E eu não fui melhor que ele, nem sequer igual a ele. Nem tão bom, nem tão ruim. E agora, só o que me resta é catar os cacos das letras que se esparramaram pelo chão e tentar construir mais uma vez. Meu pai já não diz mais nada, está velho, esquecido e completamente sozinho en seu mundo. E eu, até quando tenho força para levantar outra letra do chão e colocar sobre outra? Não sei. Ele não sente culpa... Nem eu.