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11/11/2012

Manifesto Pessoal Antropofágico

Manifesto Pessoal Antropofágico
Barata Cichetto

Comam dos poemas que lhes entrego em belos pratos suculentos
Minha poesia não é comida mas a tenham feito lautos alimentos
Deixe o resto da comida aos porcos pois a conta ninguém lhe cobra
O que lhe farta a outro falta e minha janta do seu almoço é a sobra.

Apanhem cutelos, bocas e outros alimentares instrumentos
E retalhem a melhor parte da minha poesia de tormentos.
Comam da minha poesia num nefasto banquete trágico
Alimento podre consagrado em um altar antropofágico.

Minha cabeça em uma bandeja e uma porção em seus lábios
Comam agora minha poesia indigesta e brindem aos sábios
Entrem no restaurante e comam poesia temperada com solidão
Transformada em carniça, a poesia é dos vermes da podridão.

Ao mendigo um poema entrego e comida seus olhos imploram
O feijão, o pão e o circo são as marcas daqueles que lhe adoram
Ah a poesia, ela é feita com dentes, soluços e abraços
Ela morde meu pescoço e depois cai nos meus braços.

Toda comida que comemos é apenas matéria morta
Apodrecendo o sangue e entupindo a artéria aorta.
Porque é da morte alheia que nós nos alimentamos
E na nossa própria morte em nós nos manietamos.

Não vomitem em meu tapete, não cuspam em meu prato
Estamos mesmo todos mortos, então façamos um trato
Tratem a mim com a indiferença das espécies silenciosas
Eu não lhes mordo e nem cuspo em suas vestes graciosas.

(Do Livro: "Cohena Vive!" 2012 - Registrado Sob Nº. 562.916- 1.073- 473)

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