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27/07/2015

Barata Sem Eira Nem Beira - Programa 15

Barata Sem Eira Nem Beira - Programa 15
27/07/2015


Temas de Fundo: Alpha III - Missa Lounge II
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Duduca e Dalvan - Massa Falida

Poesia: Barata - Deserto (Tema de Fundo: Alpha III - 05. Oraculus)
Celio Balona - Tema de Batman
Fabio - Lindo Sonho Delirante
Loyce e os Gnomos - Era Uma Nota de 50 Cruzeiros (1969)

Texto: Pessoal Intransferível - Torquato Neto
(Gilberto Gil - Todo Dia é Dia D)
John Larkin (Scatman John) - The Misfits
Miles Davis - John McLaughlin
The Who - Sparks

Poesia: Barata - A Maldição do Tempo
Black Sabbath - N.I.B
Paul McCartney - Band on the Run
Uriah Heep - Lady in Black (Live)

Barata: Sub-Versões - Cum Mortuis in Língua Mortua
Pepeu Gomes - Linda Cross
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Massa Falida
Duduca e Dalvan

Eu confesso já estou cansado de ser enganado com tanto cinismo
Não sou parte integrante do crime e o próprio regime nos leva ao abismo
Se alcançamos as margens do incerto foram as decretos da incompetência
Falam tanto sem nada de novo e levam o povo a grande falência!

Não aborte os seus ideais
No ventre da covardia
Vá a luta empunhando a verdade
Que a liberdade não é utopia!

Os camuflados e samaritanos nos estão levando a fatalidade
Ignorando o holocausto da fome, tirando do homem a prioridade
O operário do lucro expoente e a parte excedente não lhe é revertida
Se aderirmos aos jogos políticos seremos síndicos da massa falida!

Não aborte os seus ideais...

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Deserto
(A partir de uma conversa com Joanna Franko, no domingo 5 de Julho)
Barata Cichetto

Feito um deserto, crio poesia dura e seca. Da pedra à areia, da areia ao pó, e do pó ao nada. E  do nada crio tudo. Poesia do nada, poesia de tudo. Ao meu redor enxergo apenas poeira e escuridão. Das minhas noites geladas aos meus dias escaldantes. Nunca fui mar, mentem sobre mim, sempre desértico e inóspito. E meus ventos sopram em direção aos seus cabelos e na areia me faço amar. Deserto. Sou decerto. Poesia não rima com hipocrisia, menti sobre isso, também. Não estou morto, mas absorto do que sou: um deserto, árido e insolente, perturbador e insólito. Ser vivo. Ser. Apenas ser. Estar ou ter é uma condição humana. Desertos não conhecem essa condição. Sou deserto, portanto. Infértil,  mas nunca servil. Sou senhor de mim e de minhas mazelas, senhor das moscas e tempestades de areia. Mudo, surdo e insepulto. Um limite, um grito na garganta... Cheia de areia. Grito? Ou não grito. Sou Cristo e sou Judas, Buda, Maomé e o caralho. Sou deserto, esqueceram? O primeiro a chorar, o penúltimo a esquecer e o ultimo a morrer. Deserto. É certo que sou. Atacama ou Saara, meu nome nem sei. É apenas Deserto. Por certo. Incerto apenas meu futuro, tão certo quanto sou deserto. É tão distante o mar que chego a enjoar. Só de pensar. O mar e suas sereias de mentira, seus bêbados de uísque e seus poetas preguiçosos e ricos. Odeio poetas e odeio preguiçosos. A mim não odeio, pois não sou poeta nem preguiçoso. Sou rico. Rico de mim, rico em vastidão, rico em luxuria, rico em imensidão. Que mantenham o mar longe de mim, com suas águas imundas de urina e esperma. Sou areia, sou seco, sou duro, sou tempestade. Deserto! É certo!

06/07/2015

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Pessoal Intransferível
Torquato Neto.

“Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada nos bolsos e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso.

Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, ?herdeiro? da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus.

E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão (14/09/ 1971 – 3a feira).”

Barata Bukowski

Barata Bukowski
Barata Cichetto
(Ao Amigo Cezar Bastos)
Nem sempre fui maldito. Um dia deve ter sido diferente. Creio. Mas não lembro. Bastos me chama de "Buk de São Paulo" e eu sorrio sem graça. Parece pretensão ou falta de humildade. Fico acanhado, incomodado. A mesma porcaria de existência do safado, embriagado e ríspido alemão americano? Até certo ponto. Charles com minha idade tinha alguma grana. Eu, tenho apenas a mesma forma de enxergar a merda do mundo, o saco de merda prestes a explodir. A mesma forma de curtir com as putas e buscar na poesia o exorcismo da loucura. A droga que afasta a mão que segura o revolver encostado na minha cabeça. A mesma droga que me tira da sarjeta. Mas, acredito que tem muita bunda que possa valer mais que 50 dinheiros. Algumas putas custam caro, outras são de graça, apenas porque querem trepar com um escritor (?) Mentira. Nos dias correntes, ninguém quer trepar com escritores. Ao menos não com aqueles que se fodem e não mais matraqueiam máquinas de escrever até de madrugada. Teclados de computadores são silenciosos e gelados. Putas são barulhentas... e geladas. Mas também não escrevo mais em máquinas de escrever, que são barulhentas demais, feito putas. Ademais, não gosto nem de corridas nem de cavalos. Aposto em corrida de gente. E não mando envelopes a donos de editoras. Minha prosa é rasa e estreita, minha poesia é profunda e larga. Sou poeta, não sou escritor. Gosto de dificuldades e reinvento a crise, a dor e o antagonismo. Facilidades destroem a criação, a criatividade, então invento dificuldades. Não coleciono carros, pego ônibus e olho aquelas bundinhas dentro de saias e bermudas curtinhas enterradas no cu. O motorista sorri da minha safadeza e eu digo a ele: "Sou poeta, irmão!" E ele me diz, "Certo, otário, então pague a sua passagem!" A gostosinha de shortinho desceu no ônibus e deixou um bilhete. Ao motorista. Eu? Não, não carrego ninguém de graça comigo, mas não cobro passagem para viajar na minha poesia. Não escrevo bêbado, não fumo maconha e detesto a humanidade quando estou só. Não, não sou Bukowski! Sou Barata, apenas! Ninguém é outro, não creio em mestres, não sigo cachorros na rua e nunca fui à América. Tenho cinco romances inacabados, um par de botas surradas e nenhuma bebida e nenhum segredo guardado no armário. Peido embaixo das cobertas, acendo um cigarro e seguro a bunda da minha mulher. Ela dorme. Eu apago o cigarro e retono ao teclado. Uma xícara de café e estarei pronto a outro poema. Um cigarro, dois cigarros, doze cigarros. Meu pulmão explode. A cabeça dói e ali ao meu lado, um livro chamado "O Amor é Um Cão do Inferno". Não, não sou um velho safado. Apenas velho? Ou apenas safado? Nada. Apenas Barata!

27/07/2015

23/07/2015

Livros Vivos

Livros Vivos
(A Miriam Daher, Vitima de Uma Rebelião de Livros)
Barata Cichetto

Livros são seres vivos! Livros são seres vivos! Livros são seres vivos! Repito o mantra e a rima falsa "vivos" e "livros". Rima pobre, decerto. Mas rima.. E penso nisso enquanto lembro, recordo e rio, da amiga poeta que foi atacada por livros rebeldes em sua estante. Um instante! Eram autores rebelados? Escritores descabelados? Papel de segunda? Capas moles, decerto pobres, se rebelando contra a ditadura das capas duras? Nobres e chiques capas duras. A ditadura da capa dura? E aquelas encadernadas em couro e gravadas em ouro, então? Malditas capitalistas! Capas moles contra capas duras e a batalha dos livros, cada um com sua defesa. indefesa, minha amiga poeta Miriam e seu gato sofrem de fato, a consequência desse ato revolucionário de livros em guerra. Maldita ditadura desses livros, e que importa a encadernação, que nos domina por completo. Almas de escritores aprisionados, desalmados até, mas prisioneiros naquelas páginas que antes brancas amarelam e mofam. O papel não é mais o mesmo. A esmo falam de tecnologias novas para o livro. É digital, virtual e o escambau. Merda! Livros são livros, porra! E garanto que minha amiga poeta, da terra da baratas gigantes, soltou enfim  um palavrão. Desculpe, querida poeta, mas só sei falar assim. Ai, de mim se me cortam o palavrão! Aliás, por falar em baixo calão, garanto que tinha muitos naqueles livros rebelados que caíram sobre sua cabeça. Mas pouco importa o palavrão, o que importa é a palavra, que não é diminutivo, mas absoluta. Palavrão é só uma palavra. E delas estão cheias, quase em superpopulação nos livros que pedem por ar, pulam da estante, rebeldes inconsoláveis. Decerto que os motivos, mesmo que não vivos, escritores se rebelaram com lugar destinado. E se acaso um dos meus parcos volumes, construído à força de meus braços, foi colocado ao lado desses que fizeram da poesia coisa de vagabundo, consta toda a razão do mundo, para tal rebelião. E não castigue as crianças, querida poeta. E falo dos livros e não da vaidade dos autores, pois são aqueles crianças sensíveis, carentes de atenção e carinho. Seja com capas moles ou duras, não alimentam ditaduras. São apenas livros. Vivos!
23/07/2015

Poema a Uma Bordadeira

Poema a Uma Bordadeira
(À Joanna Franko)
Barata Cichetto

Minha poesia é crua, tecido broco, algodão cru, saco de farinha. Então cabe àquele que a sente costurar sobre ele. Costurar, bordar, desenhar, rabiscar... Teça seu bordado majestoso sobre o pano rude da minha poesia. Pinte... E borde! Bordados majestosos sobre um pano rude. Multicolorido, em ponto cruz, ponto cheio, ponto inglês, vagonite ou rococó... Seu bordado é sua emoção sobre meu poema, pano rústico, sem laca, sem goma, lona quase, apenas tecido com linha por um tecelão inexperiente. Minha mãe foi tecelã. Eu apenas sei tecer, não sei bordar, coser ou pintar. Sou rude, de traços rudes com linhas grossas. Pesponto, ponto por ponto, linha por linha. Saco de farinha, algodão cru, juta, cânhamo e sisal.  Minha mãe era tecelã, urdideira, com orgulho dela mesma. E no tanque, lavando roupa. A tecelã cosia, cozinhava, lavava, pintava, bordava e encerava e eu... No tanque de cimento ela lavava. E eu carregava a sacola de roupas finas e bordadas para a espanhola maldita que nem me dava um doce. Eu roubei um doce, meu primeiro delito. O primeiro de muitos. O outro? Foi não querer lavar roupas finas e bordadas de espanholas malditas. Apenas tecer sobre um pano rude uma poesia tosca, onde seus bordados dão o brilho. Sou tecelão tosco e desajeitado. E o bordado richelieu, russo, sombra, matiz... Reluz.


22/07/2015

Ler é Locomotiva, Escrever é Vagão

Ler é Locomotiva, Escrever é Vagão
Barata Cichetto
Foto: Barata Cichetto - Estação da Luz - SP

"Todo el día deprimido, pero escribiendo y leyendo como una locomotora." Frase do romance "Los detectives salvajes", do Roberto Bolaño.

Escrever, escrever, escrever. Como se fosse a ultima prece de um condenado. Escrever, escrever como se fosse a ultima refeição, o ultimo suspiro, a ultima qualquer coisa de alguém prestes a morrer. Mas, de fato estou. Sempre estou. Sempre! A metáfora da foice da mulher esqueleto de manto negro. Escrevo sobre isso, li sobre isso.  Desespero, angústia, e nada de prazer. Não tenho mais prazer no escrever nem no ler, mas o faço por uma necessidade além do coração, do sangue e da própria mente. Faço-por birra, por vingança e por necessidade. Não acredito mais naquilo que escrevo, mas sigo mentindo a mim mesmo sobre isso. Ainda sonho? Sim, mas não. Sim, mas não aquele sonhar que remete à milagres e coisas gratuitas. Não aquele sonhar da esperança fútil e inútil e também gratuita. Esperança e milagre não são verbetes do meu dicionário. Escrever, escrever, escrever. Essa coisa vagabunda e inútil. Ler, ler, ler. Essa coisa vagabunda e inútil. Há a imagem. Há a fotografia, o filme, propaganda no meio de tudo. Não sou imagem. Apenas a minha própria, a minha própria semelhança. Então escrevo, escrevo, escrevo. Leio, leio, leio. E não leio o que escrevo e não escrevo o que leio. Escrevo o que penso do que leio, escrevo o que penso, escrevo o que sou. E se sou escrevo. Leio por  convulsão e escrevo por inércia. E por mais nada! Ler é a locomotiva, escrever é vagão.. Vago. Mas o trem, sem freios entrou no túnel escuro. Estamos mortos!

20/07/2015

19/07/2015

Barata Sem Eira Nem Beira - Programa 14




Vincent Price - The Raven - Edgar Allan Poe (Alpha III - Infernus on Dark Mountain)

Poesia: Barata - Todos os Poetas que Reconheço Estão Mortos
Manfred Mann' Earth Band - Spirits In The Night
Leminsiki 1
T. Rex - The Wizard
Leminski 2

Texto: Dia do Rock
Lucifer’s Friend. - Lucifer’s Friend
Black Widow - Come To The Sabbat

Poesia: Joanna.Franko - Razão Inversa
Status Quo - A) Caroline B) Bye Bye Johnny
Foghat - Honey Hush

Texto: Delcidério do Carmo - O Gato Branco (Barata Cichetto)
Allan Parson's Project - The Raven
Lou Reed - Edgar Allan Poe

Saco de Ratos - O Ultimo Trago (Paulo de Tharso)

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Razão Inversa
Joanna.Franko
Narração: Miguel Rodeia

Dispersa,
Imersa
em meu eu,
sou o adverso
de mim mesma.
Torno
meu universo
controverso
amando as rimas
e versos,
e
em paralelas
vou criando
um ângulo
transverso,
de fugas
e medos.
crio um
novo "segredo"
viro a vida
num novo enredo
que é
pra poder
sobreviver...


Originalmente publicado em https://invers0s.wordpress.com/tag/joanna-franko/

Alucinação

Alucinação
Luiz Carlos Barata Cichetto
Direitos Autorais Reservados

Poesia não é apenas palavras, são códigos secretos que acessam a mente nos lugares mais escondidos. A poesia é a verdadeira revolução, porque é a única que mexe com todos os antros, bloqueios e trincheiras da mente humana. Muito além das ciências e tecnologia. Por isso criam situações caóticas em que a poesia não tem mais importância. Acordar e transformar em poesia o pesadelo... Bah, a poesia é que é meu pesadelo. Queria sonhar em comer duzentas fadas gostosas, mas sonho com.. Poesia.. Poesia não é fada, é foda! Então, foda-se e fada-se Não sonho mais. Insônia.. Não durmo e não sonho. Assim não tenho que acordar e escrever poesia. Toda porra de manhã escrevendo poesia. Fode meu dia! E foi Alice quem por ultimo chorou á beira da sepultura do coelho de lata, enquanto do outro lado do arco-íris o chapeleiro louco ria de tanto chorar. Alucinação 1: Zabriskie Point, o Vale da Morte, Daria, a personagem e a triz chupando meu pau no meio do deserto. Onde estará Alice... Cooper? Rock'n'Roll never die... And live and let die... 007, e o cavaleiro de sua Majestade Paul McCartney band on the run. Arnaldo estourou a cabeça no chão da 23 de Maio e depois criou uma Patrulha do Espaço. Onde é que está Rock'n'Roll nisso? Há Rock'n'Roll em quase tudo. Quase! Too old to Rock'n'Roll too young to die. And so... Live and let's Rock. Let it bleed, let's go! Going to California. Going to Chile. Atacama. Areias de Neruda, eu de bermuda. No deserto não há carteiros, nem poetas. Só poesia e tempestade. Alucinação. Escutar Cactus no Deserto. Há uma banda tocando nas dunas. Live in Concert in Atacama's Desert. Quero ir a Paris, Roma e Barcelona, beber do meu sangue europeu. Antes de morrer. Meia noite em Paris. Arco do Triunfo. Bastile Day.. Rush tocando na Torre Eiffel. Sem dinheiro não tem sonho. Nem na padaria da esquina. Alucinação rende poesia. Não dormi, não tenho sono, não tenho sonhos. Alucinação 2: uma puritana desgraçada chupando. Tenho asco daquela boca. Mas em minha ultima alucinação eu estava morto. Morto! E sabia que tinha morrido. Morto! E aquela morta-viva sabia e mesmo assim chupava meu pau da forma que nunca chupou quando era viva. Foi um dia? "Tem gente que já nasce póstuma", disse Frederico, que morreu, mas que em minha alucinação raspou o bigode e passou a se chamar Esmeralda. Alguém sabe jogar Buraco? Pega o morto, então! Citação: porque a pútrida poesia das putas é panaceia pérfida da patética pustulência perdida em prantos perfilados pelas perniciosas prenhas de perdão e a pendenga perdida põe-se a permitir pausas e pedidos de Poe, poeta parnasiano, promiscuo e profundo. Peidos petulantes. Pois!

18/07/2015

13/07/2015

Hoje Não é Dia de Rock!

Hoje Não é Dia de Rock!
Barata Cichetto
(Direitos Autorais Registrados - Cópia Proibida)
Foto: Allan Cat (http://www.artlimited.net/9)

Pelas ruas mulheres oferecem suas gostosuras e confeito
Enquanto eu, atrás da janela, prisioneiro de um conceito
Sofro com a indigência de afetos em uma loucura sem fim
E morro sem saber do desejo que todas elas tem por mim.

Ontem a noite desabafei em publico, vômito sujo fedido
Só por vergonha de chorar sozinho o que tinha perdido.

Quis bater a cabeça na parede ou punheta gosmenta
Mas não há sangue que compre minha vida lazarenta
Não há prazer em sujar de porra o ladrilho do banheiro
Nenhum orgasmo solitário a quem chame companheiro.

E ontem a noite desandei a vomitar em publico, vinho barato
Só por vergonha de comer sozinho o que tinha no meu prato.

Fecharam o ultimo puteiro do bairro, e fica uma pergunta quieta
Aonde foram todas as putas, para onde foram a puta e sua neta?
Mas ainda pela minha rua passam senhoras oferecendo prazer
Mas eu não posso pagar por qualquer coisa que venham trazer.

Ontem cansei de vomitar palavras sobre o teclado do computador
Só por vergonha de falar público o que não permite o imperador.

E não há bancas de jornal na esquina de cima, morto o jornaleiro
Sua morte não foi sentida, que no mesmo dia se foi outro baleiro
Jornalistas tolos dentro de sua vaidade não aventam o impossível
Com seus diplomas, sua foice e seu martelo e uma toga invisível.

Hoje cansei de vomitar sozinho e era Dia do Rock, total absurdo
Que nenhum dia é dia de Rock, e qualquer um é dia de ser surdo.

13/07/2015

Dia do Rock

Dia do Rock
Luiz Carlos Barata Cichetto
William Blake

Entre crenças, lembranças e desavenças, estamos indo, a bordo, o bardo no bar do desejo, do beijo e do ensejo. Sem rimas, em cismas, do destino, dos anjos, augustos e arbustos. Robustos. Sem eira nem beira. À beira do caos, do abismo e do suicídio. Barata, barato. Qual é o barato, de fato? Trato e contrato, retrato e destrato. O que há de bom para hoje? Pergunto ao Sol. E ele diz: eu! Meto, prometo e arremeto diante dos seus olhos. É preto, é branco, é cor, diante de mim apenas incolor, inodoro e injusto. Tudo eu. Logo eu, justo a qualquer custo, no susto que tomei. Assusto! Temeridade! Ansiedade e angústia. Augusta, baixo Augusta e a alta Augusta, aquela dos Anjos e dos milagres que nunca acontecem. Não sou anjo caído, fui jogado do céu, contra as pedras e quebrei um pedaço da asa esquerda. A direita ainda pode voar. Espero. Anjos voando sobre minha cabeça, feito pombos. Cagando. Há gatos no armário, ratos no esgoto, e me esgoto de tanto esperar por milagres que não existem, por deuses mortos e por filósofos descrentes. Há crentes no portão, é domingo de manhã. Acreditam na sua fé, enquanto meu café esfria na xícara de lata. São soldados aqueles. Não há democracia no Paraíso. Um ditador, anjos soldados e uma massa de seres humanos, escravizados diante do trono. Há cachorros perdidos, abandonados pelas ruas, cagando nas calçadas. Tanta merda que é impossível não pisar. Há tanta dor pelas sarjetas que não tem como não sentir. Um louco em cada esquina, um poeta em cada ponte. Prestes a se jogar. No viaduto há sempre um morto, uma puta e uma velha senhora a tecer um cachecol. Tanto frio que nem sinto meus dedos, nem meus medos. Guardo segredos embaixo do cobertor para que não morram de frio. Deixo que os medos congelem lá fora. Muito frio, debaixo dessas telhas de amianto. Tanto, tanto frio. Não rio da sua desgraça, não quero de graça. Não me faça um favor. Por favor!

13/07/2015

10/07/2015

Barata Sem Eira Nem Beira - Programa 13

Barata Sem Eira Nem Beira - Programa 13
13/07/2015

V de Vinganca - Quem é Você?
The Beatles - Revolution / Revolution#9
Texto: Gustavo Acioli - Nada a Declarar

Poesia:  Ciro Pessoa - Sobretudo (do livro Relatos da Existência Caótica)
Gentle Giant - Prologue
PFM - Four Holes In The Ground
Supertramp - Sister Moonshine
Violeta de Outono - Outono
V de Vingança - O Recital

Poesia: Marcelo Diniz - Ato I - A Dor
Judas Priest - Revolution
Pantera - Revolution Is My Name
Pink Floyd - Sexual Revolution
Raul Seixas - Requiem Para Uma Flor
V de Vingança - Idéias São a Prova de Balas

Poesia: Barata - Tempos Grossos (BG Aphrodite's Child - The System / Do It)
Rush - The Anarchist
Aerosmith - Dream On
Johnny and Edgar Winter - Rock & Roll Medley
A Chave do Sol - 18 Horas
V de Vingança - O Discurso

Joelho de Porco - A Ultima Voz do Brasil (Festival dos Festivais - 1985)
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Discurso de V de Vingança

"Boa Noite, Londres. Permitam que eu primeiramente desculpe-me por esta interrupção. Eu, como muitos de vocês, gosto de parar para apreciar os confortos da rotina diária, a segurança, a família, a tranqüilidade. Eu aprecio-os tanto quanto todo mundo. Mas no espírito de comemoração, daqueles eventos importantes do passado associados geralmente com a morte de alguém ou ao fim de algum esforço sangrento terrível, uma celebração de um feriado agradável, eu pensei que nós poderíamos marcar este 5 novembro, um dia que não é recordado, fazendo uso de algum tempo fora de nossas vidas diárias para sentar e ter um bom bate-papo. Há naturalmente aqueles que não querem que eu fale. Eu suspeito que agora mesmo, estão dando ordens aos telefones, e os homens com armas estarão aqui logo. Por que? Porque mesmo que a violência possa ser usada no lugar da conversação, as palavras reterão sempre seu poder. As palavras oferecem os meios ao povo, e para aqueles que escutarão, o anúncio da verdade. E a verdade é que há algo terrivelmente errado com este país, não há? Crueldade e injustiça, intolerância e depressão. E onde uma vez você teve a liberdade a objetar, pensar, e falar, você tem agora os censores e os sistemas de escutas que exigem seu conformidade e que solicitam sua submissão. Como isto aconteceu? Quem é responsável? Certamente há aqueles mais responsáveis do que outros, e serão repreendidos, mas a verdade seja dita outra vez, se você estiver procurando o culpado, você necessita olhar somente em um espelho. Eu sei porque você o fez. Eu sei que você estava receoso. Quem não estaria? Guerra, terror, doença. O medo começou melhor de você, e em seu pânico você girou para o agora alto-chanceler, Adam Sutler. Prometeu-lhe a ordem, prometeu-lhe a paz, e tudo que exijiu no retorno era seu consentimento silencioso, obediente.

Na última noite eu procurei terminar esse silêncio. Na última noite eu destruí o Old Bailey, para lembrar este país do que ele se esqueceu. Há mais de quatrocentos anos um grande cidadão desejou encaixar para sempre o 5 de novembro em nossa memória. Sua esperança era lembrar o mundo que a justiça e a liberdade são mais do que palavras, são perspectivas. Assim se você não visse nada, se os crimes deste governo permanecessem desconhecidos a você então eu sugeriria a você que passe o 5 de novembro em branco. Mas se você ver o que eu vi, se você sentir como eu me sinto, e se você procurar como eu procuro, então eu peço-lhe para estar ao meu lado em um ano, fora das portas do Parlamento, e juntos, nós daremos a todos um 5 de novembro inesquecível!!!"

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Gustavo Acioli - Nada a Declarar
http://www.midiaindependente.org/pt/red/2007/09/394271.shtml

O Gato Branco por Delcidério do Carmo



Conto "O Gato Branco"
Luiz Carlos Barata Cichetto
Narração, produção e sonoplastia: Delcidério do Carmo
http://delwendell.blogspot.com.br
Texto originalmente publicado no site Sombrias Escrituras:
http://www.sombriasescrituras.net/news/o-gato-branco/


08/07/2015

Poesia em Tempos de Internet

Poesia em Tempos de Internet
Luiz Carlos Barata Cichetto
Direitos Autorais Reservados

- O que é Poesia? - Perguntou a vadia parando de chupar meu pinto. - Pergunte ao Google, disse eu, apertando a cabeça dela. - Mas um poeta tem que saber explicar o que é. - Falou e eu não gostei de ela ter parado de me chupar. - Chupa meu pau em silêncio, disse eu contrariado. E ela, que de puta nada tinha, resmungando sentou na cama e cruzou os braços. Um ar de frustração nos olhos. Limpou os lábios, ajeitou o cabelo e apanhou o celular e em segundos leu, em tom solene e mecânico, desprovido de qualquer emoção: "Poesia, substantivo feminino, 1.lit arte de compor ou escrever versos., 2. lit composição em versos (livres e/ou providos de rima), ger. com associações harmoniosas de palavras, ritmos e imagens." - Então, o Google sabe o que é poesia. Eu sei, eu sei que ele sabe. Agora, dá pra continuar a chupar meu pau, porra?! Falei apanhando seus cabelos e guiando aquela boca deliciosa em direção ao meu caralho rígido. Não, disse ela. Não chupo mais seu pau enquanto não me explicar o que é poesia. Ah, baby, eu não sei. Não sei mesmo. Achei que seria você a pessoa certa para me explicar. Eu? Disse ela. Sim, disse eu. Não! Disse ela. Sim, disse eu. E ficamos ali, durante momentos longos, burros e gordos, em silêncio. Eu olhando aquele corpo, que dentro da sua imperfeição, esquelético e sujo, cheio de manchas e hematomas, mas de uma beleza imperfeita e tenra que consumia minha paixão. E ela, decerto também olhando meus ossos quase salientes das carnes, se debatia em desejos. E na sequencia seguinte, plano infinito, nos comemos, nos fodemos, nos chupamos, mordemos, rasgamos, unhamos, enfiamos, chamamos, clamamos, gozamos, lambuzamos, abusamos. Amamos. E então, em silêncio nos vestimos e olhamos como se fossemos antigos amigos ou amantes, cheios de certezas e prazeres consumados por instantes, com a eternidade, a verdade e a maldade... E nos despedimos, apenas com um olhar, daqueles de filme dos anos trinta ou quarenta. Na porta, ainda lembrei de perguntar: Ainda deseja saber o que é Poesia? E ela - Agora eu já sei. E eu, arrumando meu caralho dentro da cueca, pensei num discurso. Afinal, aquele momento... E ela, retirando da bolsa o celular. E enquanto passa batom naquela boca que chupava meu pau, estica o braço e me mostra.. A tela do Google. E eu, que também de poeta nem bobo tenho nada, enfio a mão no bolso da calça, retiro meu celular e coloco diante dos seus olhos negros, o vídeo que acabei de filmar da nossa foda. - Eu também sei, baby!

Foto: Internet (rs)

06/07/2015

Barata Sem Eira Nem Beira 2015 - Programa 12


Pink Floyd - Cymbaline (from the movie "More")
Poesia: Barata - Entre o Vão e a Plataforma (Titãs - Dissertação do Papa Sobre o Crime Seguido de Orgia)
O Que é Matrix (Trilha Sonora Alpha III - Stellaris)

Poesia: Augusto dos Anjos - O MartÍrio do Artista  (Othon Bastos)
Slade - Move Over
Nazareth - Go Down Fighting
Scorpions - Speedy's Coming

Poesia: Augusto dos Anjos - O Poeta do Hediondo  (Othon Bastos)
Secos & Molhados - Angustia
Joy Division - Transmission
Sisters Of Mercy - Temple Of Love
Matrix - Por Que, Sr. Anderson? (Trilha Sonora: Black Sabbath - Black Sabbath)

Poesia: Augusto dos Anjos - Idealismo  (Othon Bastos)
Deep Purple - Ricochet (Early Version of Speed King)
Lord Sutch and Heavy Friends - Good Golly Miss Molly
Holy Moses and Doro - Too Drunk To Fuck (Wacken 2003)

Matrix - Sistema
Poesia: Barata - Sub-Versões - A Sombra de Objetos Inexistentes
Imperial - A Grande Batalha

Deserto

Deserto
(A partir de uma conversa com Joanna Franko, no domingo)
Luiz Carlos Barata Cichetto
(Direitos Autorais Protegidos Por Lei)

Feito um deserto, crio poesia dura e seca. Da pedra à areia, da areia ao pó. E do pó ao nada e do nada crio tudo. Poesia do nada, poesia de tudo. Ao meu redor enxergo apenas poeira e escuridão. Das minhas noites geladas aos meus dias escaldantes. Nunca fui mar, mentem sobre mim, sempre desértico e inóspito. E meus ventos sopram em direção aos seus cabelos e na areia me faço amar. Deserto. Sou decerto. Poesia não rima com hipocrisia, menti sobre isso, também. Não estou morto, mas absorto do que sou: um deserto, árido e insolente, perturbador e insólito. Ser vivo. Ser. Apenas ser. Estar ou ter é uma condição humana. Desertos não conhecem essa condição. Sou deserto, portanto. Infértil,  mas nunca servil. Sou senhor de mim e de minhas mazelas, senhor das moscas e tempestades de areia. Mudo, surdo e insepulto. Um limite, um grito na garganta... Cheia de areia. Grito? Ou não grito. Sou Cristo e sou Judas, Buda, Maomé e o caralho. Sou deserto, esqueceram? O primeiro a chorar, o penúltimo a esquecer e o ultimo a morrer. Deserto. É certo que sou. Atacama ou Saara, meu nome nem sei. É apenas Deserto. Por certo. Incerto apenas meu futuro, tão certo quanto sou deserto. É tão distante o mar que chego a enjoar. Só de pensar. O mar e suas sereias de mentira, seus bêbados de uísque e seus poetas preguiçosos e ricos. Odeio poetas e odeio preguiçosos. A mim não odeio, pois não sou poeta nem preguiçoso. Sou rico. Rico de mim, rico em vastidão, rico em luxuria, rico em imensidão. Que mantenham o mar longe de mim, com suas águas imundas de urina e esperma. Sou areia, sou seco, sou duro, sou tempesteaste. Deserto! É certo!

06/07/2015

01/07/2015

Ciberpajé - "Egrégora"

Ciberpajé - "Egrégora"


Faixas e Artistas Participantes

01 – Posthuman Tantra & Luiz Carlos Barata Cichetto (Brasil)
02 – Muqueta na Oreia (Brasil)
03 – Zemlya (Brasil)
04 – Blues Riders (Brasil)
05 – Transzendenz (Suíça)
06 – Alpha III (Brasil)
07 – Poolsar (Brasil)
08 – Each Second (Brasil)
09 – Gorium (Brasil)
10 – Blakr (Inglaterra)
11 – Gabriel Fox (Brasil)
12 – Hidden In Plain Sight (Brasil)
13 – God Pussy (Brasil)
14 – Nix’s Eyes (Brasil)
15 – Emme Ya (Colômbia)
16 – Vento Motivo (Brasil)
17 – Iamí (Brasil)
18 – ANT[ISM] (Brasil)
19 – Melek-tha (França)
20 – Kamboja (Brasil)
21 – Dimitri Brandi (Brasil)

Capa do CD:


Todos os Poetas Que Reconheço Estão Mortos

Todos os Poetas Que Reconheço Estão Mortos
Barata Cichetto
Todos os poetas que reconheço estão mortos.
Inclusive eu mesmo!
Charles Baudelaire e Bukowski, Torquato Neto.
Todos estão mortos!
Quintana, Drummond e Álvares de Azevedo estão mortos.
Todos que admiro estão mortos.
Inclusive eu! Mesmo.
Castro Alves, Rimbaud, Augusto dos Anjos.
Todos mortos.
Eu inclusive!
A Musa Impassível, de fronte, também está morta
E eu também..
Contemplo e estou impassível e morto.
E os Paulos, Leminski e De Tharso
Mortos do jeito que viveram,
E eu também
Vivo do jeito que morri.
Ah, e quem chamaria Kerouac e Ginsberg a essa festa de mortos?
Eu mesmo!
Porque se estão todos mortos
E eu mesmo estou
E que continuemos todos mortos.
Inclusive eu mesmo!
Estou morto e não habito entre quinhentos
No Museu da Língua Portuguesa,
Onde Pessoa já morto viveu.
Mas estão todos mortos.
Inclusive eu?

30/06/2015

Museu da Lingua Portuguesa - 2011 - Exposição Fernando Pessoa - Foto Izabel Giraçol