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28/09/2012

Pussy Galore

Pussy Galore
Luiz Carlos Barata Cichetto

Pussy Galore é uma personagem criada por Ian Fleming em "007 Contra Goldfinger", da série James Bond. Seu nome é um trocadilho com “Pussy”, que em inglês significa um outro nome para “Gata” ou o termo vulgar para "vagina'", enquanto "Galore'" significa grande abundância de alguma coisa.  Portanto, poderíamos traduzir vulgarmente "Pussy Galore" como "Bucetuda" (?). No filme, a personagem interpretada pela atriz britânica Honor Blackman foi atenuada, pois no original literário, a principal capanga do vilão Auric Goldfinger é uma lésbica, chefe de uma gangue de ladras. No filme isso é apenas insinuado e ela acaba nos braços do irresistível James Bond. 

Entretanto, na capital federal dos Estados Unidos da América, no ano de 1985, surge uma banda de garagem com o mesmo nome da personagem de Fleming. Com um som claramente inspirado em estandartes da piração criativa do final dos anos 60 e início dos 70, “The Velvet Underground” e “The New York Dolls”, desde cedo a banda construiu um som que não podia ser rotulado, dada a miscelânea sonora que compunha seu trabalho. Distorção até o bagaço, gritos, letras com forte apelo sexual e toda a sorte de influências rítmicas e melódicas. Uma usina de criatividade e “loucura” concentradas. Mas ma usina dessas não tem como não explodir com tanta carga, ainda mais juntando-se a essa carga explosiva, o uso e abuso no consumo de drogas alucinógenas. O resultado pode chegar a ser genial ou catastrófico, dependendo para qual ela vão os estilhaços da explosão.

A base original da “Pussy Galore” era formada pelos guitarristas e vocalistas Jon Spencer e Julia Cafritz e pelo baterista John Hammill. E foi com essa formação que a banda gravou seu primeiro EP "Feel Good About Your Body". Após o lançamento do disco, o guitarrista Neil Hagerty passa a integrar a banda, Hammill foi substituído pelo ex-baterista do "Sonic Youth" Bob Bert e eles se mudam para New York, passando a incluir como guitarrista Cristina Martinez, então com 16 anos. Cristina não era instrumentista, mas namorada de Spencer e a modelo que posara para a capa do EP de estréia. Com esse “line-up” eles gravam outro EP "Groovy Hate Fuck" pelo selo "Shove Records" criado pela própria banda. Logo a seguir, em 1986, pela mesma "Shove", lançam uma gravação em fita cassete, com edição limitada a 550 cópias chamada "Exile on Main Street", apenas com "covers" de Rolling Stones. Futuramente essa gravação seria incluída na coletânea "Corpse Love". 

Em Janeiro de 1987 outro EP, "Pussy Gold 5000". Pouco depois a modelo-namorada-guitarrista Martinez deixa a banda após sérios atritos com a outra guitarrista Julia Cafritz. "Right Now!" lançado pela Caroline Records, em Setembro de 1987, é efetivamente o primeiro álbum da "Pussy Galore" e o primeiro lançamento por outra gravadora. Mas, pouco tempo após o lançamento, o guitarrista Neil Hagerty deixa a banda e é substituído por Kurt Wolf. Hagerty voltaria a banda pouco tempo depois para a gravação e lançamento de outro EP "Sugarshit Sharp" um dos mais significativos da carreira da banda, que incluía "Yu-Gung", um cover da banda alemã de "industrial dance" “Einstürzende Neubauten”, misturada com trechos do "rap" Don't Believe The Hype" do Public Enemy. Neste EP também foi introduzido o novo logotipo da banda, uma mistura do "Yu-Gung Man" do Neubauten com uma imagem quase indecifrável do logotipo clássico dos Rolling Stones.

O segundo álbum "Dial M For Motherfucker", foi lançado em 1989, ainda repleto da formula "Pussygaloriana" de fazer musica, isto é: muito ruído, provocação e truques de estúdio, musicas que parecem estar girando ao contrário ou que terminam abruptamente, sem nenhum sentido aparente. Originalmente o disco era para ser chamado "Make Them All Eat Shit Slowly", algo como "Faça Todos Comerem Merda Lentamente", mas foi vetado pela Caroline Records. Cafritz, a guitarrista que teria sido o pivô da saída de Martinez da banda, aparece apenas em algumas das musicas e pouco depois deixaria a banda. Ainda nesse ano, o Pussy Galore lançaria seu "split", com um cover da Black Flag "Damaged II" tendo "Damaged I" com a banda Tad do outro lado, para a Sub Pop Records e posteriormente dividiria, para um lançamento da “Supernatural Records” japonesa, outro “single” com a banda de “Industrial” “Black Snake”.
Com a saída da guitarrista Cafritz, o trio Spencer, Hagerty e Bert lançam o último álbum em 1990 chamado "Historia de La Musica Rock" pela Caroline Records. A capa, uma paródia de uma série de compilações em vinil lançadas na Espanha chamada "Historia de La Música Rock".

Ainda em 89, Spencer e Martinez haviam se casado e fundado o “Boss Hog”, que alcançou certa notoriedade não apenas em função da música, mas também pela nudez dela, tanto em cena como em capas de discos. Neil Hagerty continuou sua carreira com a namorada Jennifer Herrema, no duo de Blues-Rock "Royal Trux". Cafritz e Bert se uniram no início de 1990 e lançaram um álbum auto-intitulado "Action Swingers". Em 1992 foi lançada a compilação "Corpse Love: The First Year" que incluía as faixas do cassete "Exile On Main Street", material inédito do inicio e entrevistas. Jon Spencer também formou o “Blues Explosion”, que lançou uma série de discos e ainda em 2012 continua gravando e se apresentando.

Discografia:
Albums
Exile on Main Street - Cassette (1986, Shove) 
Right Now! - LP (1987, Caroline)
Dial M For Motherfucker - LP (1989, Caroline
Historia de La Música Rock - LP (1990, Caroline)
Corpse Love: The First Year - CD (1992, Caroline)
Live: In The Red - LP (1998, In the Red)
EPs
Feel Good About Your Body - EP 7" (1985)
Groovy Hate Fuck - EP (1986, Shove)
Pussy Gold 5000 - EP (1986, Shove)
Sugarshit Sharp - EP (1988, Caroline)
Compilação
Groovy Hate Fuck (Feel Good About Your Body) LP (1987, Vinyl Drip) 
Videos
Maximum Penetration VHS (1987, Atavistic Video)




27/09/2012

O Suprassumo dos Subestimados - Parte 1 - Rolando Castello Junior


O Suprassumo dos Subestimados - Parte 1 - Rolando Castello Junior
Luiz Carlos Cichetto
Foto:Site Oficial de Rolando Castello Junior (Fotógrafa:  Lyrian Oliveira)

Há tempos atrás, quando comecei a publicar minhas listas no Whiplash, listas estas que despertaram a ira dos fanáticos a ponto de receber até mesmo ameaças veladas, tenho pensando sobre mostrar artistas e bandas que mereceriam ser melhor conhecidas pelo grande publico, mas que não o são por razões das mais diversas, hediondas e até criminosas possíveis. Sim até criminosas, pois os critérios usados pela mídia e pelas máfias das gravadoras e editoras de musica são dos mais perversos e violentos, destacando apenas aqueles cujos retornos financeiros são imediatos e garantidos. E nada como um cantor ou cantora bonitinho e ordinário, sem nenhum talento e devidamente remontados e remanufaturados em estúdio. Uma carinha bonitinha, uma bunda gostosa e dane-se se há talento artístico ou não.  

Aparentemente a máxima do sucesso "estar no lugar certo, na hora certa e com as pessoas certas" nunca se aplica aos verdadeiros artistas, particularmente que tocam Rock no Brasil. O chamado "Pop Rock", essa escrotisse inventada pelas gravadoras com o intuito de trajar de Rock bandas e artistas que nada tem a ver, parece ser a única coisa aceita. 

A mentalidade brasileira, mesmo mais de 50 anos do Rock ter chegado ao Brasil ainda o trata como "estrangeirismo" estabelecendo uma linha de atuação absurda que admite o Rock que é feito no exterior e chega aqui de todas as formas, mas não os artistas daqui. Velhos e caquéticos medalhões, que nem brilham tanto ou não brilham mais, são tratados como verdadeiras majestades não apenas pela mídia, mas pelo próprio público e pelos "artistas" da terra. Enquanto artistas do Rock internacional, milionários são tratados com pompa, gala e reverência e colocados em castelos; os daqui são tratados como parias e a pontapés. Enquanto artistas americanos e ingleses e de toda parte do mundo ganham fortunas enriquecendo ainda mais, os daqui ganham misérias e migalhas. Enquanto os "gringos" lotam arenas a preços exorbitantes, os "nativos" não recebem publico, nem a preços irrisórios. Uma demonstração clara de estamos ainda sob a égide do jugo, vivendo eternamente a condição de colonizados.

E para não perder o costume, estou criando uma outra lista. Mas a idéia agora é traçar o perfil de um artista em cada artigo, para que possa ser demonstrado de forma mais apurada o trabalho de cada um. Foi difícil criar esta lista, pois não queria deixar de lado ninguém que merecesse estar nela. Ser injusto com “Ídolos”, não me deixa com a consciência pesada, mas com pessoas que já por si só estão sendo injustiças pelas circunstâncias, me deixaria com a consciência pesando toneladas. 
Aeroblus Pappo, Rolando e Alejando Medina:
Fonte:  http://aeroblusoficial.com.ar

.: Rolando Castello Júnior 

Recentemente, Rolando Castello Junior foi eleito por uma revista argentina como "O Mais Grande Baterista do Mundo". Na matéria, Rolando é comparado aos grandes bateristas de Rock do Mundo, como John Bonhan e Keith Moon, ambos falecidos. E de fato, se fosse ele americano ou inglês estaria com seu lugar assegurado em qualquer lista dos melhores, cantado e ovacionado e merecedor de lugar de destaque em qualquer “Hall of Fame”. Mas como estamos no Brasil, pátria das chuteiras e das injustiças culturais...

Desde o inicio de carreira, ainda nos primeiros anos da década de 1970, com passagens por bandas no México (Parada Suprimida, Tarantula e Three Souls In My Mind), que ele se destaca, por sua técnica impar de tocar o instrumento. Em 1974, "Junior", foi o baterista do primeiro disco do “Made In Brazil”, o lendário “disco da banana”.  Em 1977 foi para a Argentina onde formou com o mestre da guitarra Norberto Pappo Napolitano uma das mais emblemáticas bandas portenhas, o “Aeroblus”, até hoje reverenciada e homenageada por todos os roqueiros do país de Maradona. E esse fato, aliado ao reconhecimento dos argentinos ao talento do baterista, fazem dele um ídolo.

Enquanto isso no Brasil... Rolando que foi um dos fundadores da “Patrulha do Espaço” juntamente com Arnaldo Baptista, segue carregando o legado da banda nas costas por 35 anos, tendo gravado com a “Patrulha” cerca de 20 discos, além de participação em discos de outras bandas e artistas do Rock “Nacional”. Segue em frente, tocando e ainda acreditando no Rock, como poucos.

Dono de uma técnica insuperável no instrumento, Rolando é referenciado pela maior parte dos grandes bateristas brasileiros como Paulo Tomás do Baranga, Paulo Zinner, ex Golpe de Estado e dezenas de outros. Sua forma de tocar é inconfundível e única, frutos de uma genialidade nata aliada a fatores de superação física. Embora não goste de falar sobre o assunto, Rolando teve poliomielite na infância que deixou fortes sequelas, que decerto colaboraram com sua forma de usar o instrumento.

Há um tempo atrás, li uma matéria sobre medicina em que um ortopedista dizia que a genialidade de Garrincha se devia a um "defeito físico" nas pernas que mudava todo o seu centro de gravidade e que isso, aliado à sua genialidade genética o transformara num gênio. Um gênio sufocado por Pelé e seu Marketing Pessoal melhor construído. Não vejo uma comparação melhor do que a existente entre Rolando e Garrincha, pois enquanto Pelé é um milionário, Garrincha morreu pobre. A esperteza e ganância da mídia fazem ídolos a seu bel interesse e, por mais genial que um ser possa ser, ele jamais desfrutará dos justos patamares de glória caso não se "venda", de alguma forma, a seus interesses mesquinhos. 

E assim, por estes e outros obscuros motivos, o trabalho de Rolando Castello Junior permanece desconhecido da maior parte do publico, mesmo dentro do publico de Rock, que normalmente rende glórias aos grandes bateristas da história do Rock e desconhece que aqui mesmo existe um músico, vivo e produtivo e que ainda coloca nos ares sua banda, com muito esforço e dedicação a um Rock que, tal como o restante da Cultura nacional é cega, surda e muda.

E, usando ainda a comparação com o futebol, atualmente se rende loas a "cabeças-de-bagre" (usando um jargão futebolístico), como os "neymares" e se acredita (porque a mídia assim o impôs) que Pelé foi o maior craque de todos os tempos. Mas se esquece ou não se conhece a genialidade de Manuel Francisco dos Santos, o Garrincha. E se rende homenagens a tocadores de bateria e fazedores de barulho como (Huuuuum, deixa pra lá!...) e desconhecem o talento, e porque não dizer a genialidade, de Rolando Castello Júnior.

Ah, os argentinos acham que foi Maradona o maior, mas sempre lembram que Rolando Castello Junior é o "Mais Grande Baterista do Mundo". Futebolisticamente falando podem estar errados, mas com certeza, entendem de Rock melhor do que “nosostros”.
Disco Mais Recente da Patrulha do Espaço (2012)
http://www.patrulhadoespaco.com.br

Discografia Completa:
(Em Ordem Decrescente)
2012 - Patrulha do Espaço - Dormindo em Cama de Pregos - Indie
2007 - Patrulha do Espaço - Capturados ao Vivo no CCSP  -  Voice Music
2006 - Aeroblus - Aeroblus (Digipack) - Universal
2006 - René Seabra - As Cores de Maria - Lâmpada Records
2005 - Brasil Papaya - Esperanza - Beluga
2004 - Patrulha do Espaço - Missão na Área 13  -  Indie
2003 - Patrulha do Espaço - Sim São Paulo - Baratos Afins
2003 - Patrulha do Espaço - Compacto - Indie
2003 - Patrulha do Espaço - Demo Sul - Braço Direito Records
2002 - Patrulha do Espaço - Dossiê Volume 4 - Indie
2001 - Patrulha do Espaço - Música Para Reciclar
2000 - Patrulha do Espaço - Chronophagia  -  Indie
1999 - Made in Brazil - Made in Brazil - BMG
1998 - Relespública - E o Rock’n’Roll Brasil!? - Indie
1998 - Patrulha do Espaço - Dossiê Volume 3 -  Baratos Afins
1998 - Patrulha do Espaço - Dossiê Volume 2 - Baratos Afins
1997 - Patrulha do Espaço - Dossiê Volume 1 - Temptation
1997 - Aeroblus - Libre Acceso / Aeroblus - Polydor
1995 - Made in Brazil - Acervo -  RCA
1994 - Patrulha do Espaço - Primus Inter Pares - Aqualung
1993 - Beijo AA Força - Coletânea - Tinitus
1993 - Aeroblus - Aeroblus -  Phillips
1993 - Quantum - Quantum -  Record Runner
1993 - Beijo AA Força - Beijo AA Força  -  Tinitus
1992 – Pappo - El Riff - Trípoli Records
1990 - Cemitério de Elefantes - Coletânea - Vinil Urbano
1989 - Maria Angélica - Outsider - Vinil Urbano
1989 - Arnaldo e Patrulha do Espaço - Elo Perdido - Vinil Urbano
1988 – Arnaldo e Patrulha do Espaço - Faremos uma Noitada Excelente  -  Vinil Urbano
1986 - Inox - Inox - CBS / Epic
1985 - Patrulha do Espaço - Patrulha 85  -  Baratos Afins
1983 - Mario Garcia - Sr. Cisne - Indie
1983 - Quantum - Quantum - Café
1983 - Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço 4 -  Baratos Afins
1982 - Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço - Baratos Afins
1981 - Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço - Seta / Ariola
1980 - Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço - Halley
1979 - Billy Bond - Billy Bond and The Jets - Sazan
1977 - Aeroblus - Aeroblus - Phillips
1975 - Made in Brazil - Coletânea - RCA
1974 - Made in Brazil - Made in Brazil - RCA
Internet:
.: www.rolandorock.com
.: www.patrulhadoespaco.com.br
.: www.aeroblusoficial.com.ar 

Entrevista de Barata Cichetto com Rolando Castello Junior - KFK Webradio - 2012


(Apertura del Tributo a Aeroblus encabezada por Castello, Medina y Chizzo Napoli, ademas contó con la Participación Millo , "Tete" y "Tanque" Iglesias.)

(Virada Cultural de São Paulo - 2010 - "Festa do Rock" - Vocal Percy Weiss)

26/09/2012

26/09/2012

O Que Eu Poderia Ter Sido, o Que Fui... E o Que Sou...


O Que Eu Poderia Ter Sido, o Que Fui... E o Que Sou...
Luiz Carlos Barata Cichetto

Eu poderia ter sido muitas coisas, pois afinal sempre fui muito curioso, sempre apreciei leituras e musicas, sempre gostei de aprender e de pensar. E principalmente sempre fui muito apaixonado por tudo aquilo que me interessava e, portanto muito dedicado a meus interesses. E aprendia com muita facilidade por esses motivos. Sem muito esforço, durante o curso primário (designação do 1º ao 4º anos do que seria hoje equivalente ao ensino fundamental) durante três dos quatro anos fui considerado o melhor aluno da sala e da escola. Era natural para mim ser dessa forma. No Ginásio (equivalente a 5ª a 8ª séries) tive meu primeiro contato com o Inglês e aprendi com muita facilidade.

Aos 12 anos de idade era um "Auxiliar de Ambulante", puxando um carrinho de mão pesado e repleto de vasos de plantas que meu avô fabricava, isso depois de ser o responsável pela alimentação do viveiro de coelhos da criação doméstica de meu pai. Aos 14, um eficiente Office-Boy que rasgava a jato as ruas de São Paulo entregando encomendas e envelopes. Aos 15 e 16 bancário de gravata e paletó. Dos 17 aos 20 um dedicado funcionário de arquivo com especialização no que se desenhava como a panaceia aos montes de papel: Microfilmagem. E neste ponto o que eu poderia ter sido se contorce de raiva em relação ao que fui.

Desde garoto sempre gostara de escrever. E sempre rabiscava minhas histórias, contando coisas simples de um garoto de 10, 12, 14 anos. Eram contos no início, poesias depois. E eu queria ser Jornalista. E teria sido um bom jornalista, acaso não tivesse dado ouvidos a um primo mais velho que eu respeitava como a um irmão. Não fui, mas poderia ter sido... O tempo passou e com ele o desejo e as oportunidades...

Mais tarde, comecei a escrever e mimeografar "jornaizinhos" e distribuir em portas de teatros. Depois veio a edição de livro de poesia e depois... Depois o abandono dos estudos no final do que seria atualmente o Ensino Médio. O fascínio pela escrita, pelas histórias de vida das pessoas e principalmente pelas putas da Boca do Lixo era maior que o desejo de ter uma profissão, uma formação e consequentemente dinheiro. Cursar uma faculdade na época era muito difícil, muito mesmo. As faculdades eram raras e ou caras. E as putas eram abundantes e baratas. Ah, as putas e suas histórias eram o que alimentavam minha paixão. A paixão pela escrita e pelas coisas "proibidas". Nessa época, tive muitas oportunidades de ser cafetão em função possivelmente da forma como eu tratava aquelas mulheres. E então... Não fui, mas poderia ter sido.... O tempo passou e com ele o desejo e as oportunidades...

Paralelamente, gastava quase todo meu dinheiro em discos, shows e revistas de musica. Criei bandas imaginárias como a maioria dos "caras" da minha idade. Alguns deles transformaram essas bandas em realidade, mas não eu. Adorava o som do contrabaixo e, ao contrario de meus amigos, eu nunca quis ser guitarrista ou vocalista. Não tinha dinheiro para comprar ou aprender instrumentos musicais e no fim achei que meu papel na musica seria o de falar sobre ela e o fazia nos "jornaizinhos" mimeografados impressos por amigos.  Eu poderia ter sido músico. Não fui, mas poderia ter sido... O tempo passou e com ele o desejo e as oportunidades...

Mas num determinado momento nada mais parecia me encantar, nem putas, nem musica, nem sonhos. Tinha algo faltando e eu não conseguia mais sonhar. Ao menos não a sós. E fui ser casado, fui ser pai. Não queria mais criar sonhos, nem idéias, nem mais nada. Apenas filhos. Abri mão dos desejos de ser cafetão, músico, jornalista e principalmente abri mão da poesia e fui ser pai. Fui presente, ensinei meus filhos a pensar com sua própria cabeça, a não acreditar em verdades absolutas. Fui contra todas os ensinamentos pedagógicos e psicanalíticos e desejei transformar filhos em amigos e ensinei-lhes o valor da leitura dando a eles desde muito pequenos, livros para que tomassem contato. FUI, mas poderia NÃO ter sido... O tempo passou e com ele o desejo e as oportunidades...

Abri mão de minhas vaidades pessoais, de meus desejos mundanos e aceitei a tudo, resignado e absorto na única coisa que me era importante: filhos.  E aos 25, 35 e 45 anos de idade fui muitas coisas, de datilografo a projetista de brinquedos, de desenhista de concreto a sócio de pequena empresa. E fui tudo isso por ser pai. E FUI, mas poderia NÃO ter sido.... O tempo passou e com ele o desejo e...

Aceitei mentiras, acreditei em deuses, santos e milagres. Queimei livros “proibidos”, escrevi receitas de bolos, cacei bruxas e fui caçado por santas e putas. Fui ao Inferno, ao Purgatório e a lugares “onde ninguém jamais esteve.” E era assim a minha Jornada. Uma jornada sem palavras, sem estrelas e sem volta à Terra. Fui um passageiro da minha própria nave. Sem comando. E fui tudo isso por ser pai. E FUI, mas poderia NÃO ter sido.... O tempo passou e com ele...

E decidi que agora que eram homens, seria também o momento de eu tornar a ser. A poesia teria ficado esperando? Meus sonhos ainda estariam a minha espera? E o que mais? As oportunidades ainda existiriam? Queria sonhar outra vez, queria fazer outra vez. E FUI, mas poderia NÃO TER IDO... O tempo passou...

O tempo passou e ainda existem os sonhos, ainda existe o que eu queria ter sido, mas sobra apenas o que sou. E as oportunidades...? E o que sou é o que eu NÃO TERIA SIDO. E não sou nada daquilo que poderia ter sido e nem sequer aquilo que querem que eu tenha sido. Mas sou o que FUI, sem nunca TER SIDO. O tempo...

26/09/2012

Nascimento, Vida, Paixão e Morte do Rock no Brasil

Nascimento, Vida, Paixão e Morte do Rock no Brasil
Luiz Carlos Barata Cichetto
Foto: http://aguasclarasfestival.blogspot.com.br

A história do Rock no Brasil começou ainda em 1955, com a gravação de "Rock Around The Clock" de Bill Halley, com o título traduzido para "Ronda das Horas" pela cantora de sambas de fossa Nora Ney. A primeira das primeiras gravações de Rock em português foi feita dois anos depois com Cauby Peixoto ("Rock´n´Roll em Copacabana"). Nessa mesma época, conjuntos como Luizinho e Seus Dinamites, Betinho e Seu Conjunto e outros fizeram suas gravações naquele ritmo que chegou a ser proibido nos por governantes que o consideravam "obsceno". Nos anos 1960, com chegada da Ditadura Militar com sua censura moral e política por um lado e por outro da Jovem Guarda, uma tentativa de se trazer o tal de Rock’n’Roll para cá de uma forma mais amena e pasteurizada, o Brazilian Rock se arrastou, embora muita gente teimasse em abrir esse espaço. Nos anos 70 o Rock viveu no Brasil seu maior momento, ao contrário da história contada hoje à revelia dos fatos. A explosão do Rock Progressivo no mundo e a abertura dos portos (e aeroportos) brasileiros a músicos estrangeiros no auge da carreira a partir da primeira metade da década, trouxeram às terras abaixo da linha do Equador a chance de se produzir e criar Rock, mesmo que debaixo das botas militares e sem alcance a equipamentos e instrumentos de boa qualidade, cujas importações eram proibidas. E surgiram então centenas e centenas de bandas, começou-se a pensar e realizar festivais de médio e grande porte e as gravadoras abriram um pouco as portas às bandas de Rock. 

Parecia que o Rock no Brasil estava mesmo arraigado e estabelecido como a opção dos "jovens" de todas as idades. O Terço e Os Mutantes tocavam Beatles no Teatro Municipal de São Paulo, surgiam festivais como os de Iacanga em São Paulo e Hollywood Rock no Rio de Janeiro. Ginásios de futebol, como o do Palmeiras, da Portuguesa e do Corinthians e teatros particulares e das prefeituras recebiam festivais e temporadas de bandas, sempre lotados. “Banana Progressiva” e Festival Latino Americano de Rock”, temporadas do Made In Brazil e Chave do Sol no Paulo Eiró e até casas especificas com a lendária “Tenda do Calvário” e salões de Rock aos borbotões tocando Rock pelas tarde e noites adentro como a Led Slay, Fofinho, Tarkus, Templo do Rock, Paraíso dos Loucos e muitas outras onde além de discos de bandas estrangeiras sempre abriam espaço para o Rock Brasileiro.  E as bandas, empurradas e entusiasmadas com esses espaços e a presença do publico surgiam aos montes. Ave Sangria, Chave do Sol, Rock da Mortalha, Lírio de Vidro, Arnaldo e A Patrulha do Espaço, Terço, Novos Bahianos, Vímana, Joelho de Porco e muitas outras surgiam e tinham seu publico fiel e garantido. 

Mas, ainda no final dos 70, a chegada do Punk ao Brasil, apesar de trazer novos ares, trouxe consigo um furacão que viria a derrubar todos os sonhos até então. O "movimento" Punk era um fenômeno puramente inglês, com causas e consequencias locais. Aqui, apenas uma caricatura mal feita, sendo responsável por uma divisão nas trincheiras já não muito resistentes do Rock Brasileiro. As tardes de Rock na Estação São Bento do Metrô, criadas como espaço de bandas emergentes e independentes, logo foi dominada pela violência gratuita de uma leva de Punks o que culminou com o fechamento do espaço.

Até que na década de 80, a indústria fonográfica e a mídia global começaram a polir o Rock, transformando em algo mais palatável ao "gosto brasileiro".  Isto significava irrediavelmente uma infantilização do Rock, ou melhor, uma idiotização do Rock, tornando-o mais comercializável. E da-lhe então bandas infantilóides como Blitz, RPM, Capital Inicial, Legião Urbana. O "Rock In Rio" tido como um marco do Rock no Brasil, foi sim um divisor de águas, sendo que a partir dele, tudo degringolou trazendo uma quantidade de bandas querendo conquistar seu espaço tocando o que foi chamado de "Pós Punk", “Proto-Isso” Prato-Aquilo”. Estava criada a cultura dos rótulos e consequentemente a divisão do “Exército do Rock” em pequenas divisões de uma infataria fraca e sem comando. Perdidos. 

Paralelamente o "Metal" começava a tomar conta das cabeças, mas o que até então era desenhado como "Rock Nacional" foi transformado em rascunho, passando a maior parte a ser meras copias de estilos, letras, gestos e atitudes das bandas e artistas estrangeiros. 

Chegamos assim aos anos 90, uma década perdida sob todos os aspectos, definidos pela frustração logo no primeiro ano com a primeira eleição de Presidente da República das ultimas décadas. E tal e qual a política, o Rock Brasileiro foi de fracassos a fraudes passando pela insipiência e total falta de criatividade. Com o inicio do terceiro milênio, o avanço tecnológico e as facilidades na veiculação e acesso à informação poderia ter trazido às terras brasileiras no que tange ao Rock uma sedimentação. Mas o que ocorreu foi justamente o contrário. Os artistas das bandas "antigas" se cansaram das dificuldades e muitos abandonaram o barco, outros trocaram de bandeira e foram ganhar dinheiro mais fácil. A história foi se perdendo, as referências apagadas. Pouco sobrou e também pouco interessava a essa "nova" legião de "roqueiros" que tinham fácil acesso a instrumentos, sistemas de gravação e distribuição de musica.

Iludidos por uma fama de "15 minutos", a maioria optou pelo caminho fácil e pouco trabalhoso. A forma passou a ser mais importante que o conteúdo, a vaidade mais que qualidade e o tesão maior que a emoção. Poucos sobraram com aquela disposição de transformar o Rock no Brasil senão em dominante, mas em opção. Senão em hegemônico, mas como parte de um harmônico caldo cultural, que é afinal o que diferencia uma grande cultura de uma falácia cultural. Essa mesma sempre fomos.

E por fim, analisando o contexto histórico do Rock Brasileiro, percebemos que não foram as gravadoras e a grande mídia apenas os únicos responsáveis pela morte precoce do Rock por cá. A falta de visão e de cultura, aliada a vaidade excessiva da maior parte dos músicos brasileiros foi o grande responsável por esse falecimento. Explicando: enquanto o Rock nos Estados Unidos da América surgiu dos guetos pobres, dos artistas de Blues que buscavam na musica a expressão de sua dor e de sua emoção maior, aliados a musica caipira (Folk) que remetia às também dores da terra e ao Jazz, musica de bêbados, vagabundos e intelectuais, o Rock no Brasil foi tomado pelas elites jovens, daqueles filhos da burguesia cansados de escutarem a Musica Popular Brasileira de seus pais. Eram eles, e apenas eles, que tinham acesso a comprar instrumentos, equipamentos e discos importados. E foram eles que tomaram para si a "missão" de tocar Rock. Isso fica patente nos temas, nas letras da maioria da bandas brasileiras até hoje em dia. O trinômio "Carrão/Moto&Mulher&Bebida" sempre foi a temática principal, como se outras preocupações não fizesse parte do seu dia-a-dia. Atitude típica de classe média/alta. 

Tal afastamento da realidade da imensa maioria da população, com temas e instrumentos que eram inacessíveis a ela, fez com que o Rock não atingisse as periferias, que continuava a escutar Samba e outros gêneros mais “populares”, com temática e instrumental mais próximos de sua própria realidade. Era muito mais fácil para um garoto pobre da periferia chegar a comprar um violão e tocar Samba falando de sua realidade, do que uma cara guitarra ou baixo e falar sobre algo que não lhe dizia muito respeito, como a vida na estrada de um motociclista pilotando uma potente Harley Davidson. O Pagode, uma versão "Pop", ou seja mais simplificada do estilo tomou seu lugar, principalmente nas faixas de idade mais baixas. A chegada do "Rap" e "Hip Hop" deu a molecada da periferia o lugar que o Rock deveria ter tomado bem antes, com temas e instrumental acessível. O moleque do subúrbio não queria de fato saber do Punk, pois inconscientemente ele sabia que não tinha a ver com sua realidade. E assim se fez, e assim foi. 

E enquanto os roqueiros brasileiros, que, aliás, nunca tiveram nada de bandidos, se debatiam para ter espaços sem deixar seu próprio quadrilátero nos bairros de classe média e alta, esses "movimentos" tomaram literalmente de assalto às mentes da garotada. O chamado "Funk Carioca", que nada mais é do que um reflexo de uma sociedade que oscila entre sexo fácil e drogas baratas, usa disso como instrumento de fuga das dificuldades cotidianas. Enquanto isso, o Rock brasileiro ainda fala do mesmo trinômio e acrescenta bruxas, dragões alados e duendes.

Um parêntese com relação a uma frase decantada, requentada e repetida por muitos músicos e artistas, de autoria de Milton Nascimento: “Todo artista tem de ir aonde o povo está.” Sob o ponto de vista de postura cultural e política, um artista tem que ser provocador e inovador, ditando tendências culturais, nunca ir na tendência da manada popular. Mas isso tem que ser levado “onde o povo está” e não esperar que este venha até ele. Em outras palavras, o Rock tinha que ter ido até as periferias, aos guetos mais pobres e mostrar ao “povo” seu espírito provocador e inovador, não esperar que ele saísse da periferia por livre e espontânea vontade e os fosse procurar em seus redutos. Mas a arrogância e a preguiça da maioria dos artistas fez com que preferissem ficar no papel de um Maomé esperando que a montanha chegasse até ele.

Enfim, o Rock no Brasil perdeu sua grande oportunidade de ser o que foi na maior parte dos paises onde se estabeleceu e se firmou: um catalisador de idéias e cultura, um aglutinador de pessoas e um porta-voz dos jovens de todas as idades. O Rock perdeu o trem da história do Brasil. E esse trem não para em todas as estações. "Cuidado com o vão entre o trem e a plataforma."

24/09/2012

23/09/2012

Selvageria – “Selvageria”


Selvageria – “Selvageria”
Luiz Carlos Barata Cichetto

Usando e abusando de todos os clichês do gênero Speed/Thrash Metal, a banda “Selvageria” por horas soa como retrô, resgatando a sonoridade do Metal Brasil dos anos oitenta, outras soa "moderna" com a atualização do estilo de forma criativa, falando de temas recorrentes como guerras apocalípticas, o mal e o inferno e referencias ao próprio estilo. Uma das letras, a que mais me chamou a atenção, foi a de "Cinzas da Inquisição" que em seu inicio fala: "Fugindo de assassinos, o terror dos inocentes / Medo e terror em seus olhos, pânico rodeia sua mente / Perseguido por furiosos, atacado pela multidão / Corpos queimados, enfileirados, fogueiras acesas, a dor e o terror / Cinzas jogadas, no meio das praças, o fogo ardendo e muita dor ..."  

Também a busca pela união da sua “tribo”, sempre um tema muito utilizado pelas bandas do Metal é fartamente usado pelo “Selvageria”. Ao menos duas das musicas falam desse assunto: "União Total" e "Hino do Mal" . O fato é que entre todas as tribos dentro de todas as vertentes do Rock, ai incluído o Metal, as que mais conseguem essa união é justamente o pessoal das denominações "’AlgumaCoisa-Metal". São eles que ainda conseguem levar algum publico a apresentações. E um publico ativo e participante.

A "Selvageria" foi formada em 2005 em São Paulo e nesse mesmo ano lançou a demo "Metal Invasor". Sempre com letras em português, o que sob meu ponto de vista já é um ponto positivo, a banda chegou ao primeiro semestre de 2010 com algumas mudanças de formação e lançou seu primeiro disco, homônimo, pela “Dark Sun Label”,  propriedade da “Dies Irae”, com a produção e mixagem de Rodrigo "Skillo" Toledo. Em 2011 a Selvageria participou do "Metal SP Festival" no Blackmore Rock Bar, que teve como atrações principais duas lendas do estilo, o “Vulcano” e “Salário Mínimo”. O visual da banda é o clássico "headbanger", carregado de rebites, correntes, cintos, calças apertadas e tênis brancos de cano alto.

Enfim, Selvageria” não faz nenhuma grande masturbação mental, não traz idéia absolutamente nova em relação aos destinos do planeta, mas serve a seu propósito, que é o de fazer o pessoal bater cabeça, resgatando e atualizando o que existiu de melhor no Metal brasileiro dos anos 80, tida por muitos como a década perdida e para outros a melhor de todas.

Uma critica pessoal com relação ao CD físico, é que achei o desenho da capa assinado pelo guitarrista Capi, apesar das referencias terem sido muito bem pensadas (lobisomens, caveiras, dedos sangrentos e referencias paulistanas que deixam claras suas origens), tem um traço um tanto simples demais para o tema. Talvez uma montagem fotográfica funcionasse melhor. E a impressão do encarte, com letras em tipo gótico em um vermelho muito forte sobre o fundo preto dificulta absurdamente a leitura.

Por fim, o CD "Selvageria" da banda homônima tem muitos pontos altos e pontos baixos, mas no geral é um trabalho que merece e precisa ser escutado por todos aqueles que apreciam o estilo, e de forma geral se interessam por Metal cantado em português e tocado com competência. 

Faixas:
1 - Trovão de Aço
2 - Metal Invasor
3 - Na Lâmina da Foice
4 - Águias Assassinas
5 - Hino do Mal
6 - União Total
7 - Cinzas da Inquisição
8 - Garra do Cão
9 - A Serviço do Mal

Formação Atual:
Gustavo - Voz
Capi - Guitarra
Tomás - Baixo
Andrei (Baixo, no disco)
Danilo Toloza - Bateria

Referencias na Internet:
http://letras.mus.br/selvageria/
http://www.myspace.com/selvageria


22/09/2012

Carro Bomba: "Honeeesssto!"

Carro Bomba: "Honeeesssto!"
Luiz Carlos Barata Cichetto
“Vamos todos dar as mãos / Opressores / Vocês vão se arrepender de terem nascido / E eu encontro / Um motivo para rir / Da sua cara / Mesmo sem você consentir...” - Transgressores

Primeiro sábado de Primavera em São Paulo. Acordei num autêntico “Rítmo de Fúria”, com dor de cabeça, no horário que as pessoas ditas normais usam para almoçar. Com sede, mas não de água, mas de musica pesada, de musica barulhenta, estridente, berrada com a garganta e com o pulmão e a cabeça explodindo. Musica tocada com distorção na guitarra e tambores e caixas e pratos socados com raiva. Na estante que eu recém reformei especialmente para guardar CDs, a discografia de uma banda que reputo como uma das melhores que surgiram no Século XXI: Carro Bomba.

Acompanho o trabalho dessa banda desde o início. Mas mesmo antes do inicio do Carro Bomba já conhecia e admirava o talento de um músico excepcional, autodidata, Marcelo Schevano. Desde a época da Patrulha do Espaço que acompanhei durante alguns anos, sempre me admirava com o talento musical de Marcelo. Não apenas guitarrista, mas um multi-instrumentista, que lutou para se impor como musico, mesmo contra todas as marés contrárias. E quando ele, juntamente com Luiz Domingues e Rodrigo Hid, outros dois grandes instrumentistas deixaram a Patrulha seguindo caminhos diferentes, passei a olhar também para esses caminhos. Luiz e Rodrigo formaram com Xando Zupo, outro grande musico, a banda Pedra, enquanto o Marcelo, irmão do Ricardo da "Baranga" se juntava em uma festa para uma despretensiosa "Jam" com um baixista que, embora não tivesse um histórico de grandes bandas tocava seu contrabaixo com muita competência e uma grande dose de ensandecimento: Fabrizio Michelloni. A eles juntava-se o baterista Ricardo Bronx e nascia um "Power Trio" dos mais pesados que o Rock Brasil conhecera até então.

Desde esse início, ainda em 2003 e até agora, quase dez anos depois, o Carro Bomba tem crescido em termos de música, de letras e, principalmente em “Atitude”. E embora a banda tenha trocado três vezes de baterista e a partir do terceiro disco deixado de ser um Power Trio para ser um, digamos, "Power Quartet" com a entrada do cantor Rogério Fernandes - que deu à banda um peso ainda maior, uma definição do som para algo que, do "Rock Pesado" misturado à influencias "Funk" do inicio, chega a ser totalmente Metal no ultimo disco, "Carcaça", lançado em 2011 -, a pegada tem sido cada vez mais forte e violenta e as letras cada vez mais "pesadas", saindo das mesmices utilizadas pela maioria das bandas que desse estilo. Letras que, podem até não ser a preocupação maior dos músicos, mas que quando são bem elaboradas, bem feitas e com algum conteúdo social e qualidade poética, fazem o diferencial positivo. E isso, essa preocupação com o que estão dizendo através de sua música, o Carro Bomba sempre primou. 

(Penso o seguinte: se a musica, há séculos, mesmo contra a opinião dos puristas passou a ser a integração do instrumental com a poesia, deve ser pensada nesses dois flancos. Mas a maioria dos compositores, particularmente no Rock, invariavelmente desprezam a letra, a poesia, fazendo com que ela seja apenas um "adorno necessário" a musica. E então, a maioria das letras de Rock no Brasil são feitas de qualquer jeito, estão ali por estar. E isso acaba se refletindo na temática: "bebida, sexo, carro ou motos". Como se eles próprios só vivessem disso. Mas, felizmente, existem artistas como os que formam o Carro Bomba, o Uganga, o Psychotic Eyes que pensam nesse conjunto. Felizmente!)
“Até quando você vai rezar? / Procurando ser eterno / E se o dinheiro só pagar / Seu lugar lá no inferno?” – “Sangue de Barata”
E então, escutar a discografia do Carro Bomba, neste primeiro dia de de primavera, na sequencia dos lançamentos, pegando ai a evolução da banda é algo extremamente profícuo. Quatro discos em sete anos, uma sequencia de "atentados" que não deixam pedra sobre pedra. A cada disco mais peso, mais força, mais atitude "rocker". ("Nós vamos descontar no som toda nossa injúria"). O ritmo do Carro Bomba é realmente o que eles cantam nessa música: "Ritmo de Fúria", do "Segundo Atentando".  E esse ritmo é o que faz com que o Carro Bomba se sustente como uma das maiores bandas, com lugar merecido e destacado na história do Rock Brasil, por sua capacidade de explodir, detonar as cabeças carentes de Rock e Atitude!

E terminando, defino a música do Carro Bomba com uma palavra que era sempre usada pelo Schevano desde a época da Patrulha do Espaço: "Honeeesssto!". É isso! E se por acaso acordarem num sábado, pode ser numa terça ou sexta de Primavera ou mesmo de Inverno, em "Rítmo de Fúria", com vontade de escutar música honesta, pesada, com atitude e competência, peguem a discografia do Carro Bomba e escutem no volume mais alto que puderem. Afinal: "A Hora Agora é de Fazer Valer" (Qual que é a sua verdade ? / Ficar aí no espelho, cheia de vaidade / Ou sair na rua pra aprender / A se defender e ainda sorrir / Eu tô pronto pra encarar / O que estiver por vir / Compreender que é pra poder prosperar / Você é que não ficar aí, a esperar ") Recado dado! Afinal, Rock não é apenas pra bater cabeça, mas também e principalmente para fazê-la pensar. E agir!!!
“Nuvem negra me deixa em paz / O corpo sente a calma / Não cabe na ampulheta / O deserto da minha alma / Bolsos vazios e nada mais / Diversas histórias / Discos e acordes / Guardados na memória” – “Fui”
------------------------------------------------------------------------------------
Discografia do Carro Bomba



“Carro Bomba”
2004
Produtor: Renê Seabra
Line Up:
Marcelo Schevano - Guitarra e Vocal
Fabrizio Michelloni - Baixo e Vocal
Ricardo Bronx - Bateria
01. O Dobro ou Nada
02. Rock 'n' Roll Machine
03. Carro Bomba
04. A Hora Agora É de Fazer Valer
05. Ode À Bohemia
06. Louco de Dar Nó
07. Sonhos
08. Crocodilagem
09. Raivosas Roedoras
10. Transgressores
-------------------------------------------------------------

“Segundo Atentado”
2006
Produtor: Carro Bomba
Line Up:
Marcelo Schevano - Guitarra e Vocal
Fabrizio Michelloni - Baixo e Vocal
Ricardo Bronx - Bateria
01. Carro Bomba's Rollin'
02. Ritmo de Fúria
03. Eu Sei Mas Não Me Lembro
04. Uma Cerveja e Um Pouco Disso
05. Overdrive Rock 'n' Roll
06. A Luz, A Paz E A Bomba
07. O Pino da Granada
08. O Vazio
09. Bala de Prata
10. Usina de Problemas
11. Vou Me Esbaldar
-----------------------------------------------------------

“Nervoso”
2008
Produtor: Heros Trench/ Marcello Pompeu
Line Up:
Rogério Fernandes - Vocal
Marcelo Schevano - Guitarra e Vocal
Fabrizio Michelloni - Baixo e Vocal
Fernando Minchillo - Bateria
01. Punhos de Aço
02. Sangue de Barata
03. Bomba Blues
04. Fui
05. Válvula
06. O Passageiro da Agonia
07. O Foda-se
08. O Foda-se II
09. Intravenosa
-------------------------------------------------------------

“Carcaça”
2011
Line Up:
Rogério Fernandes - Vocal
Marcelo Schevano - Guitarra e Vocal
Fabrizio Michelloni - Baixo e Vocal
Heitor Shewchenko - Bateria
01. Bala Perdida
02. Queimando a Largada
03. Carcaça
04. Combustível
05. O Medo Cala a Cidade
06. Mondo Plastico
07. Blueshit
08. Corpo Fechado
09. O Foda-se III
10. Tortura (Pau Mandado)

-----------------------------------------------------------

Links:
Site Oficial: www.carrobombaoficial.com.br
Mídia: http://brasilmusicpress.com/pt/clientes/cliente.php?cID=72
Em A Barata, também publiquei inúmeras matérias sobre os CDs, entrevista com Fabrizio Michelloni e Crônica baseadas em músicas. (www.abarata.com.br)
22/09/2012
Em Pé: Fabrizio Michelloni e Marcelo Schevano do Carro Bomba, Ricardo Soneca e Xande do Baranga, René Seabra, Percy Weiss.  Sentados: Gustavo, do Homem Com Asas, Rolando Castello Júnior da Patrulha do Espaço e Barata Cichetto. CCSP - 22 e 23 de Setembro de 2007 - Foto: Lud San

Carro Bomba: "Honeeesssto!"

Carro Bomba: "Honeeesssto!"
Luiz Carlos Barata Cichetto
“Vamos todos dar as mãos / Opressores / Vocês vão se arrepender de terem nascido / E eu encontro / Um motivo para rir / Da sua cara / Mesmo sem você consentir...” - Transgressores

Primeiro sábado de Primavera em São Paulo. Acordei num autêntico “Rítmo de Fúria”, com dor de cabeça, no horário que as pessoas ditas normais usam para almoçar. Com sede, mas não de água, mas de musica pesada, de musica barulhenta, estridente, berrada com a garganta e com o pulmão e a cabeça explodindo. Musica tocada com distorção na guitarra e tambores e caixas e pratos socados com raiva. Na estante que eu recém reformei especialmente para guardar CDs, a discografia de uma banda que reputo como uma das melhores que surgiram no Século XXI: Carro Bomba.

Acompanho o trabalho dessa banda desde o início. Mas mesmo antes do inicio do Carro Bomba já conhecia e admirava o talento de um músico excepcional, autodidata, Marcelo Schevano. Desde a época da Patrulha do Espaço que acompanhei durante alguns anos, sempre me admirava com o talento musical de Marcelo. Não apenas guitarrista, mas um multi-instrumentista, que lutou para se impor como musico, mesmo contra todas as marés contrárias. E quando ele, juntamente com Luiz Domingues e Rodrigo Hid, outros dois grandes instrumentistas deixaram a Patrulha seguindo caminhos diferentes, passei a olhar também para esses caminhos. Luiz e Rodrigo formaram com Xando Zupo, outro grande musico, a banda Pedra, enquanto o Marcelo, irmão do Ricardo da "Baranga" se juntava em uma festa para uma despretensiosa "Jam" com um baixista que, embora não tivesse um histórico de grandes bandas tocava seu contrabaixo com muita competência e uma grande dose de ensandecimento: Fabrizio Michelloni. A eles juntava-se o baterista Ricardo Bronx e nascia um "Power Trio" dos mais pesados que o Rock Brasil conhecera até então.

Desde esse início, ainda em 2003 e até agora, quase dez anos depois, o Carro Bomba tem crescido em termos de música, de letras e, principalmente em “Atitude”. E embora a banda tenha trocado três vezes de baterista e a partir do terceiro disco deixado de ser um Power Trio para ser um, digamos, "Power Quartet" com a entrada do cantor Rogério Fernandes - que deu à banda um peso ainda maior, uma definição do som para algo que, do "Rock Pesado" misturado à influencias "Funk" do inicio, chega a ser totalmente Metal no ultimo disco, "Carcaça", lançado em 2011 -, a pegada tem sido cada vez mais forte e violenta e as letras cada vez mais "pesadas", saindo das mesmices utilizadas pela maioria das bandas que desse estilo. Letras que, podem até não ser a preocupação maior dos músicos, mas que quando são bem elaboradas, bem feitas e com algum conteúdo social e qualidade poética, fazem o diferencial positivo. E isso, essa preocupação com o que estão dizendo através de sua música, o Carro Bomba sempre primou. 

(Penso o seguinte: se a musica, há séculos, mesmo contra a opinião dos puristas passou a ser a integração do instrumental com a poesia, deve ser pensada nesses dois flancos. Mas a maioria dos compositores, particularmente no Rock, invariavelmente desprezam a letra, a poesia, fazendo com que ela seja apenas um "adorno necessário" a musica. E então, a maioria das letras de Rock no Brasil são feitas de qualquer jeito, estão ali por estar. E isso acaba se refletindo na temática: "bebida, sexo, carro ou motos". Como se eles próprios só vivessem disso. Mas, felizmente, existem artistas como os que formam o Carro Bomba, o Uganga, o Psychotic Eyes que pensam nesse conjunto. Felizmente!)
“Até quando você vai rezar? / Procurando ser eterno / E se o dinheiro só pagar / Seu lugar lá no inferno?” – “Sangue de Barata”
E então, escutar a discografia do Carro Bomba, neste primeiro dia de de primavera, na sequencia dos lançamentos, pegando ai a evolução da banda é algo extremamente profícuo. Quatro discos em sete anos, uma sequencia de "atentados" que não deixam pedra sobre pedra. A cada disco mais peso, mais força, mais atitude "rocker". ("Nós vamos descontar no som toda nossa injúria"). O ritmo do Carro Bomba é realmente o que eles cantam nessa música: "Ritmo de Fúria", do "Segundo Atentando".  E esse ritmo é o que faz com que o Carro Bomba se sustente como uma das maiores bandas, com lugar merecido e destacado na história do Rock Brasil, por sua capacidade de explodir, detonar as cabeças carentes de Rock e Atitude!

E terminando, defino a música do Carro Bomba com uma palavra que era sempre usada pelo Schevano desde a época da Patrulha do Espaço: "Honeeesssto!". É isso! E se por acaso acordarem num sábado, pode ser numa terça ou sexta de Primavera ou mesmo de Inverno, em "Rítmo de Fúria", com vontade de escutar música honesta, pesada, com atitude e competência, peguem a discografia do Carro Bomba e escutem no volume mais alto que puderem. Afinal: "A Hora Agora é de Fazer Valer" (Qual que é a sua verdade ? / Ficar aí no espelho, cheia de vaidade / Ou sair na rua pra aprender / A se defender e ainda sorrir / Eu tô pronto pra encarar / O que estiver por vir / Compreender que é pra poder prosperar / Você é que não ficar aí, a esperar ") Recado dado! Afinal, Rock não é apenas pra bater cabeça, mas também e principalmente para fazê-la pensar. E agir!!!
“Nuvem negra me deixa em paz / O corpo sente a calma / Não cabe na ampulheta / O deserto da minha alma / Bolsos vazios e nada mais / Diversas histórias / Discos e acordes / Guardados na memória” – “Fui”
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Discografia do Carro Bomba



“Carro Bomba”
2004
Produtor: Renê Seabra
Line Up:
Marcelo Schevano - Guitarra e Vocal
Fabrizio Michelloni - Baixo e Vocal
Ricardo Bronx - Bateria
01. O Dobro ou Nada
02. Rock 'n' Roll Machine
03. Carro Bomba
04. A Hora Agora É de Fazer Valer
05. Ode À Bohemia
06. Louco de Dar Nó
07. Sonhos
08. Crocodilagem
09. Raivosas Roedoras
10. Transgressores
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“Segundo Atentado”
2006
Produtor: Carro Bomba
Line Up:
Marcelo Schevano - Guitarra e Vocal
Fabrizio Michelloni - Baixo e Vocal
Ricardo Bronx - Bateria
01. Carro Bomba's Rollin'
02. Ritmo de Fúria
03. Eu Sei Mas Não Me Lembro
04. Uma Cerveja e Um Pouco Disso
05. Overdrive Rock 'n' Roll
06. A Luz, A Paz E A Bomba
07. O Pino da Granada
08. O Vazio
09. Bala de Prata
10. Usina de Problemas
11. Vou Me Esbaldar
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“Nervoso”
2008
Produtor: Heros Trench/ Marcello Pompeu
Line Up:
Rogério Fernandes - Vocal
Marcelo Schevano - Guitarra e Vocal
Fabrizio Michelloni - Baixo e Vocal
Fernando Minchillo - Bateria
01. Punhos de Aço
02. Sangue de Barata
03. Bomba Blues
04. Fui
05. Válvula
06. O Passageiro da Agonia
07. O Foda-se
08. O Foda-se II
09. Intravenosa
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“Carcaça”
2011
Line Up:
Rogério Fernandes - Vocal
Marcelo Schevano - Guitarra e Vocal
Fabrizio Michelloni - Baixo e Vocal
Heitor Shewchenko - Bateria
01. Bala Perdida
02. Queimando a Largada
03. Carcaça
04. Combustível
05. O Medo Cala a Cidade
06. Mondo Plastico
07. Blueshit
08. Corpo Fechado
09. O Foda-se III
10. Tortura (Pau Mandado)

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Links:
Site Oficial: www.carrobombaoficial.com.br
Mídia: http://brasilmusicpress.com/pt/clientes/cliente.php?cID=72
Em A Barata, também publiquei inúmeras matérias sobre os CDs, entrevista com Fabrizio Michelloni e Crônica baseadas em músicas. (www.abarata.com.br)
22/09/2012
Em Pé: Fabrizio Michelloni e Marcelo Schevano do Carro Bomba, Ricardo Soneca e Xande do Baranga, René Seabra, Percy Weiss.  Sentados: Gustavo, do Homem Com Asas, Rolando Castello Júnior da Patrulha do Espaço e Barata Cichetto. CCSP - 22 e 23 de Setembro de 2007 - Foto: Lud San

21/09/2012

Encontrada Gravação Inédita do Led Zeppelin

Encontrada Gravação Inédita do Led Zeppelin
Barata Cichetto
(Em Colaboração com Agências Internacionais)
Rótulo do "Legítimo" Jimmy Walker - "LED Label"

Uma música inédita do Led Zeppelin foi encontrada recentemente no castelo Bron-Yr-Au, em New Hampshire, Escócia. Segundo a France Press, agencia noticiosa local, um funcionário da empresa de limpeza “Federal Brush Iscovation” chamado Peter Grant encontrou a gravação dentro de uma caixa de “whisky” falsificado nos porões do castelo.

Feita em uma fita cassete com um rótulo onde está escrito: "LZ - Yellow Cow Pregnant – Feb-29-1977", a gravação tem péssima qualidade de audição, onde pode ser escutada apenas parte da letra. A Scotland Yard aprendeu as caixas da bebida cujos rótulos ostentavam a imagem de um Lord inglês caminhando e tocando uma guitarra de dois braços com algo que aparenta ser uma bengala ou arco de violino, além da marca: “Jimmy Walker”.

Levada para Londres e analisada, a gravação foi considerada como autêntica pelo órgão governamental americano responsável por detectar fraudes, a “F.A.L.S.E. - Fuck Autoral Laws Society Enemy”: "É uma autêntica gravação de Robert Johnson", declarou o funcionário. E complementou "Há uma séria tendência a acreditarmos pode se tratar também de uma gravação original de Howlin' Wolf, ou ainda de Bert Jansch, embora as similaridades apontem mesmo para ser de “Public Domain”.

Baseados nas evidencias inscritas na etiqueta da fita e por ter sido este o local onde o Led Zeppelin gravou seu mais conhecido disco "Houses of The Holy", os repórteres do jornal da costa oeste da Inglaterra The Sun, que tiveram acesso à gravação, procuraram por Jimmy Page, guitarrista e operador de xerox da banda Led Zeppelin que, às lágrimas, confessou serem eles mesmos os autores da musica, inclusive contando detalhes de como a compuseram: "Robert, John-Paul e Bonhan estavam discutindo e ninguém se entendia. Eu estava num canto tentando tirar mais uma musica do Bert para gravar e aquela discussão me irritou e eu gritei 'The yellow cow shit saucepan, whoever comes first eats all her crap'. Os três pararam de imediato, me olharam e Bob gritou: 'É isso, man... Fabulous! Pega aquela musica aí do Bert e coloca essa letra. Vai ficar genial'. E assim fizemos mais uma composição inédita com a assinatura Page/Plant."

Mas, nem bem a notícia deu a volta ao mundo através da Internet, poucas horas depois a RIA, empresa chinesa de telecomunicações, presidida por Kim Dotcom abriu processo contra o LZ por plágio, pleiteando um milhão de libras francesas em nome de 555 compositores de blues americanos e do "The Union of Composers of Music Public Domain".

Procurado por jornalistas em seu castelo na Baviera Holandesa que pertenceu ao satanista brasileiro Aleister Crowley, aka Paulo Coelho, Page se confessou ressentido com tanta perseguição:”Isto é um ‘absurd’, os versos de 'Yellow Cow Pregnant' foram criados por mim. Falar que plagiei isso (N.do.T.: ‘I stole this’ no original) de alguém é totalmente ‘ridiculous, injurious and mentirous’. E afinal, eu nem sei quem se trata esse tal de 'Public Domain'. A mim parece nome de rapper. Ademais, todas as musicas que compus para são absolutamente originais, como “Whole Lotta Love e outras. Nunca ouvi falar de Willie Dixon (N. do T.: "The only thing I heard that Willie Dixon, that was a boxer”, no original).

A polícia russa tentou gentilmente inquirir o musico, mas este, se fazendo passar por um velho japonês mestre de Kung Fu, disse não conhecer nenhum James Patrick. O caso deverá ir a julgamento na próxima semana no Senado, em Brasília. As pizzas já foram devidamente encomendadas.

De qualquer forma, representantes da Pacific Records adiantaram que a gravação será remasterizada e lançada num single ainda este ano. O website da empresa congestionou e acabou saindo do ar devido aos milhões de pedidos em pré-venda.

Procurados pelo redator do Whiplash, familiares de "Public Domain" não foram encontrados. Entretanto, ontem à noite a polícia precisou se chamada para conter fãs ensandecidos do Led Zeppelin que apedrejaram o prédio da redação aos gritos de “Viva o Led Zeppelin e morte às Baratas!”.

18/09/2012

20/09/2012

Manifesto do Politicamente Incorreto ou A República dos Hipócritas


Manifesto do Politicamente Incorreto ou A República dos Hipócritas
Luiz Carlos Barata Cichetto


Eu, politicamente incorreto, honesto por obrigação não por desejo. Honesto por ética e não por moral. Imoral, urbanóide paranóide. Escrevo torto por linhas retas, poesias tortas por linhas certas. Sou esquizofrênico, louco, não de pedra, mas de carne e osso, e muito mais osso do que carne. Não sou religioso, não me interessa a sua alma, me interessam as suas carnes. Falo palavrão, cuspo no chão e escarro na rua. Fumo onde quero e não quero. Quero. E quero por que quero fumar, beber e trepar. Não faço amor, faço sexo. Com amor. Não confio em médicos nem em poetas. Poetas são cínicos, pervertidos e tolos. Também não gosto da covardia dos músicos e seu ego inflado. A musica com letra acabou com a poesia e com a música. Musica é musica, poesia é poesia. Nem consigo mais escutar musica. Aos músicos há tempos que não escuto, porque pouco tem a falar. Não gosto do dia e tenho medo da noite. Quero noites quentes e dias gelados. Não atirem pedras, não atirem balas, a não ser de chocolate. Não aceito as cotas nem as leis de privilégios.  Não acredito na igualdade dos cidadãos, afinal somos todos diferentes e precisamos ter não aquilo que achamos que precisamos, mas aquilo que fizemos por merecer. Trabalho, dedicação e criatividade. Qualquer arte é uma forma de trabalho e qualquer trabalho é uma forma de arte, na Terra ou em Marte. Acordo tarde mesmo sem dormir, durmo quando posso, quando as idéias param de me atormentar e os pensamentos param de soprar. Gosto de mulheres lisas e brancas, com peles quase translúcidas. Aliás, gosto mesmo é mulheres transparentes. Sereias... Aquelas que sabem mergulhar fundo do mar e salvar um escafandrista. Mergulhador sagrado, sangrado. Não discuto política, não gosto de futebol e, portanto não aceito nenhuma religião, nenhum deus, guru, ente superior. Sequer um pensador, filósofo e muito menos artista, ninguém que é ou foi de carne e osso merece devoção. E quem nunca foi de carne e de osso não merece nada. Destruo tudo que é sagrado, aniquilador de mitos e ídolos. Não culpem minha mãe, nem meu pai. Culpem-se a si mesmos! Nunca acreditei em "Paz e Amor", nem na "Liberdade". São conceitos que não existem. Tolos conceitos cinematográficos criados para enganar trouxas. Acredito na guerra alimentada pelo caos, no sexo que traz à carne o que é da carne, o prazer. Sou carnívoro, fumante e ateu, por vezes beberrão. Sim, tudo isso, mas não fico pregando sustentabilidade comendo pizza assada em forno a lenha que chegou até mim junto com um refrigerante embalado em plástico, trazido por um explorado motoboy numa moto à gasolina. Não sofro com a guerra a milhares de quilômetros, mas com os tiros na favela ao lado da minha casa. Não sofro com o Islã, nem me importo com árabes, judeus ou palestinos, pois ao meu lado existem crianças recrutadas pelo crime... E não me importo porque me importo em me importar, mas me importo por medo que essa criança enfie uma bala na minha cabeça. Não me importo com aqueles que fumam "crack" e se fodem de bebida. Danem-se todos. O problema é pessoal, não transferível e não sou obrigado a pagar a conta. Não transfiram a mim a conta do social, eu não quero pagar por ninguém e ninguém tem que pagar por mim. Não tenho emprego, nem aposentadoria. Queria um pijama e um jogo de dominó, mas tenho que trabalhar senão não como. Aluguel custa caro e não moro em barraco de favela. Não tenho carro nem nada daquilo do que possa me orgulhar ou me envergonhar. E, aliás, não tenho orgulho de ter nascido num país cuja formação foi a partir da mistura de proscritos portugueses. Tenho orgulho de não ter vergonha de ser brasileiro e não tenho vergonha de não ter orgulho. Não sou brasileiro, tenho sangue italiano, mas nunca sai do Brasil, a Itália é longe e estou cansado de andar. Não gosto de praia e nem nunca fui à Bahia. Nem quero! Não tenho orgulho de ser branco nem desejo de ser negro. Mas tenho sim meus preconceitos. Tenho preconceito contra gente preguiçosa, estúpida e hipócrita. Tenho preconceito contra a imbecilidade, contra a boçalidade e contra a banalidade consagrada. Tenho sim, preconceito contra fanáticos religiosos e contra ateus que fazem da sua não-crença um fanatismo tão imbecil quanto. Não recolho cachorrinhos abandonados na rua apenas para mostrar o quanto sou correto e bom. Não gosto de piadas preconceituosas, mas respeito o sagrado direito do humorista em contá-las. Não assisto televisão, não vou ao futebol e detesto esportes. Ando de pés no chão, e às vezes fico dias sem tomar banho. Sou sim, porco, safado e nojento, mas se olharem dentro dos meus olhos perceberão o quanto posso ser bom. Ou mau! Nunca aceitei o aborto, porque a única coisa que é sagrada é a existência de um ser humano. Não sou moderno, nem antiquado, mas matar em nome da liberdade pessoal é tão criminoso quanto qualquer outro motivo. Aborto não pode ser tratado levianamente como "decisão da mulher sobre seu corpo". A mulher tem sim todo o direito ao seu corpo, a sua vida, mas não sobre a de outro ser que não tem direito, nem opção. Aborto não é opção, é crime. Mesmo em casos de estupro, que já por si só é um ato criminoso. E não se combate um crime com outro. Abortar não é ser "legal", uma menina de 10 anos de idade transar e mesmo usar roupas provocantes não é natural. Mas as pessoas, pressionadas por uma pela mídia comprometida com valores estritamente financeiros acham que é. Tudo ficou natural, tudo é "da moda", e se é da moda fazem tudo sem pensar em consequencias.  Transam sem pensar e mesmo sem desejo, apenas por transar; têm filhos sem a menor condição psíquica e financeira, depois os deixam sob a tutela de programas sociais fajutos; usam drogas apenas por usar, sem a consciência de causa e consequencia; bebem e vão a baladas não por diversão, mas por ir, porque têm que seguir a manada; consomem inconsequentemente sem necessidade. Pessoas sem cérebro e sem vontade própria agindo feito porcos contentes com a imundice onde vivem e a lavagem que lhes enfiam goela abaixo. Não dou esmolas nem cigarros pelas ruas. Cegos não precisam de ajuda, precisam de olhos. Piedade é hipocrisia, perdão é mentira e caridade é egolatria. Pobres não precisam de ajuda, precisam de trabalho e educação. Educação libertária. Ensinar a pescar, não dar o peixe. “Ai, Doutor uma esmola a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”. Luiz Gonzaga & Zé Dantas cantaram isso ainda na década de cinquenta. Mas o que temos agora é um bando de cidadãos mendigos vivendo às custas das esmolas dos políticos. Espertos mendigos nojentos e espertos políticos nojentos. Escrevo por pensar, penso sem respirar. E ainda nem falei das flores e dos soldados que morrem numa guerra que não é deles. As flores cheiram morte, eu sentia isso antes dos Titãs. E Geraldo sumiu pelas estradas do tempo, “caminhando e cantando e seguindo a canção”. Um, dois, três! É, preciso respirar... Um parágrafo? Certo!

Bossa Nova é um lixo e Samba é uma merda. Rock foi bom, agora não é mais. Odeio roqueiros de guitarras berrantes, cabelos alisados e gritos retardados. Camisetas pintadas para uma guerra que nem sabem onde é. Não sei contar história para boi dormir, nem pra vaca transar. Não ordenho, nem sigo ordens. Não bebo leite e odeio cheiro de maconha. Da pedra nunca saiu leite e Madalena nunca foi roqueira. Não sou Judas, nunca existiu nenhum plano secreto de Jesus, porque ele nunca existiu. Parem de ser enganados por um livro. Acreditem nos livros, nunca em um livro. Escreva o seu! Se puder! A Internet acabou com as putas e com os poetas. Agora todos são putas e são poetas e ninguém sabe a diferença entre eles. “Beatniks” de escritório, funcionários públicos com empregos garantidos. A estrada agora é apenas virtual, por onde correm bites e bytes. Ainda sabem escrever à mão? Ao menos datilografia? Tenho diploma de datilografia e de telex também. Ninguém sabe o que isso... Escrevi muita poesia em ônibus balançando a caminho do trabalho, em banheiro de escritório e com papel apoiado nas costas de putas de puteiros baratos. Há anos não vou à puteiros e nem a bibliotecas. Ambos estão cheios de velhos funcionários públicos prestes à se aposentar, tão empoeirados e mofados quanto os livros e as putas que ainda resistem nas prateleiras e nas camas. Mofados, embolorados feito meu cérebro nesse porão periférico que temos por lar. Não preciso das luzes da cidade, nem dos tempos modernos. Não vivo pelas luzes da modernidade. O ódio não é o antônimo do amor. Amor é um conceito fraco e vago, ódio é real. Perdão não extingue o ódio, disfarça, adia; perdão é um conceito moral, religioso e hipócrita. Não aceito traição, pois tenho a fidelidade por padrão ético, não por conceito moral. Fidelidade é caráter, é inato, congênito. Antes as putas e os poetas davam prazer e dor e eram pagos por isso, agora trabalham de graça. Antes, eram felizes com suas canetas e suas bucetas, mas agora esses instrumentos não dão mais prazer. O tesão é apenas digital, eletrônico. Chega por correio eletrônico em máquinas sem cérebro. Até a poesia e o tesão são hipócritas. Mas, "ora direis", que hipocrisia é inerente ao ser humano, presente na sua genética desde os tempos antigos em que os homens começaram a andar em bandos. É uma necessidade. Tal e qual cagar é uma necessidade. Mas não andamos por ai, cagando em qualquer lugar. Claro que uma sociedade humana sem hipocrisia estaria fadada à destruição rápida. Imagine um dia em que todas as pessoas do mundo, contaminadas por algum vírus, não conseguissem ser hipócritas... O planeta explodiria numa guerra antes desse dia terminar. A hipocrisia é uma forma fugaz de mentir e a mentira é um roubo. Roubo de confiança e traição, e, portanto, o pior dos assaltos. Aliás, a poesia, como todas as artes, é hipócrita, apenas mentira. Sou politicamente incorreto, rigoroso, exigente e pedante. Não sou solidário, sou solitário e retrato agora a frase de Nietzsche sobre nunca apedrejar a um solitário, pois as pedras que chegarem ao fundo jamais poderão ser retiradas. Então, se forem apedrejar-me, que seja até a minha morte. Ou será a sua que eu assistirei.

19/09/2012

19/09/2012

Copia Infiel – Ato 2 - Led Zeppelin - Moral e Ética – Parte 2


Copia Infiel – Ato 2 - Led Zeppelin - Moral e Ética – Parte 2
Luiz Carlos Barata Cichetto
Crédito da Imagem;  Wikimedia Commons
Led Zeppelin era uma banda de gigantes sim. E mesmo achando que Robert Plant com sua voz “falseteada” destoava do restante, ainda assim sempre a considerei como uma banda genial. Bonhan seguramente um dos maiores bateristas do mundo, possivelmente o maior deles; Jones um multinstrumentista de uma capacidade imensa, apesar dessa capacidade ter sido posteriormente contestada por seu ex-companheiro. E Page  um guitarrista que conseguia ser praticamente perfeito, beirando a genialidade. Led era quase perfeito em tudo, em criatividade, capacidade musical, coerência estética... E foi perfeito até mesmo no momento de acabar, fazendo-o no momento em lançaram um disco fraco, o mais fraco da carreira da banda e que dava a entender que estariam indo para o lado Pop da Força, e depois da  morte de um componente fundamental.  E essa coerência, esse respeito ao ícone, a imagem da banda e principalmente a seus seguidores foi que me fez manter o mais alto grau de respeito a eles. Enfim, Led Zeppelin foi um dos mais belos e diletos filhos que o Rock criara. 

Mas porque uma banda com tantos predicados, com tanto talento, com tanta coerência precisaria recorrer ao expediente de copiar musicas alheias? Porque uma banda formada por músicos de tanta capacidade em ter seu próprio ouro precisou recorrer ao ouro alheio? Esta foi a pergunta que me fiz nos últimos dez anos, quando comecei a ter informações sobre as musicas que eles teriam se apropriado. A resposta, talvez seja falha de caráter, talvez falta de capacidade (essa mesma que sempre julguei enorme), talvez um monte de outras coisas, mas o fato inegável é a semelhança entre as 20 e tantas musicas que indico neste texto. Todas elas compostas antes por outras pessoas e copiadas, em alguns casos integralmente. E antes dos meus detratores, já vou logo dizendo: Led Zeppelin é uma das maiores bandas do mundo? Sim, é sim! E não deixo de pensar assim. É! E poderia ser simplesmente a maior, a não ser pelos plágios. Aliás, muitas outras bandas e artistas poderiam ter sido os maiores e melhores se não fossem seus erros, o que não lhes retira o brilho, apenas os ofusca; que não lhes tira o lugar na história, mas simplesmente os coloca no lugar em que se encontram todos os seres humanos, nem acima nem abaixo. Os deuses só existem para quem neles se creem cegamente! 

Fechar os olhos a isso, com justificativas do tipo: "Ele é um gênio, ele pode!", "Ah, mas ele fez muitas coisas geniais", "É uma lenda, um mito, então tudo bem!" e coisas parecidas, justificando o injustificável, é muito mais que burrice, é irresponsabilidade. Serão estas mesmas pessoas que cobram um mundo melhor, que criticam a corrupção pelas redes sociais? Sim, porque justificar esses atos, de quem quer que seja, mesmo de "ídolos" é aceitar o "Rouba, mas faz", o "Estupra mas não mata!" e outras... Ou o querido e estimado leitor acha que seu ídolo do Rock está acima da moral e da ética? 

Cópias Infiéis – Parte 2

: -  Spirit
"Taurus" é uma musica instrumental, composta por Randy California, guitarrista, cantor e líder da banda americana "Spirit" lançada em seu disco de estréia auto-intitulado, em 1968. O disco foi gravado em Novembro de 1967. Em sua primeira turnê americana, em 1968/69 o Zeppelin abriu para o Spirit, deixando pouca dúvida de que o Led Zeppelin tinha ouvido a música antes de "compor "Stairway to Heaven”. No encarte da reedição do disco em 1996, California escreveu: "As pessoas sempre me perguntam por que "Stairway to Heaven" soa exatamente como 'Taurus', que foi lançada dois anos antes. (...). Eles abriram para nós em sua primeira turnê norte-americana."
* "Taurus" (Faixa 4 de "Spirit" - 1968)
> "Stairway To Heaven" (Faixa 4/Lado A de "Led Zeppelin" (4) - 1971) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page, Plant".
Há também algumas referencias que citam “Yellow Rose” da banda The Blues Magoos como "base" da musica, mas embora existam algumas semelhanças, não a consideraria. Aliás, esta banda tem um histórico de Cópia Infiel: Eles plagiaram a versão de Ricky Nelson para "Summertime" e gravaram "(We Ain´t Got) Nothing Yet", posteriormente plagiada descaradamente por Ritchie Blackmore em "Black Night".

Comentário: Uma das músicas mais conhecidas, tocadas, regravadas da história do Rock é simplesmente um plágio dos mais descarados. Ai, meus sais!
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: - Jake Holmes
Jake Holmes (1939, San Francisco, Califórnia) é cantor e compositor e começou sua carreira musical na década de 1960. Atualmente mais conhecido como o autor original da música "Dazed and Confused", ele também compôs "jingles" publicitários, até para o recrutamento do Exército Americano "Be All That You Can Be" no final de 1970 e para a industria de bebidas.

A história do plágio de "Dazed and Confused" é um tanto conhecida e conta que Holmes abriu um show do Yardbirds (banda de Jimmy Page antes do Led Zeppelin) em 1967, mesmo ano em que foi registrada por seu autor. Pouco tempo depois o Yardbirds passou a tocar a música, hora com o titulo de “Dazed and Confused”, hora como “I'm Confused" com a letra ligeiramente modificada. Estranhamente apenas em 2010, 40 anos depois da musica ter sido "copiada", Holmes decidiu abrir um processo por plágio contra o Led Zeppelin, reinvidicando um total de quase um milhão de dólares. Claro que em entrevistas, Page, como sempre, tem negado sequer conhecer Holmes.  “Não sei nada sobre isso. Eu nunca havia escutado Jake Holmes, então eu não sei de nada. Geralmente, meus ‘riffs’ são bem originais”, disse o guitarrista. Mas, de acordo com Jim McCarthy, ex-baterista do Yardbirds, Page estava bastante interessado em fazer a gravação da canção com o antigo grupo: “Estávamos decididos a fazer uma versão. Trabalhamos juntos, com Jimmy Page contribuindo com seus riffs de guitarra no meio dela.”, afirmou McCarthy. Entretanto, segundo o jornal "The Guardian", Jake Holmes tem poucas chances de ganhar o caso, pois, segundo as leis britânicas, um músico só pode reivindicar direitos em um período de 3 anos depois de gravada a canção. Holmes declarou: "Aquele foi o momento mais infame de toda a minha vida, quando a canção caiu nas graças de Jimmy Page”.
* "Dazed And Confused" (Do Disco "The Above Ground Sound" -1967)
> "Dazed And Confused" (Faixa 4/Lado A de "Led Zeppelin" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page".
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: - Tiny Bradshaw 
"Train Kept A Rollin'" é considerada a primeira música que o Led Zeppelin tocou, em 1968. A musica não faz parte da discografia oficial da banda, mas aparece em uma série de "bootlegs" de gravações de shows. Em alguns deles, a referência de autoria é da dupla "Page/Plant"). Muitas outras bandas, como Aerosmith, Jeff Beck e Metallica gravaram, mas sempre atribuindo o autor como Bradshaw, que originalmente a gravou em 1951 com a sua “Bradshaw's Big Band”. Mas a história desse plágio remonta a época do Yardbirds. Em 1965 na primeira gravação da musica de Bradshaw, o autor foi creditado corretamente, mas no ano seguinte, quando o cineasta Michelangelo Antonioni chamou o grupo para gravar uma cena no filme "Blow-Up", para evitar os direitos autorais, o vocalista da banda Keith Relf teve a idéia de mudar parte da letra e o nome da música para "Stroll On", nome que aparece também em alguns "piratas" do Led.
* "Train Kept A Rollin'" - (Faixa 6 de "Bradshaw's Big Band" - 1951)
"Train Kept A Rollin'" -  (Faixas diversas em discografia paralela) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page,Plant"
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: - Domínio Público
Muitas das musicas “compostas” por Jimmy Page são de fato de domínio público. Canções criadas ao longo dos tempos por autores anônimos e passadas de boca em boca pelos tempos afora. Algumas já tinha sido apropriadas por outros antes dele, outras foram ”tomadas”  de seus “donos”, sem a menor cerimônia.

* "In My Time Of Dying"
Também conhecida como "Jesus Gonna Make Up My Dying Bed", música de domínio público que tem a primeira referencia de gravação por Blind Willie Johnson (1927). Muitos outros artistas gravaram a musica: Charlie Patton (1929), Josh White (1933), Bob Dylan (1962), John Sebastian (1971), John Fahey (1971).  
* "In My Time Of Dying (Jesus Gonna Make Up My Dying Bed" - Blind Willie Johnson (1927)
> "In My Time Of Dying" - (Faixa 3/Lado 1 de "Physical Graffiti" - 1975) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page, Plant, Jones, Bonham)".
Comentário Geral Para o Tópico "Domínio Público": É o fim da picada. O suprassumo da falta de caráter.
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* "Babe, I'm Gonna Leave You"
É uma música de domínio público que Anne Bredon "adaptou" em 1951 e Joan Baez gravou em 1962 em seu disco "Live In Concert".
* "Babe, I'm Gonna Leave You - ("Joan Baez In Concert" - 1962)
> "Babe I'm Gonna Leave You" -  (Faixa 2/Lado A de "Led Zeppelin" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Anne Bredon, Page, Robert Plant".
Comentário: Alguém pega uma música de domínio público e se coloca como autor, depois outro alguém apanha a mesma música, grava exatamente igual e acrescenta seu nome como co-autor. Que nome daremos a isso? 
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* "White Summer" (Original: "She Moved Through The Fair")
Canção tradicional irlandesa, sendo que a primeira gravação é de Davey Graham, de 1962. Grahan é foi um dos grandes guitarristas ingleses admitidos como grande influência de Page.
* "She Moved Through the Fair" (Davey Graham, de 1962)
> "White Summer"  - As primeiras gravações do Led Zeppelin constam no "bootleg" "White Summer ~ Live 1969", posteriormente foi incluída numa reedição em CD de "Coda", em 1993, num "medley" com "Black Mountain Side", outra canção de domínio público. - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page".
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"Black Mountain Side" 
Canção tradicional, de domínio público. O “riff” principal é igual ao da música "Blackwater Side" de Annie Briggs, que muitos referenciam como sendo a mesma Anne Bredon, "autora" de "Babe I'm Gonna Leave You". Gravada anteriormente por Bert Jansch.
* "Blackwater Side" - (Faixa 7 Do Disco "Jack Orion" de Bert Jansch - 1966)
> "Black Mountain Side" - (Faixa 2/Lado B de "Led Zeppelin" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page".
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 "Gallows Pole" (Original: "Gallis Pole")
É a canção folclórica "The Maid Freed from the Gallows" que teve a  primeira gravação em disco feita por Leadbelly, um dos maiores artistas de Blues americano de todos os tempo, sem 1939 como "Gallis Pole" . Page diz que sua versão foi baseada no cover feito por Fred Gerlach.
* "Gallis Pole" (Compacto 1939)
> "Gallows Pole" (Faixa 1/Lado B de "Led Zeppelin III" - 1970) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page,Plant"
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"How Many More Times"
James Patrick Page, nosso querido e amado Jimmy é realmente um sujeito genial... Genialmente esperto! E nessa ele realmente se superou: pegou partes de quatro musicas diferentes: "How Many More Years" (Howlin' Wolf), "The Hunter" (Albert King), "Beck's Bolero" (Jeff Beck) e finalmente, o nome inteiro e a base de uma musica gravada por Gary Farr & The T-Bones, gravada em 1964. Esta musica também seria também parcialmente surrupiada por Raul Seixas em “Loteria da Babilônia”
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Outras Coisas:
Alguns sites citam ainda outras musicas como sendo "plágios". Embora existam semelhanças entre as musicas citadas, particularmente não enquadraria como "Cópia Infiel", pois credito a influencia pura ou "mera coincidência" em alguns casos e fatores irrelevantes, como apenas arranjo vocal. Mas já que estamos no barco...
- "Thank You" - > "Dear Mr. Fantasy" - Traffic.
- "Black Dog" - > "Oh Well" - Fleetwood Mac.
- "Communication Breakdown" > "Nervous Breakdown" - Eddie Cochran.
- "Tangerine" - "Knowing That I'm Losing You" - The Yardbirds (Nesse caso não tem nada a ver, pois Page era integrante do Yardbirds e ao que se sabe compôs mesmo a musica, apenas trocou o nome quando gravou com o Led.)
- "We're Gonna Groove" - Ben E. King e James Bethea (Também não tem sentido atribuírem a plágio, pois a autoria (em "Coda" está creditada aos autores.)
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Notas Finais: 

Existem muitas matérias a respeito dos plágios do Led Zeppelin, particularmente por seu guitarrista e "compositor" mor. Mesmo no Whiplash. Mas a maioria não cita dados e comete algumas falhas, ao atribuir como autor o cantor, mesmo nos casos de domínio público. Decidi por uma pesquisa mais abrangente e que demonstrasse claramente as "semelhanças". Foram semanas de pesquisa, escrita e edição. Mas o que mais me chama a atenção é que na maior parte dessas listas, o autor acaba escorregando na reverência à banda e "perdoando". Afirmações do tipo "Led fez isso, mas isso não ofusca seu brilho." "Led pode, é intocável!", acaba por me remeter a mesma coisa que escrevi em um artigo anterior sobre o mesmo assunto. E poderíamos então admitir: O Led "rouba mas faz!" É isso?

E pensem, acima de tudo, que o fanatismo, na maioria das vezes destrói não apenas o homem, mas sua obra e por fim o próprio mito. O fanatismo devora a tudo em sua frente, até chegar a seu próprio objeto.

9/9/2012
E não percam: Cópia Infiel – Ato 3 - Ritchie Blackmore & Deep Purple