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23/02/2018

Madrugada

Madrugada
Luiz Carlos Cichetto (aka Barata)

Penso deliberadamente que madrugada não é o particípio passado feminino substantivado de madrugar. Madrugada é um estado de espírito, um espaço físico, algo que pode mesmo ser chamado de um lugar. Um local onde não tem pipoca, nem vendedores de sorvetes, nem putinhas fazendo ponto de minissaia, como havia antigamente. Madrugada é um lugar. Onde não se pode namorar. Nem trepar. Nem gozar. Madrugada é um lugar. Vulgar. Lugar de divagar. Devagar. De vagar. Pelas câmaras escuras da solidão. De largar o corpo dormindo na cama. E encontrar uma bela megera num submundo. Madrugada é lugar onde é proibido dormir, mas que pode sonhar. Madrugar é pegar. Ou largar. Sugar. Sujar. Mijar. Madrugada é chegar. Onde não se pode estar.  Cegar. O olho do cu. Cagar. Devagar. Sem pressa. Madrugada é uma rua. Onde cachorros latem de solidão. Uma estrada sem destino. Um puteiro com luzes de neon com o desenho de uma silhueta de mulher e uma taça. Madrugada é uma praça. Madrugada é uma taverna. Ou uma taverna. Onde um poeta estúpido e idiota ainda teima em escrever poemas. Que ninguém vai ler. Na madrugada não é proibido fumar. Não é proibido nadar pelado. Num lago gelado. Madrugada é uma cidade. Sem prefeito. Sem nada perfeito. E de qualquer jeito. Madrugada é um direito. Lugar estreito. E escuro. Seguro. Confortável. Inflamável. Instável. Madrugada é um país. Sem presidente. Nem rei. Nem política. Nem religião. Madrugada é região. Penhasco. Montanha. Floresta. Madrugada é tudo o que resta. E que não presta. Madrugada não se empresta. Nem se compra. E não se pode alugar. Madrugada é risco. Madrugada é anarquia. Monarquia. Autarquia. Madrugada não é estar. É ser.

23/02/2018

20/02/2018

Sexo

Sexo
Barata Cichetto

Poderia ser dramático, mas é apenas gramático; e matemático. Poderia ser desejo, mas é apenas beijo; e ensejo. Poderia ser prazer, mas é apenas lazer; e fazer. Poderia ser delícia, mas é apenas malícia; e sevícia. Poderia ser tudo, mas é apenas sexo; e nada.

20/02/2018

17/02/2018

Vaca Com Tosse

Vaca Com Tosse

"O pulso ainda pulsa". Ainda pulsa. Expulsa. Repulsa. Por justa causa. Injusta pausa.  E quem casa quer casa. Mas a asa ainda bate. A crase acentua. Acento grave. Grave acento. Ao vento. Que vem do norte. A fase. Atenua. Nua. Crua. E não for sua. Nada será. A não ser que seja. De manhã. Quando eu acordar. E você me chupar. E depois adormecer. Com a cabeça no meu peito. Se afogando no leito. No leite. E tudo aquilo que foi feito. Mesmo que imperfeito. Foi feito. Pelo Sol. Pela Lua. Pela sua. Mão. Tudo pelo seu não. E se não me engano. Tudo entrou pelo cano. Da solidão. E o senão. Foi a regra. E então. Tudo se foi. Como dois e dois. Ficou para depois. A resposta certa. Na hora errada. E se pulsa o pulso. Eu tusso. Vomito. E emagreço. Por doença. E solidão. E dor desejo e vontade. Te fodo a buceta. Te enrabo na cama. E te chamo de vaca. E nem que tussa. Te faço parar de gozar. É gozado isso. De te fazer gozar. Feito uma vaca. E te chamar de piranha. Depois tomar teu café. E comer teu pão. Te ver sair pro trabalho. E ficar batendo punheta. Na frente da televisão. Dormir a tarde inteira. Cheio de tesão. E cantar uma musica. Que não entendo a letra. Pensando que é filosofia. Depois dar uma cagada. E no alto dos meus sessenta anos. Folhear uma revista de mulher pelada. E lambuzar o azulejo. Feito um moleque. Imberbe. Com cara de anjo. E jeito de filho da puta. Ainda penso em foder com uma puta. Mas tenho medo. De brochar. E de pensar. Que estou fodendo tua buceta. E ver na cara daquela vagabunda. Teu rosto me censurando. Então fico no ponto. Te esperando. Sem cuecas. Com o pau duro debaixo da bermuda surrada. E te fodo assistindo televisão. E fumando. E jogando no celular. Feito a puta da minha adolescência. Que comia maçãs. Compradas de um carrinho de frutas na esquina. Mas o pulso. Ele ainda pulsa. Mesmo que por repulsa.

16/02/2017

16/02/2018

Barata Rocker

Em 2012, se minha memória pós-etílica não falha, o Diego El Khouri criou um personagem embasado em mim, o que me encheu de orgulho, afinal, Diego é sujeito que, apesar de muitas birras e teimas, eu admiro muito. De certa forma, tenho a ele como uma espécie de "filho" poético, num sentido muito amplo, e tirando daí qualquer sentido de "superioridade" ou conotação de maior experiência.

Ano passado, Diego me convidou a fazer com ele a HQ "definitiva" da personagem, que ocupará um álbum inteiro, possivelmente lançado pela Editor'A Barata Artesanal. Como ando totalmente desanimado e perdido, não consegui até agora fazer nada.

Acontece que na última noite eu tive um sonho, em que estava com uma revista nas mãos e a capa tinha um grafismo, um logo... Era uma HQ do "Barata Rocker". Acordei, fui ao computador e desenhei tal grafismo, montando numa arte que o Diego El Khouri já tinha feito.

Então, vamos às artes!





10/02/2018

Vontade e Impotência

Vontade e Impotência

Primeiro eu parei de postar sobre qualquer assunto relacionado à política: cansei de ser ofendido por malucos esquerdóides. Depois parei de comentar em postagens de outras pessoas sobre o mesmo assunto e pelos mesmos motivos. Na sequencia parei de publicar poemas, por absoluta falta de leitores e de comentários: responder a uma postagem poética com um curtir é o mesmo que ir a um puteiro e pedir revista Playboy na recepção. Então, parei de publicar constantemente qualquer outro tipo de texto, pelos mesmos motivos, com exceção de desabafos feito este.
Neste ano de 2018, onde uma guerra ideológica com armas mais nojentas e imundas que bomba atômica se prevê, nada para mim faz mais sentido aqui. Só não removo a conta nesta  rede anti-social por ainda tem não mais que meia dúzia de amigos.
Sinto-me completamente perdido nessa era em que as pessoas andam nas ruas usando celulares, e não o soltam nem na cama. Perdido e sem nenhum tipo de esperança. Já cheguei a sonhar que por algum vírus poderoso todos os celulares e redes sociais deixassem de funcionar. Ai, as pessoas voltariam a ter que fazer um exercício extremo de voltar a aprender a segurar uma caneta e um pedaço de papel. Sim podem me chamar de saudosista. Aliás, podem me chamar do que quiserem, que não ligo mais.
À beira do meu sexagésimo aniversário, com o corpo dando sinais de fadiga e ruptura, e  vendo todas as oportunidades de sobrevivência se esvaírem, cada despertar se torna uma agonia, cada noite uma tortura. O que importa tudo o que foi feito, de bom ou de ruim, dependendo do ponto de vista? Já não importa. Talvez o que importa seja a corda, a garrafa de alguma coisa bem forte e mortal, a bala, o sangue. Não sinto, entretanto, pena de mim. O sentimento é outro... O de injustiça. Enquanto sou acusado de misantropia, vejo "amigos" falsos humanistas, falsos esquerdistas, falsos moralistas, erguerem bandeiras em defesa do coletivo, enquanto individualmente têm atitudes repugnantes de deixar morrer à míngua um irmão.
Falta-me a vontade de tudo, falta-me a vontade de erguer um dedo, e até de ter medo, de ter  segredos; de acordar cedo, de dormir tarde, de falar a verdade, de mentir, de partir. De ficar.