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30/12/2012

Feliz Ano Novo (2 Poemas de Anos Diferentes)


Feliz Ano Novo
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Do Livro: "Sangue de Barata"


Acaba o ano e eu também acabo agora mesmo
Termino do jeito que comecei, sem eixo e a esmo.
A mão que ergue é a mesma que joga ao chão
Mesma mão que acaricia e abandona ao colchão.

Amanhã um outro dia nascerá ao contrário de mim
Que agora sem começo deixo quedar ao próprio fim
Todos irão ter as lembranças das minhas mazelas
Sem que percebam ou sintam as minhas seqüelas.

Há tempos sem lembrança estou morto do pescoço acima
Do pescoço para baixo pouco restou da minha pobre rima.
Estou morrendo a quarenta e cinco anos, e não é pouco
Agradeço a meus pais por não terem tido um filho louco.

Acaba o ano e estou aleijado do pescoço para baixo agora
Acabou. Certo! Não existe mais a minha pequena senhora
Ainda amo o objeto do meu amor, ainda tenho fome e sede
Ah, mas o que me resta apenas é deitar e dormir na rede.

31/12/2002

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Feliz Ano Novo
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Do Livro: "O Cu de Vênus"


Estou bêbado, cansado e infeliz... Ah, um solitário, enfim
Mas então o que sobra de um ano que chega ao seu fim?
Anos acabam anos começam, calendários apenas tristezas
Relógios são jóias e jóias são apenas pedaços de riquezas.

Não tenho propriedades e não sou dono do tempo, afinal
Apenas espero chegar o tempo, e tempo é estrada vicinal
Morro porque o tempo corre, corro porque o tempo morre
Morto ao meu tempo e o tempo é apenas vida que escorre.

Agarro os ponteiros de um relógio dourado, a força aplico
Mas não tenho poder de o tempo deter, um dia lhe explico
Uso então a frieza do tempo mostrando que morro ontem
Porque o tempo é morte, ao contrário do que lhe contem.

Bêbado, cansado e infeliz, busco quedas de braço inglórias
Pois com o tempo tenho brigas históricas e poucas glórias
Ao tempo tenho que pagar a conta da minha morte, amém
Sabendo que ao tempo nada devo, nem agora e nem além.

31/12/2009

28/12/2012

(Isaac Soares de Souza) Eu Não Sou Poeta


O Grande Amigo Isaac Soares de Souza publicou no Facebook um poema onde cita suas grandes influencias poéticas. E para minha surpresa, dedicou alguns versos a mim. Como diria o rei dos tolos "são tantas emoções". Sem palavras para agradecer, meu amigo.

EU NÃO SOU POETA
Isaac Soares de Souza

Eu não sou poeta, tão-somente escrevo versos
Escrever poesia não é simplesmente escrever versos
O poeta é compromissado com a vida e com a palavra
Pois, assim como a palavra o poeta é verbo
E o verbo reverbera e influi na esfera da vida,
Como procela que se alastra e a tudo devasta
Eu não sou poeta, sou aprendiz e escrevo simples versos
Conjeturando sobre o presente e o porvir
Rimar palavras, assim como uma criança rima ão com coração
Batatinha quando nasce se esparrama pelo chão
É como denegrir a verdadeira meta a que se dispôs um poeta
E eu não sou poeta, sou um discipulo da poesia,
A poesia tem como inimigo feroz qualquer ditadura,
Regimes autoritários são os calvários dos poetas
Na Rússia do Século XX a poesia florescia,
Viveu um momento raro de esplendor, Antes e depois da Revolução de Outubro,
Uma legião de artistas e poetas de exímia extirpe
Animaram a vida do povo russo:
Mas o regime soviético, autoritário e perverso
Matou toda a poesia e calou a maioria dos seus grandes poetas.
Nas primeiras décadas do século XX a poesia circula em larga escala
E impregna a vida de toda a Rússia,
Livros de poesia, na Rússia de então, atingiam a marca dos 100 mil exemplares vendidos,
20 mil livros,
Era a tiragem mínima que o povo adquiria
E a poesia florescia numa permanente celebração
Anna Akhmátova era poeta de mão cheia,
Poeta de ideais libertários, não temia o regime soviético,
Considerada uma mulher sem freios morais,
Anna culminou no expurgo, encetado pelos verdugos,
Mas sua poesia porque era poesia, permanece viva
Maiakóvski era poeta e foi lançado em desgraça,
Pois sentira a enorme pressão que privara, então,
A literatura do ar de liberdade de outrora,
Sufocada agora, pela garra sangrenta do regime russo
E não viu outra alternativa,
Senão dar cabo da própria vida,
Aos 37 anos de idade.
Maiakóvski, hoje resgatado ao panteão dos grandes poetas,
Mártir da poesia...
Lêdo Ivo, poeta maior, alagoano descendente de caetés,
Tinha a poesia a seus pés, pois fazia versos como quem ama uma mulher,
Cônscio de seu dever de poeta, assim morreu Lêdo Ivo,
Que permanecerá sempre vivo, enraizado em sua própria poesia...
Poeta foi Carlos Drummond de Andrade,
Affonso Romano de Sant´Ana é um grande poeta,
Assim como sabe fazer poesia o genial Ferreira Gullar,
Eu, Isaac Soares de Souza, não sei poetar
Escrevo versos como quem quer vomitar,
Palavras, palavras, sem métrica, sem rima sem compromisso
E a poesia é compromissada com a vida, senão não pode ser chamada de poesia
A poesia de WILBETT OLIVEIRA,
Viceja, faceira, à sorrelfa por entre as frestas
Da maltratada poesia brasileira...
Sua poesia é altaneira, porque brota de uma Oliveira...
Cruz & Sousa, cuja poesia negra de sofrimento,
Permanece como um alento, mais que verdadeira
Castro Alves, o poeta da Liberdade,
Estes são os eternos poetas, ascetas, profetas
Literatos de prêmios, modernos e eternos
Assim como o Boca do Inferno,
O grande Gregório de Matos,
Augusto dos Anjos, o poeta da morte,
Augusto, arguto, saprófago em sua genialidade,
Escreveu somente a verdade,
Embora o considerem ainda um poeta de mal agouro,
Sua poesia vale ouro,
pois deu à morte a mesma importância que tem a vida,
Mesmo porque vida e morte são fundidas,
Antagônicas mas gêmeas, eternas e perenes ao mesmo tempo,
Porque ambas são dirigidas pelo tempo,
Uma sem a presença da outra, esvair-se-ia exaurida...
A poesia do maldito-bendito Luiz Carlos Barata Cichetto,
Foi atirada ao gueto
Da ignorância daqueles que não a entenderam ou medrados diante dela,
Do poder de eloqüência farta,
Se borraram de pavor do Barata
E arquitetaram fadá-la ao esquecimento,
Mas Barata é como mosca que não adianta dedetizar
Insetos sempre haverão de se proliferar
E a poesia do Barata é epidêmica,
Criada exatamente pra empestar
Já a minha poesia não tem graça, devassa, cróia,
Meus versos passeiam nos guetos da esbórnia,
E sobrevêm como ataques
Da mais cruel covardia,
Porque eu sou o Isaac,
Eu não escrevo poesia...
Estou aprendendo com meus poetas preferidos a escrever poesia...

28/12/2012

Guernica


Guernica
(Dedicado a Pablo Picasso)
Luiz Carlos Cichetto
Do Livro: "Cohena Vive!"

A minha língua é instrumento que lhe corta e que lhe afaga
É a poesia minha língua afiada que lhe sangra feito adaga.
Com ela arranco minhas tripas, mas delas não faço coração
Das tripas eu faço cordas e faço armas, mas não decoração.

07/3/2012

26/12/2012

Aos Poetas Bacanas

Aos Poetas Bacanas
Luiz Carlos Barata Cichetto


E eu, que pensei que ser poeta era ser bom, que ser poeta era demais, que ser poeta era ser... Era ser. Seria, caso não fosse a poesia o disfarce dos medíocres e dos hipócritas. Seria bom caso não fosse ruim, demais se não fosse o que menos importa. Poesia é conversa de chato, de prepotente e de arrogante, metido a intelectual. A maioria desses tolos adora falar que escreve poesia em guardanapo de papel em botecos imundos, mas são mentirosos. Falam disso com honra, mas isso é estúpido. Ah, esses poetas que querem ser Beats, Hippies e Groupies, que querem ser Buk, que querem ser do contra só para serem considerados os bacanas da turma. Estou cheio disso! Eu pensei mesmo que poetas eram irmãos, mas são apenas tolos empedernidos, idiotas sem cultura, com discursos pseudo-intelectuais, onde arrotam uma fome que nunca sentiram, beijam um asfalto que nunca queimou seus pés e fazem odes a putas que nunca comeram. Falam de puteiros que nunca entraram e de bibliotecas que conhecem apenas a fachada. Estou cansado deles e de sua poesia sem nexo, com palavras roubadas dos mestres, sexo frouxo em orgasmos sem tesão. Larguei de mão a poesia por causa desses medíocres, que falam de um sofrimento que não lhes pertence, de uma dor ocorrida na França ou nas estradas americanas e não conhecem sequer o caminho da periferia, dos subúrbios pobres e imundos. Não abri meu presente de Natal e daqui a alguns dias começa tudo de novo. Quarenta anos comendo a merda do pão que o diabo amassou com a bunda e agora chegam a mim e falam sobre seu ódio ou sobre amores perdidos numa adolescência eterna. E por falar em eterno, nunca beijaram a bunda de deus e nunca comeram o rabo do diabo e se acham no direito de falar sobre religião e sobre gozos. Não sabem nada, meus queridos. Acham que as casas de rosas são o palco da poesia e chamam de mestre a qualquer um. Não existem mestres vivos na poesia, porque a poesia é essa universidade em que o único diploma é a morte. Tese de mestrado de poeta é defendida no cemitério ou no crematório, de dentro do tumulo ou debaixo das chamas. Nunca sangraram, de fato, esses que falam do sangue de revoluções travadas dentro de seus quartos bem decorados; nunca gozaram de fato, esses que falam de orgasmo segurando o próprio pinto ou enfiando os dedos na própria buceta. São masturbadores, enfim. Esses, que falam em bissexualidade, mas não entendem nem de biscoito recheado. Não sabem foder de fato. Ah, esses poetas, falsos profetas, realmente patetas, que falam com pudor em cu, caralho e buceta e que infamizam seus nomes, aos bugalhos, chacoalhos e canetas, sem notar que ficam ruborizados perante suas mães e que cujas tias lésbicas ainda lhes repreende o palavrão. Eh, esses tolos que fumam maconha na frente da câmera do computador e batem suas punhetas embaixo da ponte, achando que são bandeiras de sua revolução, pensando que grito é poesia e que escarro é metralhadora. Deixo agora a poesia jogada pelas ruas, que a comam esses eunucos. Estou cansado de sentir fome de fato e o hálito de salame desses patéticos. Cheiro de whisky, cerveja e roupas de grife. E agora, promessa de final de ano: arrumar um emprego, de carteira assinada, trem lotado as seis da manhã e uma proposta de uma aposentaria por idade daqui a dez anos. Fiquem com a poesia, queridas crianças estúpidas que a usam feito as putas: aos seus nefandos desejos, escadas de seus egos.  Estou com fortes dores de cabeça, o neurologista me disse que tenho que parar.

18/12/2012

Banho de Merda


Banho de Merda
Luiz Carlos Barata Cichetto

Quando escrevo, faço questão de exercer meu sacrossanto direito à liberdade de pensamento. Um sagrado e santo direito que não foi concedido, mas tomado à força. Conquistado por mim com a derrubada do monárquico poder da religiosidade sagrada. Eu o derrubei, e assim conquistei o direito à minha liberdade. Não estou preso a nenhuma deidade e sim a única coisa, o único ser, a quem rendo glórias e urras. E a única sacralidade e santidade a quem devo devoção é a mim mesmo. Sou senhor de mim e não aceito nenhum dogma. Nada é sagrado, nada é eterno, nada é milagroso. Não existem milagres, nem santos, nem deuses. Sobre minha cabeça o pendulo do tempo pesa, e a espada da morte espeta meu crânio. O tempo e a morte, a morte e o tempo... Únicos deuses que temo, por sua realidade e realeza. Escrevo por teimosia e maledicência, escrevo por culpa e por inocência. Por ausência e indecência. A escrita ou a morte, gritou o ditador empunhando a luz do fim do túnel. Então entregue suas armas, grita a policial gostosa com jeito de puta. Não me entrego, grito eu, segurando a caneta com os dentes. Morro mas não me entrego, penso eu, ainda imaginando que sou um herói do velho leste. O sol nasce no Leste e no extremo leste não habita mais meu coração. Enterrem meu coração na curva do Rio. Mas não de Janeiro, nem de Fevereiro. Enterrem na curva do Rio Tietê, onde na minha infância eu pescava com meu pai. Há muito não há mais peixes no Tietê nem em rio nenhum. Apenas merda correndo a céu aberto em direção ao mar de merda onde pessoas ricas tomam sol. Banham-se na merda e se acham bacanas. São tolos os ricos que tem carros e vão para a praia tomar banho de sol e de merda. O sol nasceu para todos, menos para aqueles da escuridão. A merda também nasceu para todos... Nem todos, apenas para aquele que tem cu. Nem quero escrever mais, não tenho mais vontade. Principalmente nessa época beirando o natal cristão, com pessoas gastando muito dinheiro, consumindo até a merda, gastando o que não tem para ostentar o que não pode. Foda-se o natal! Quero dormir e acordar depois do Carnaval. Quando acaba o ano que ainda nem começou? Feliz ano velho. Feliz ano, velho! Velho é a puta que te pariu! Agora estou gripado, cansado e sem dinheiro nem nada. Quero acabar logo de escrever isso, que me dá no saco ficar escrevendo um monte de merda que ninguém lê. Pensar em literatura numa terra em que as pessoas não leem sequer receita de bolos... Ah, danem-se, os literatos, danem-se os professores de literatura, danem-se os poetas das casas de rosas. Daqui a pouco estou morto mesmo e então... Cremem meu coração e joguem na curva do Rio... Que elas se misturarão ao resto das merdas que banharão os ricos que tomam sol nas praias.... Banhos de sol, de merda e de minhas cinzas...

17/12/2012

Barata A Ferro e Fogo - Programa 4


Barata A Ferro e Fogo
Idéias a prova de balas...
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
www.abarata.com.br
15 anos de Sexo, Poesia e Rock and Roll... a ferro e fogo
Programa 4 - 17/12/2012
www.radioaferroefogo.com

1
Nora Ney - Cansei de Rock
João Bosco - Bandalhismo
Tuca - Ilha do Quarto Azul
2
Ronnie Von - Máquina Voadora
Loyce e os Gnomos - Era Uma Nota De 50 Cruzeiros
Duduca & Dalvan - Massa Falida

3
Pussy Galore - Fuck You, Man
Holy Moses and Doro - Too Drunk To Fuck (Wacken 2003)
The Atomic Bitchwax - Liquor Queen
4
Lobão - Para o Mano Caetano
Project Dragons - Não Haverá Outro Amanhã
Thelema e Jack Santiago - Cidade dos Anjos
5
Uganga - Fronteiras da Tolerância
Mano Cássio (Impacto Social) - Minha Arma
Facção Central - O Espetáculo do Circo dos Horrores
6
Gwar - A Short History Of The End
Gil Scott-Heron - The Revolution Will Not Be Televised
David Bowie -Warszawa
7
Andragonia - Pull The Trigger
Psychotic Eyes - The Hand of Fate
Caravellus - Behind The Mask
8
Deep Purple - Ricochet (Early Version of Speed King)
Jethro Tull - Moths
Genesis - The Musical Box
Final
Uriah Heep - Rock 'N' Roll Medley (Roll Over Beethoven_Blue Suede Shoes_Mean Woman Blues_Hound Dog_At The Hop_Whole Lotta Shakin'_Goin' On_Blue Suede Shoes)



15/12/2012

Prefácio a “Raul Seixas: Vômito de Metáforas”, de Isaac Soares de Souza


Prefácio a “Raul Seixas: Vômito de Metáforas”, de Isaac Soares de Souza
Luiz Carlos Barata Cichetto


Sabe aquelas pessoas que você conhece muito recentemente e acredita que, pelo histórico coincidente, gostos afinidades deveria ter sido seu amigo desde pelo menos adolescência? É o caso entre eu e Isaac Soares de Souza. Há poucos meses recebi um email dele elogiando um texto meu que foi alvo de muita fúria, onde eu falava sobre os plágios cometidos por Raul Seixas e dizendo-se meio envergonhado por não ter conhecido meu trabalho antes. O fato é que a vergonha foi de ambas as partes, pois também descobri nele um grande escritor, com vivências que poderiam ser parte das minhas, como a amizade, durante muitos anos, com Raul Seixas. Para completar, somos do mesmo "ano da graça do nascimento de Cazuza, Tim Burton e Bruce Dickinson", como gosto de definir 1958. E sendo, nós dois, além dos famosos acima, nascidos numa época perdida no tempo, maldita e frouxa, nos dedicamos, cada um de seu lado a experimentar, nos dedicar às nossas paixões e depois escrever. Temos também em comum a formação na Universidade da Vida, onde o diploma é a certidão de óbito. E é ela quem nos oferece a mal-formação e a deformação necessárias a sermos escritores por excelência, por desejo e por raiva, numa desconstrução filosófica de uma frase proferida por Raul, o mesmo Seixas que de certa forma nos colocou um no caminho do outro. E afirmo isso sem que com isso eu precise trair meu ateismo mutante e mefamórfico. Afinal, tanto ele, Santos Seixas, como Isaac e eu, sabemos que não existem verdades absolutas, apenas individuais. E são essas verdades individuais de Raul, que Isaac apresenta, juntamente com pensamentos próprios neste "Raul Seixas: Vômito de Metáforas". E como pósfacio desse prefácio, na redundância do regurgito de Isaac, metamorfoseado em espumas cristalinas do mar da intranquilidade raulseixista, cíclicas camadas de alumbramento, desgosto e poesia, deixo um poema de Raul, para sua degustação, congestão e vômito: 

Metido a Escrever (1984)
(Por que se eu não escrevesse por certo morreria)
Eu, louco do absurdo / Cansado de cansaços / Desmorono-me em breves reticências / Meus dentes caem / Meus lábios doem de tanto arder / Ardor de falar / Palavras inúteis / Poeta do caos / Imbecil como uma criança / Imprudente como uma mulher / Estômago ácido-espelho-da língua? / (Raul Seixas)
Luiz Carlos Barata Cichetto, Poeta, Escritor, Webdesigner e Editor Artesanal. Ou apenas outro cara metido a escrever...

15/12/2012

10/12/2012

PI2, (Pi Ao Quadrado) ou Politicamente Incorreto ao Quadrado - Editorial

PI2, (Pi Ao Quadrado) ou Politicamente Incorreto ao Quadrado - Editorial

A tendência, quando se pensa diferente da maioria, é em determinados momentos nos considerarmos loucos.  Aquela coisa, que aprendemos desde pequenos, dentro dos conceitos da “democracia”, de que se a maioria pensa e quer uma coisa, esta coisa deve estar correta. Mas quando começamos a ler e pesquisar, buscando outros pensamentos de outras pessoas, acabamos por chegar a conclusão que, ou não somos realmente loucos, ou ao menos não somos tão poucos.

Quando comecei a explanar meus pensamentos, comecei a ser tachado de "Politicamente Incorreto" e na época nem sabia exatamente o que era isso. Havia conhecido o “Patrulhamento Ideológico”, ainda nos anos 1970, mas comecei a perceber que as coisas atualmente eram muito piores e mais danosas e perigosas. E também a perceber que existem, não apenas no mundo acadêmico e até na própria mídia, pessoas que também tem esse pensamento. Filósofos como o Luiz Felipe Pondé no Brasil e Roger Scruton na Inglaterra; e jornalistas como Walter Navarro. E mesmo dentre as pessoas, digamos, mais simples, pessoas comuns, que apesar de não estarem debaixo dos holofotes e na frente de microfones de rádio e televisão, também tem esse pensamento na contramão. Pessoas que questionam seu mundo e que não aceitam o que é vomitado e imposto a força. 

E foi baseado nisso que lancei a ideia desta revista. Aglutinar esse pensamento que não tem lado, não está nem à direita nem a esquerda, muito menos no centro. Ou se está de algum lado, é o do pensamento livre, coisa que tem sido combatido pelo poder dominante que descobriu que a melhor maneira de dominar as pessoas seria com a "pasteurização" e a uniformização do pensamento, nivelando por baixo os conceitos sociais e morais, transformando até mesmo coisas simples e necessárias como cantigas de roda e o humor em alvos de criticas, e até mesmo de processos. 

Aliás, os processos judiciais substituíram bem a chibata e a tortura nos porões da repressão militar. Antes, os que pensavam diferente do que era imposto eram torturados e mortos, hoje são processados, o que as vezes na prática significa a mesma coisa, impedindo até mesmo essas pessoas de sobreviver. 

Pensar e expor o pensamento livre, de fato, se tornou algo muito perigoso, como na "crimidéia" de Orwell. Pensar diferente está se tornando crime, a partir da premissa inventada de uma igualdade que não existe e chegando a absurdos de fazer com que as pessoas se sintam no dever de explicar porque estão usando a palavra "preto", em qualquer circunstância e por qualquer motivo. A coisa se instala na mente das pessoas, criando o pior tipo de censura, aquela que impede que o criador de usar determinadas palavras, formas e cores . Uma guerra suja.

E como não sou - a maioria de nós não é - afeito a armas, tiros e explosões, nos resta apenas uma forma de lutar nessa guerra suja: continuando a pensar e explanar seu pensamento das formas que ainda podemos. E esse é o motivo maior da existência de PI2, Pi Ao Quadrado, ou Politicamente Incorreto ao Quadrado. 

Luiz Carlos Barata Cichetto


Politicamente Incorretos Ao Quadrado :
  • Luiz Felipe Pondé
  • Walter Navarro
  • Luiz Carlos Barata Cichetto
  • Delciderio do Carmo
  • Toni, Le Fou
  • Renato Pittas
  • Emanuel R. Marques
  • Marcelo Moreira
  • Gabriel Fox
  • Diego El Khouri
  • Glauco Mattoso
  • Giovani Iemini
  • Wellington Vinícius Fochetto Jr.
  • Isaac Soares de Souza
  • Eliezer Soares de Souza
  • Joanna Franko
  • Alejandra Arce D Fenelon
  • Celso Moraes F.
  • Roger Scruton
  • Erika Zaituni
  • Carlos Drummond de Andrade

Download Direto (PDF) - 62 MB - 88 Páginas:
www.mediafire.com/?1ih9ztnq8pndt5u
ou
http://www.4shared.com/office/O3tT9SWC/pi2_01_Revista.html?



Barata A Ferro e Fogo - Programa 3


Barata A Ferro e Fogo
Idéias a prova de balas... 
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
www.abarata.com.br
15 anos de Sexo, Poesia e Rock and Roll... a ferro e fogo
Programa 3 - 10/12/2012
www.radioaferroefogo.com

Bloco Argentina (Rolando Castello Junior)
01-01 - Aeroblus - Tema Solisimo
01-02 - Crucis - Los Delirios del Mariscal
01-03 - La Renga - La Furia de la Bestia Rock
01-04 - El Riff - Ojo Animal

Bloco Argentina  (Gabriel Fox)
02-01 - Bersuit Vergarabat - El Tiempo No Para
02-02 - Orion's Beethoven - Amistades Desparejas
02-03 - Rata Blanca - La Leyenda Del Hada y El Mago
02-04 - V8 - Brigadas Metalicas

Bloco America Latina
03-01 - Los Impala - Children Of The Forest (Venezuela)
03-02 - Indiogenes - (Peru)
03-03 - Cabezas de Cera (Fractal Sónico 95) - Las Glorias de Baco (México)
03-04 - Tabernarios -  Tabernarios (Chile)

Bloco Espanha
04-01- Tierra Santa - Nerón
04-02 - Mago de OZ -  Fiesta Pagana
04-03 - Obus - Va Aestallar El Obus
04-04 - Baron Rojo - Rockero Indomable

Bloco Claudio Neanderthal:
05-01 - Shangai - Solaris
05-02 - Jeronimo - Heya
05-03 - T.2. - No More White Horses
05-04 - The Smith - The Weight (Easy Rider)

http://blogneanderthal.blogspot.com.br

Bloco Blue Sonic:
06-01 - Rock da Mortalha - Dr Fausto
06-02 - Rock da Mortalha - Salve-se Quem Puder

03/12/2012

Barata A Ferro e Fogo - Programa 2

Barata A Ferro e Fogo
Programa 2

Barata A Ferro e Fogo
Idéias a prova de balas...
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
www.abarata.com.br
15 anos de Sexo, Poesia e Rock and Roll... a ferro e fogo
Programa 2 - 03/12/2012
www.radioaferroefogo.com

(Abertura: Poesia: "Entre o Vão e a Plataforma)

Bloco 1
(Texto Livre)
Foghat - Honey Hush
Uriah Heep - Traveller In Time
Ted Nugent - Wang Dang Sweet Poontang
Slade - Born To Be Wild

Bloco 2
(Poesia: Cum Mortuis in Língua Mortua)
UFO - Lights Out
Babe Ruth - The Mexican
Curved Air - Vivaldi
Gentle Giant - Working All Day

Bloco 3
(Texto Livre)
The Beatles - Helter Skelter
Creedence - Travelin Band
Bad Company - Bad Company
Lynyrd Skynyrd - Simple Man

Bloco 4
(Poesia: "A Sombra de Objetos Inexistentes"
Patrulha do Espaço - Universo Conspirante
Made In Brazil - Kamikaze do Rock
Alceu Valença  - Você Pensa
Raimundos - Andar na Pedra

Bloco 5
(Texto Livre)
Hawkwind - Master Of The Universe
Hawkwind - Sonic Attack

02/12/2012

Insônia

Insônia
Luiz Carlos Barata Cichetto

O que faço acordado às cinco da manhã, perguntou minha mulher. Faço escritos, faço escritos, disse eu, constrangido por estar acordado numa ainda madrugada de domingo, enquanto a maioria das pessoas dormem o sono reparador das mágoas e cansaços da semana, outros chegam da balada bêbados e mal amados e outros ainda acordam para ir a igreja distante em busca de algo tão perto. Mas é domingo, disse ela, com cara de sono, já que foi acordada pelo matraquear do meu teclado. A poesia não descansa, e não tem fim de semana; disse eu com cara de azedo. Não tem descanso semanal remunerado, não tem férias nem décimo terceiro salário; completei com começo de irritação. Minhas gatas ronronam e se acomodam no meu colo e minha mulher desiste e retorna para a cama quente enquanto eu ainda espero pela inspiração que talvez chegue junto com os primeiros raios da manhã. O Sol sairá hoje, ainda penso enquanto olho o cursor solitário e idiota piscando na tela do computador e bato nas teclas esperando que o som acorde minha inspiração. Estou perdendo tempo, penso. Mas o tempo é a única coisa que um poeta tem a perder, porque é a única coisa que lhe pertence.”Quem não tem nada, nada tem a perder”, disse o poeta na canção. E eu perdi a canção, perdi o tempo e perdi a hora. Estou atrasado. Que faço acordado às cinco e meia da manhã, pergunta o Sol esfregando os olhos, enquanto a ultima estrela solitária ainda pisca. O Sol é o único que não perde o tempo nem perde a hora. E agora eu lhe respondo que esperava sua chegada, desejo-lhe um bom dia – talvez devesse desejar boa noite - e vou dormir. A poesia? Ah, bem, a poesia pode esperar até que chegue outra noite. Ou dia.

01/12/2012

A Cadeira (Baseado em Fatos Reais)

A Cadeira (Baseado em Fatos Reais)
Luiz Carlos Barata Cichetto

Minha cadeira quebrou. Era de ferro, velha, estava enferrujada e foi soldada por um soldador pouco habilidoso. Desmontou e eu me esborrachei no chão, batendo as costas e a cabeça no piso da sala. Quase rachei a cabeça e quebrei alguns ossos das costas, mas entrei em desespero quando vi aos pedaços a minha cadeira. "Só me faltava essa agora!" Pensei enquanto jogava os pedaços no quintal, quase acertando a gata.

Minha cadeira, o que faço sem minha cadeira?  Sou agora um escritor sem uma cadeira e isso é um sério problema. Como escrever? De pé? Sentado no chão com o teclado do computador no colo? Como escrever sem ela? Como concentrar-me em pensamentos? Como acender o cigarro e apoiar os cotovelos sobre a mesa, buscando as idéias fugidias que comporão minha próxima obra? Estou aleijado, morto, sem capacidade de reação, de criação e minha inspiração parece que se partiu em pedaços, juntamente com a cadeira.

Um banco de plástico? Um banco de plástico não é uma cadeira, não a um escritor. A um escritor, uma cadeira tem que ser de fato uma cadeira. Não é a toa, que o premio máximo de um escritor é uma Cadeira na Academia de Letras. A cadeira é o trono de um escritor, onde ele exerce o papel de imperador sobre sua obra, decidindo o destino de seus personagens, matando-os ou fazendo-os amar, odiar, caminhar, matar.  E é de sua cadeira que um escritor comanda, cria ou destrói mundos  E agora, eu perdera meu poder quando meu trono, de ferro, espuma e tecido se espatifou. Tive a nítida impressão que escutei gritos quando ela se quebrou...Seriam os meus?

Minha cadeira não era comum, dessas que tem quatro pernas, era daquelas de escritório, com rodízios que deslizam. É bem possível que tenha pertencido a um escriturário entediado ou a um chefe de repartição que a usava como o trono de um rei efêmero a ditar ordens a subordinados amedrontados. Quem sabe até quantas orgias teriam acontecido sobre ela, com secretárias em busca de promoção e diretores de satisfação. Ela tinha rodas e com ela eu deslizava da mesa ate à estante em busca de algum livro importante. E como fazer isso agora, como eu poderia chegar até a estante sem as rodas mágicas da minha cadeira? 

Não era cara, a minha cadeira, eu a encontrei abandonada numa calçada, abandonada, partida e rasgada. Parecia triste ali, naquela calçada, e eu a recolhi e a consertei como quem cura as feridas de um cachorro ou de uma amante. E como o dono e um cachorro ou como amantes, fomos úteis um ao outro durante anos. E parecia também que ficaríamos juntos para sempre. Mas a fadiga do velho metal e a incompetência da solda mal feita tinham colocado o fim naquela eternidade.

Mas ontem, quando eu me preparava para escrever a obra prima da minha vida, meu grande livro, minha maior história, ela estalou e quebrou, me jogando no chão frio. Maldita cadeira! Até pensei em escrever um poema ou uma crônica sobre a cadeira quebrada, mas desisti da idéia, pois quem afinal leria sobre uma cadeira quebrada? Escrever sobre uma cadeira quebrada... Ah, coisa de louco, maluco mesmo... Que escritor com alguma insanidade escreveria sobre isso? Cadeira maldita!

E então minha obra não saiu, as palavras não saíram, o livro não saiu. E estranhamente não me senti mal por isso, pois agora, ao olhar aqueles pedaços de ferro, espuma e tecido, abandonados no quintal sob a chuva e o sol, ainda penso com tristeza sobre cães feridos, sobre amantes perdidas... E sinto falta da minha cadeira.