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29/07/2013

Barata Livre: Sem Eira Nem Beira - Programa 25


Barata Livre: Sem Eira Nem Beira
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
Segundas, das 21 as 23 horas pela Stay Rock Brasil
Reapresentação, terças, das 16 as 18.
Programa Nº. 25 - 29/07/2013

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Quer Um Queijo - José Saramago - Democracia
Abertura:
- Outro Destino - Cegueira e Devoção
("Homens tratados como lixo pelo lixo que os governa (...) Parece que essa noite irá durar para sempre (...) Sinto que para muitos de nós nunca haverá amanhecer..."
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Bloco 1 -  Out Takes
(V - A Batalha Final)
- Deep Purple - Fireball - 10. Freedom (Album Out - Take)
- Deep Purple - Fireball - 11. Slow Train (Album Out - Take)
- Deep Purple - Fireball - 13. Fireball Take I (Instrumental)
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Bloco 2 - A Arca do Barata
(The Time Tunnel)
- Bob Dylan - Blowin' in the Wind
- Harpo - San Francisco Nights
- Slade -  My Oh My
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Bloco 3 - PI² ou Politicamente Incorreto ao Quadrado
(Os Três Patetas)
- Count Five - Psychotic Reaction
- Elvis Hitler - Live Fast, Die Young
- Goddamn Gallows - Ya'll Motherfuckers Need Jesus
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Bloco 4 - "O Poeta e Seus Espelhos"
(The Rebel - Johnny Yuma)
- Grieves - Bloody Poetry
- Highlonesome - Devil at the Door
- The Hackensaw Boys - Gypsy
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Bloco 5 -
(Zorro)
- Tarantella - Dark Horse
- The Builders and the Butchers - When It Rains
- The Radiacs - Do Bad Things
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Bloco 6 -
(Mightor)
- A Steampunk Opera - (The Dolls Of New Albion) Act 3 S3 - Voodoopunk
- The Clockwork Quartet - The Doctor's Wife
- Mantric Muse (2012) - Azur
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Bloco 7 -
(UFO)
- UFO - 01 - Unidentified Flying Object (1970)
- UFO - 04 - Lights Out
- UFO - 01 - Let It Roll
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Encerramento:
(The Munsters)
- Edgar Winter & Ringo Starr And His All Starr Band - Frankenstein
- Quer Um Queijo - José Saramago - Deus
- Projeto Sangue de Barata - Metástase
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27/07/2013

Poesia é Merda!

Poesia é Merda!
Barata Cichetto


Ah, a poesia não é aquilo que lhe penetra
Não é comida e bebida que a gente gosta
É o que sai pela boca ou pelo olho do seu cu
Poesia é a merda, é vômito e mijo da uretra
Enfim poesia é resto, poesia é apenas bosta!

07/04/2013
Do Livro: O Poeta e Seus Espelhos - 101 Poemas Em 90 Dias - 2013
Pedidos do Livro, 168 Páginas, com contracapa e ilustrações de Nua Estrela:
barata.cichetto@gmail.com

23/07/2013

Barata Livre: Sem Eira Nem Beira - Programa 24


Barata Livre: Sem Eira Nem Beira
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
Segundas, das 21 as 23 horas pela Stay Rock Brasil
Reapresentação, terças, das 16 as 18.
Programa Nº. 24 - 22/07/2013
www.stayrockbrazil.com.br

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Abertura:
- Kamboja - Se Deus Pudesse Me Ouvir - Projeto Rock Nos Trilhos - 06-07-2013 (Ripado do Vídeo de Leandro Almeida)
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Bloco 1 - 
- Blue Cheer - Summertime Blues
- The Jimi Hendrix Experience - Foxy Lady
- The Who - Substitute
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Bloco 2 - (PI² ou Politicamente Incorreto ao Quadrado)
- The Hollies - I'm Alive
- Tommy James & The Shondells - Crimson And Clover (1968)
- Heart - Crazy On You
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Bloco 3 - A Arca do Barata
- Butterfield Blues Band - Double Trouble
- Canned Heat - Bullfrog Blues (Live)
- Smokie - Umbrella Day
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Bloco 4 - "O Poeta e Seus Espelhos"
- MonsteR - MonsteR
- Spectrus - A Hard View of The Future
- Amazon - The Poem & The Eden
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Bloco 5 - Especial Grand Funk Railroad
- Grand Funk Railroad - All The Girls In The World Beware !!!
- Grand Funk Railroad - Crazy Machine
- Grand Funk Railroad - Good & Evil
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Bloco 6 -
- Accept - Balls To The Wall
- Dio -  Heaven And Hell
- The Byrds - Hey Joe
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Bloco 7 -
- Jefferson Airplane - White Rabbit
- Otis Redding - Satisfaction
- The Box Tops - The Letter
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Encerramento:
- Byzwka Rock Chopper - Um Drink no Inferno
Barata Cichetto - Cum Mortuis in Língua Mortua (TS - Cynthia Whithoft)

21/07/2013

Eu e Meus Espelhos

EU E MEUS ESPELHOS
Luiz Carlos "Barata" Cichetto



Exatamente no dia em que completo 55 anos de idade e cerca de quarenta anos como poeta e escritor, concluo outra série de poemas. Uma idéia, meio espontânea, surgiu quando, após iniciar uma nova série em 25 de Março de 2013. Portador de uma ânsia absurda de escrever, criei um objetivo intimo: 90 poemas em 90 dias. Não era um compromisso formal, mas algo realmente interno e tive o cuidado de não forçar a escrita para não perder a espontaneidade, fator essencial à poesia.

Mas as coisas foram saindo, e teve dias de eu escrever três ou quatro poemas. Mais uma vez decidi colocar fim à carreira de poeta por achar que já disse tudo o que tinha o que dizer usando tal forma de expressão. E estabeleci que 25 de Junho seria o "dead end". O fato é que, quatro ou cinco dias antes desse dia já tinha 99. Faltava uma, que não saia. Parecia que estava realmente esperando o nascer do dia 25 para completar o ciclo proposto. E foi realmente assim que ocorreu.

"Cohena Vive!" era titulo de um de meus livros mais recentes, baseado num sonho e onde eu demonstrava meus sentimentos de luta. E um final para o atual não poderia ser diferente do que a morte desse "personagem". "Cohena" tinha que morrer, pois assim se fechava um ciclo. E eu o matei!

O titulo desse trabalho foi indiretamente dado pela amiga Joanna Franko, uma pessoa que tem sido uma das maiores incentivadoras do meu trabalho, quando ao comentar outro texto meu que tinha por mote os espelhos usou a frase: "O Poeta e Seus Espelhos".

Estes cem poemas completam oitocentos da minha era moderna. E todos, sem exceção, frutos talvez podres da minha cabeça que não pára de se assustar com uma sociedade humana de merda, que caminha rápido à extinção. Não acredito mais em nada mais do que se possa chamar de apego á humanidade. E acredito que ao retratar isso, sob a forma de poemas que são na verdade espelhos, coloco não apenas o meu, mas o sentimento de toda a humanidade, que no fundo tem medo desse espelho.

E por fim, espero que sintam, mais que qualquer outra coisa, o desejo constante nestes poemas. Sintam-nos como sentem orgasmo. Pois sentir é a única coisa que nos sobra neste momento. A Poesia morre a cada dia, porque morre a capacidade dos seres humanos de sentir orgasmos verdadeiros. E se eu puder, de alguma forma causar-te um orgasmo com algum desses meus poemas-pintos estarei feliz. Se em 100 poemas, gozados em 90 dias, eu puder te causar apenas um orgasmo... Decerto gozarei contigo.  No espelho!

Cohena Está Morto! Viva o prazer!


Luiz Carlos "Barata" Cichetto, 25 de Junho de 2013

PEDIDOS: http://www.abarata.com.br/livros.asp?secao=L&registro=1

16/07/2013

Barata Livre: Sem Eira Nem Beira - Programa 23

Barata Livre: Sem Eira Nem Beira
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
Segundas, das 21 as 23 horas pela Stay Rock Brasil
Reapresentação, terças, das 16 as 18.
Programa Nº. 23 - 15/07/2013

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(Além da Imaginação)
- Abertura:
- Conde & Drácula - O Corvo
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Bloco 1 - A Arca do Barata
- Al Stewart - Year of The Cat
- America - A Horse With No Name
- George Harrison - My Sweet Lord
(Besouro Verde)
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Bloco 2 - (PI² ou Politicamente Incorreto ao Quadrado - 4)
- Ash - Warrant
- Bedlam - I Believe In You (Live 1974)
- Bram Stoker - Born To Be Free
(Jaspion - Gigante Guerreiro Daileon)
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Bloco 3 - "O Poeta e Seus Espelhos" - Nua Estrela / Joanna Franko
- The Who - Pictures Of Lily
- Led Zeppelin - In My Time of Dying
- Grand Funk Railroad - Shinin' On
(Daniel Boone)
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Bloco 4 -  "Eva, A Misteriosa" - Emanuel R. Marques
- Deep Purple - Lalena
- Jerry Garcia - Sugaree
- Joe Cocker - Marjorine
(Combat!)
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Bloco 5 - Especial Baranga
- Baranga - Chute na Cara
- Baranga - Menina de 16
- Baranga - O 5º dos Infernos
(Doom Theme Song)
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Bloco 6 - Bandas de Belém, PA (Mestre Gigio, Nicolau Amador, Ernesto Gaia, Vladimir Cunha...)
- Delinquentes - Carcaças Vazias
- Gambiarra FC - Vai Ser Muito Pai d'Égua
- Norman Bates (Poesia de Augusto dos Anjos) - A Esperança
(Jonny Quest)
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Bloco 7 - Projeto "60 Anos Rock no Brazil - 1954-2014"  (MusicaStoria - José Spanghero Junior)
- Os Incríveis - Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles e Os Rolling Stones
- Cauby Peixoto - Enrolando o Rock (1958) (78RPM)
- Raul Seixas - Nanny (1964)
(CHiPs)
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Encerramento:
- Nightwish - High Hopes  (Live at End Of An Era)
- Barata Cichetto - Vermes
- (Paulo Leminski) Poesia Etária
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11/07/2013

O Medo do Espelho

O Medo do Espelho
Barata Cichetto
Do Livro "O Cu de Vênus"



   
Ontem à noite ao mirar o espelho não encontrei meu reflexo
Em que lugar estaria a minha imagem, ainda penso perplexo
Sinto minha face enrubescer e nem o rubor o espelho reflete
Tento pensar, mas não há frase que meu cérebro complete.

Estou morto, sou espírito ou sou apenas ninguém?
Apenas pensamento ou somente reflexo de alguém?

Sobre a superfície lisa do espelho escorro meus dedos
Enquanto penso que também o objeto teria seus medos
Receio de refletir tão insignificantes criaturas sem sorte
Que precisam reflexos para saber que são apenas morte.

Então, sou resto, sou alma ou sou apenas ninguém?
Somente reflexo ou apenas pensamento de alguém?

29/10/2009

Read more: http://www.abarata.com.br/poesia_barata_detalhe.asp?codigo=2200#ixzz2YjbVqDXP

09/07/2013

Barata Livre, Sem Eira Nem Beira - Programa 22

Barata Livre: Sem Eira Nem Beira
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
Segundas, das 21 as 23 horas pela Stay Rock Brasil
Reapresentação, terças, das 16 as 18.
Programa Nº. 22 - 08/07/2013

(Banana Split Abertura)
(Chamada Marta Lima - Cerveja Azul)
- Abertura:
- Luiza Maria - O Anjo
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Bloco 1 - Arca do Barata
(Baretta)
- Pholhas - My Mistake
- Terry Winter - Summer Hollyday
- The Monkees - Daydream Believer
- Electric Light Orchestra - It's A Living Thing
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Bloco 2 - (PI² ou Politicamente Incorreto ao Quadrado - 4)
(Os Herculoides)
- Alceu Valença - Você Pensa
- Camisa de Vênus - Metastase
- Cabine C - Pânico e Solidão
- Gang 90 e as Absurdettes - Perdidos na Selva
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Bloco 3 -  Poesia: O Dia da Criação II
(Águia de Fogo)
- Kamboja - Tarde No Bar
- Kamboja - Dona da Madrugada
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Bloco 4 -  (Especial Luiza Maria)
(Terra de Gigantes)
- Luiza Maria - Tarantula
- Luiza Maria - Vampiragem
- Luiza Maria - Ruby Tuesday
- Luiza Maria - Canção Ereta
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Bloco 5 - Especial Barata Suicida e Electric Age
(Batman)
- Electric Age - Good Times Are Coming
- Electric Age - Snake Eater
- Barata Suicida - Lúcifer
- Barata Suicida - Gan
(Chamada Marta Lima - Cerveja Azul)
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Bloco 6 - Especial
Poesia: Mentiras Sensatas
(Thunder Cats)
- Meat Loaf - Bat Out Of Hell
- Meat Loaf - Paradise By The Dashboard Light
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Encerramento:
(Chamada Marta Lima - Cerveja Azul)
- Barata Suicida - Fada do Dente

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Poemas:

O Dia da Criação II
Barata Cichetto

E no principio era o verbo, e o verbo se fez verso
E se não havia no principio a luz, nem o universo
Fez-se a voz da agonia, do desespero e da esperança
E criou o Poeta a poesia à sua imagem e semelhança.
E nesse momento fez-se silêncio no Paraíso, mudo o Inferno
E o Poeta gostou de sua criação, pois tudo agora era eterno.

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Mentiras Sensatas
Barata Cichetto

Não procuro o que foi perdido, mas o que nunca foi procurado
Buscando o que foi perdido perdemo-nos nas buscas insensatas
Do mesmo jeito que procurar o que nunca pode ser encontrado
É perder tempo que poderia ser gasto em procuras mais exatas
E na exatidão do inexistente busque o que não pode ser achado
Pois ali não acharás verdades absolutas, mas mentiras sensatas.

04/07/2013

Emanuel R. Marques - Eva (A Misteriosa)

"Mais uma boa produção Politicamente Incorreta entre Portugal/Brasil" : "EVA (A MISTERIOSA) Poema de EMANUEL R. MARQUES, com edição sob o selo "PI² - Politicamente Incorreto Ao Quadrado", de BARATA CICHETTO.
Download: http://www.4shared.com/office/sRof078f/Emanuel_R_Marques_-_Eva.html



02/07/2013

Barata Livre - Sem Eira Nem Beira - Programa 21

Barata Livre - Sem Eira Nem Beira
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
Segundas, das 21 as 23 horas pela Stay Rock Brasil
Reapresentação, terças, das 16 as 18.
Programa Nº. 21 - 01/07/2013
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(National Kid)
- Abertura:
- Duduca & Dalvan - Massa Falida (Domiciano/Dalvan) (1985)
Bloco 1 - (PI² ou Politicamente Incorreto ao Quadrado - 4)
- Spirit - Dark-Eyed Woman
- The Electric Prunes - Get Me To The World On Time
- The Byrds - 5D (Fifth Dimension)
- Love - Your Mind And We Belong Together
Poesia: "Barata Cichetto - Pontificação"
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Bloco 2 - Especial La Renga
- La Renga - Arte Infernal
- La Renga - Bien Alto
- La Renga - Dementes En El Espacio
- La Renga - La Furia de la Bestia Rock
Poesia: "Barata Cichetto - Dor"
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Bloco 3 -
- Atomic Rooster - Black Snake
- The Clash - Revolution Rock
- T-Rex - Children of the Revolution
- Manfred Mann's Earth Band - Spirits in the Night
Poesia: "Barata Cichetto - Convergências"
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Bloco 4 - Uma Ilha / Um Disco (Final)
- Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon
- 01 - Speak To Me , Breathe
- 02 - On The Run
- 03 - Time
- 04 - The Great Gig In The Sky
- 05 - Money
- 06 - Us And Them
- 07 - Any Colour You Like
- 08 - Brain Damage
- 09 - Eclipse
Poesia: "Sangue de Barata - Sinestesia"
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Enceramento:
- Pink Floyd - Interstellar Overdrive
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Massa Falida
(Domiciano/Dalvan)
Duduca & Dalvan
(1985)

Eu confesso já estou cansado
de ser enganado
com tanto cinismo 
Não sou parte integrante do crime
e o próprio regime
nos leva ao abismo. 
Se alcançamos as margens do incerto
foram as decretos da incompetência 
Falam tanto sem nada de novo
e levam o povo
a grande falência! 

Não aborte os seus ideais 
No ventre da covardia 
Vá a luta empunhando a verdade 
Que a liberdade não é utopia! 

Os camuflados e samaritanos
nos estão levando a fatalidade, 
Ignorando o holocausto da fome,
tirando do homem
a prioridade. 
O operário do lucro expoente
e a parte excedente
não lhe é revertida, 
Se aderirmos os jogos políticos
seremos síndicos da Massa falida! 

Não aborte os seus ideais...
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Arquíloco - Há Mais de 30 Anos

Arquíloco - Há Mais de 30 Anos

A primeira lembrança de um poema escrito por mim, ao menos com uma forma que se parecesse com um, foi em 1973. Lembro bem o ano, pois estava ainda no "ginásio" e nutria uma paixão platônica por uma piranha. É, piranha, aquela a quem todos os moleques da escola tinham comido dentro do banheiro em sua imaginação, mas que de fato e de direito só era mesmo comida por um professor de português. E diante disso, além de comê-la dentro do banheiro sujo da minha imaginação, eu a comia com a caneta. 

Eram tempos pesados, de chumbo e sangue, debaixo das botas de uma ditadura militar que insistia em transformar um país em caserna. A América Latina inteira cumpria o papel e pessoas sumiam, eram torturadas e mortas, com o medo e a revolta calada para a maioria das pessoas era sinônimo de sobrevivência. E foram nascendo, uns após outros, poemas cada dia mais tristes, infames e carregando com eles, em seu gene, um cromossomo perigoso.

Eu tinha quatorze, quinze anos, quando os primeiros poemas nasceram. Eu não sabia o que era ser pai. E nunca usei camisinha. A caneta ejaculando um esperma vermelho (nunca gostei de usar caneta azul para escrever poemas, pois eram era sacralizadas para uso na escola) garranchos em pedaços de papel, que eram desvirginados à força. O papel agora não era mais uma virgem. Nem eu, pois logo após esse processo eu perdia minha virgindade (sempre achei estranho esse termo aplicado) para uma puta do Edifício Século XX, na Avenida São João, quase esquina com a Ipiranga, que ainda não tinha virado musa caetanóstica.

Um dia porém, chegou até mim, a mais bela e folgosa das amantes em quem pus os olhos e os dedos: uma legitima Olivetti Valentine, vermelha. E agora a sensualidade e a furia de meus poemas tinham encontrado a parceira perfeita. E assim foram centenas de trepadas, de gozos nas madrugadas de téc tec tec sobre a mesa da cozinha. Eu, Valentine e minha imaginação e sentimento. 

Cartas a poetas mandadas por correio era a unica forma de comunicação. A "imprensa nanica", como eram conhecido o pessoal que, tentando furar o cerco das barricadas, visíveis ou invisíveis se comunicava com suas Olivettis, Remingtons e outras máquinas de guerra. E assim conheci uma série de soldados, de trincheiras e lutei uma série de combates.

No final dos anos 1970, tinha uma série imensa de poemas, a maior parte versando sobre putas e amantes filhas delas, sobre o desgosto de estar vivo, sobre desejos não satisfeitos e toda uma série de questionamentos e denuncias que um "garoto" de vinte e poucos anos de idade tem. Todos eles transformados em poemas.

Foi quando conheci um casal de amigos que eram militantes nessa área, quase profissionais, pois mantinham, além de seus estoques de publicações, um armamento com enorme poder destruidor, enorme poder de fogo: um mimeógrafo à álcool. E foi numa casa da Alameda Franca, em São Paulo, que depois de duas noites girando a manivela daquela máquina que reproduzia num azul horroroso, as letras grafadas em stencils que tinham sido gentil mas furiosamente escavados por minha querida Valentine, que nasceu Arquíloco, meu livro de poemas.

O nome era de um poeta grego, do Século VII Antes de Cristo, sobre o qual eu tinha lido uma frase que dava conta de que o pai de sua amada teria se matado após ler seus versos ameaçadores. Arquíloco era, além de poeta, um soldado e as lutas e guerras eram seu tema preferido. E dele, além de uma citação de Nietzsche e outra de um livro sobre Satanismo, davam o mote sobre o que eu pretendia naquele momento. O nome grafado na capa era Carlos Cichetto. Abolira o Luiz, pois considerava que assim ficava mais "poético".

Era o inicio de 1981, Lennon tinha sido assassinado e naquele momento parecia mesmo que qualquer sonho tinha acabado. Ao menos para mim tinha, pois logo depois, todos os meus poemas, incluindo referencias e citações, como no jornal Diário Popular, elogiosos à ele, foram tragados pela bocarra de uma lata de lixo enferrujada. Era o fim, talvez...

Quinze anos depois comprei um scanner. O único exemplar daquele livrinho que sobrevivera estava nas mãos de minha mãe que insistia em guardar. Pedi a ela no intuito de reproduzir. As letras azuis estavam se apagando, mas eu não tinha coragem de olhar para aquilo, viver novamente aquele momento. Tudo o que eu tinha escrito parecia não ter mais sentido e cheguei a ter vergonha do escrevera. E isso, aliado à preguiça de scanear oitenta páginas quase ilegíveis foi arrastando essa recuperação.

Mas até ontem, um dia gelado e molhado, neste inverno de 2013, quando eu já completara 55 anos e mais de 40 depois dos primeiros poemas, acordei com a meta de era preciso fazer isso. E depois de um dia inteiro de trabalho, consegui transformar em imagem todas aquelas páginas, muitas parcialmente ou totalmente ilegíveis. Cinquenta poemas divididos em 5 partes. Muitos são mal escritos, muitos são horríveis, mas todos são retratos de uma época que embora tão distante e incompressível para muitas pessoas, foi a que considero de maior importância no meu desenvolvimento intelectual. Acredito que todos que ultrapassaram meio século de existência, considerem a época em que tinham metade disso a melhor. Mas fora isso, os anos 1970 foram de fato os mais criativos da história recente da humanidade. Disso não tenho dúvidas.

Apresento a seguir, as páginas digitalizadas desse livro, como um bau mofado e cheio de coisas inúteis, mas com a esperança de que entre elas exista algo de algum valor a alguém. nem que seja apenas a mim mesmo.